domingo, 30 de novembro de 2014

Viação Estrella do Norte

No Termo de Obrigação Inicial, de 12 de dezembro de 1932, assinado pelo proprietário da empresa, e também razão social da Viação Estrella do Norte (com dois eles LL), Djalma Pereira Tavares, tendo como sede à Rua Castro Barbosa, nº 22, no Grajaú, assumiu a operação através de “omnibus-automóveis”, da linha Grajahú x Praça Floriano (Conselho Municipal).

A linha tinha o seguinte itinerário: Rua Caravellas com Rua Grajahú, Rua Professor Valladares, Rua Barão de Mesquita, Rua Moraes e Silva, Rua Ibituruna, Rua Mariz e Barros, Praça da Bandeira, Rua Visconde de Itaúna (na ida) e Rua Senador Eusébio (na volta), Rua Marechal Floriano Peixoto, Av. Rio Branco e Praça Floriano Peixoto.

Suas seções eram: da Rua Caravellas à Rua Barão de Mesquita com Rua Uruguay, $200 (duzentos réis); dali à Praça General Portinho, $200 (duzentos réis) e da Praça General Portinho até a Praça Floriano Peixoto, $600 (seiscentos réis), cobrando da Rua Camerino até a Praça Floriano Peixoto, $200 (duzentos réis) e vice-versa. Não havia referências ao preço de passagem direta.

(Jornal do Brasil, 13/12/1932)

Ficha de alumínio da Viação Estrella do Norte

Em 06 de novembro de 1933, através de um Termo Aditivo, é estabelecida uma linha de “ônibus-automóveis” entre Laranjeiras x Praça Mauá, onde foram mantidas as obrigações do termo de 12/12/1932.

Tendo como itinerário, Rua das Laranjeiras, esquina com a Rua Rumânia, Praça Duque de Caxias, Rua Bento Lisboa, Rua Pedro Américo, Rua do Catete, Largo da Glória, Av. Beira-Mar, Av. Rio Branco e Praça Mauá.

Teve como seções: Laranjeiras à Praça Duque de Caxias, $200 (duzentos réis), Praça Duque de Caxias à Praça Marechal Floriano, $200 (duzentos réis) e Praça Marechal Floriano à Praça Mauá, $200 (duzentos réis), sendo a passagem direta, $600 (seiscentos réis) (1).

Não temos a oficialização, através do Termo de Concessão, porém devido aos próximos documentos, tomamos conhecimento da existência de uma linha – Grajahú x Monroe – que foi operada pela empresa, e posteriormente transferida para a Viação Grajahú.

(A   Noite, 10///08/1935)

(Jornal do Brasil, 11/08/1935)

(Jornal do Brasil, 01/10/1935)

Em 1937 a empresa possuía a maior frota da cidade (2).

No incêndio, temos a notícia e confirmação, em 1938, da linha 14 – Leopoldina x Mourisco, que era da Metropolitana, sendo operada pela Estrella do Norte.

(Diário de Notícias, 24/02/1938)

Já em 1941, a frota era de 76 carros, perdendo apenas para a Viação Excelsior, que possuía 114 carros (2).

Como nem tudo são rosas, a empresa que operava linha no bairro chique de Laranjeiras, transfere sua linha para um subúrbio da Leopoldina, o de Brás de Pina.

Conforme o Termo Aditivo de Obrigações, de 11 de março de 1936, a linha Mauá x Laranjeiras foi substituída pela Monroe x Braz de Pina.

Seu itinerário era: Monroe, Av. Rio Branco, Rua Visconde de Inhaúma, Av. Marechal Floriano, Praça da República, Rua Senador Eusébio (na ida), Rua Visconde de Itaúna (na volta), Av. do Mangue, Av. Francisco Bicalho, Rua Francisco Eugênio, Rua São Cristóvão, Av. Pedro Ivo, Quinta da Boa Vista, Rua São Luís Gonzaga, Largo do Pedregulho, Rua D. Ana Néri, Rua Costa Lobo, Rua Licínio Cardoso, Largo de Benfica, Avenida Suburbana, Avenida dos Democráticos, Rua Uranos, Estrada Rio-Petrópolis, até a Estação de Braz de Pina.

E tinha as seções: Monroe a Camerino, $200 (duzentos réis); Monroe à Estação Barão de Mauá, $400 (quatrocentos réis); Estação Barão de Mauá ao Largo da Cancela, $200 (duzentos réis); Largo da Cancela ao Largo de Benfica, $200 (duzentos réis); Largo de Benfica à Estação de Bonsucesso, $200 (duzentos réis); Estação de Bonsucesso à Estação de Ramos, $200 (duzentos réis); Estação de Ramos à Estação da Penha, $200 (duzentos réis) e Estação da Penha à Estação de Braz de Pina, $200 (duzentos réis). E as diretas: Monroe à Estação da Penha, 1$200 (hum mil e duzentos réis) e Estação Barão de Mauá à Estação da Penha, 1$000 (hum mil réis) (3).

Temos aqui um Termo de Prorrogação e Transferência de Autorização, de 19 de março de 1937, onde era prorrogada a licença da empresa por mais um período de 4 anos (a contar de 12/12/1936) e transferida de Djalma Pereira Tavares à Sociedade Cooperativa dos Chauffeurs Proprietários do Rio de Janeiro, na pessoa do Sr. José Simões, seu diretor-presidente. Como seu nome aludia, era uma cooperativa, onde os motoristas eram os proprietários dos veículos. A linha foi mantida como Monroe x Braz de Pina, agora com a numeração 38, assim como o nome fantasia de Viação Estrella do Norte (4).

Agora, já mudando de década, mais exatamente em 1944, encontramos um pequeno recorte que confirma e informa sobre a existência de três linhas da empresa, S21 – Madureira x Estação de Colégio; S23 – Madureira x Penha e S25 – Madureira x Coelho Neto, das quais a S23 seria suspensa temporariamente, em breve.

(O Globo, 10/07/1944)


A seguir um acidente, contendo a imagem do ônibus da empresa envolvido, confirmando a existência da linha S-64 – Penha x Vila Cascatinha.

(A Noite, 07/09/1946)

Dois exemplares de ônibus, mais modernos da empresa em operação – 1948 e 1950 –, circulando nas linhas 37 – Tiradentes x Penha e 98 – Candelária x Vaz Lobo.  

Linha 37 - Tiradentes x Penha, da Viação Estrela do Norte (1948)

Linha 98 - Candelária x Vaz Lobo, da Viação Estrela do Norte (1950)

O próximo recorte comunica a inauguração, em breve, da linha 94 – Candelária x Irajá, tendo como itinerário a Praça Pio X, Av. Presidente Vargas, Avenida Francisco Bicalho, Avenida Brasil, Avenida Paris, Praça das Nações, Rua Cardoso de Morais, Rua Leopoldina Rego, Rua Nicarágua, Rua Guaianazes, Rua Lobo Júnior, Estrada Brás de Pina, Estrada Vicente de Carvalho, Avenida Automóvel Club e Estação de Irajá. Suas seções foram: Candelária a Olaria, Cr$ 2,00 (dois cruzeiros), Hospital do IAPETC ao Irajá, Cr$ 1,50 (um cruzeiro e cinquenta centavos) e inteira, Cr$ 3,00 (três cruzeiros).

(O Globo, 30/03/1950)

Notícia publicada em 1953 dá conta que: “Os ônibus da Estrela do Norte, pertencentes à ex-'Cooperativa de Chauffeurs', hoje Companhia de Transportes Comercial e Importadora, continuam em péssimo estado. As queixas que temos recebido contra as linhas 37 e 36 são constantes, pois esses veículos trafegam superlotados e quase se desmanchando pelo trajeto”. Em seguida eles mencionam um incêndio com um ônibus da linha 38 – Brás de Pina x Praça da Independência, ocorrido 2 dias antes (5).

Verificamos que houve uma troca de razão social na empresa, ocorrida entre 1950 e 1951.

Na matéria a seguir, percebemos a decadência da empresa que faz pouco caso dos passageiros da sua principal linha a 38 – Tiradentes x Brás de Pina, deixando somente “calhambeques” (vejam a foto com o veiculo ampliado), que vira e mexe enguiçam, para atender ao percurso, e desloca os outros para atender a linha Penha x Caxias, provavelmente por ser um itinerário menor.

(Correio da Manhã, 15/06/1957)

Linha 38 - Tiradentes x Brás de Pina, da Viação Estrela do Norte
(Correio da Manhã, 15/06/1957)


Uma greve quase coletiva faz referência provavelmente à última aparição da empresa nos periódicos, 1958. Provavelmente ela acabou. Não sabemos se por falência ou se por perda da sua concessão.

Suas duas linhas restantes, a 38 – Tiradentes x Penha, foi operada posteriormente pela Transportes Escol Ltda. e a Penha x Caxias, pela Transporte Intermunicipal Ltda.

Triste fim de uma grande e tradicional empresa da nossa cidade.

(Diário de Notícias, 04/06/1958)

Linhas operadas (6):

- De 1932 a 1933, Grajahú x Praça Floriano Peixoto;
- De 1933 a 1935, Monroe x Grajahú;
- De 1933 a 1936, Laranjeiras x Praça Mauá;
- De 1945 a 1947, S-21 – Madureira x Colégio, incorporada da Viação Santa Teresa em novembro de 1945;
- De 1945 a 1952, S-22 – Madureira x Irajá, incorporada da Viação Santos Dumont em novembro de 1945;
- De 1945 a 1947, S-23 – Madureira x Penha, incorporada da Viação Santos Dumont em novembro de 1945;
- Em 1945, S-24 – Madureira x Bento Ribeiro, incorporada da Viação Santa Teresa em novembro de 1945;
- Em 1945, S-25 – Madureira x Coelho Neto, incorporada da Viação Santa Teresa em novembro de 1945;
- De 1947 a 1950, S-26 – Madureira x Rocha Miranda;
- De 1941 a 1946, S-64 – Olaria-Penha x Vila Cascatinha, incorporada da Viação Natal em novembro de 1941;
- De 1941 a 1943, S-73 – Penha x R. Dionísio, incorporada da Viação Natal em novembro de 1941;
- De 1941 a 1947, S-74 – Penha x Vila da Penha, incorporada da Viação Natal em novembro de 1941;
- De 1941 a 1948 (quando foi extinta) S-75 – Penha-Parada de Lucas x Duque de Caxias, incorporada da Viação Cruzeiro em novembro de 1941;
- De 1941 a 1957, S-76 – Penha x Parada de Lucas-Vigário Geral-Duque de Caxias, incorporada da Viação Cruzeiro em novembro de 1941;
- De 1941 a 1947, S-78 – Cordovil-Penha x Av. Meriti, incorporada da Viação Natal em novembro de 1941;
- Em 1936, 13 – Monroe x Brás de Pina, mudada para 76, até 1942;
- De 1938 a 1954, 14 – Leopoldina x Mourisco; a partir de novembro de 1941 incorporou a Viação Metropolitana, antes disso operaram em conjunto;
- Em 1934, 15 – Monroe x Grajahú;
- De 1942 a 1953, 36 – Monroe-Praça Tiradentes x Penha;
- De 1942 a 1956, 37 – Monroe-Praça Tiradentes-Candelária x Penha, via São Luiz Gonzaga;
- De 1942 a 1957, 38 – Monroe-Praça Tiradentes x Brás de Pina, substituída pela Escol;
- De 1937 a 1956 (quando foi extinta), 39 – Monroe-Praça Tiradentes x Brás de Pina-Penha;
- Em 1950, 94 – Candelária x Irajá, operada em 1951 e 1952 pela Viação Central;
- Em 1942, 96 – Arsenal da Marinha x Penha;
- Em 1942 e 1943, 97 – Arsenal da Marinha x Penha;
- De 1942 a 1947, 98 – Arsenal da Marinha x Penha;
- De 1942 a 1953, 99 – Arsenal da Marinha-Candelária-Lapa x Brás de Pina-Parada de Lucas-Vigário Geral e
- Em 1958, 143 – Lapa x Penha, posteriormente operada pela Auto Dinâmica, a qual se transformou posteriormente na 332 – Tiradentes x Penha.

Garagens utilizadas (6):

- Sede: Rua Visconde de Itaúna, 341, Centro;
- Rua Guaporé, 256, Brás de Pina;
- Rua Duprat, 5, Estácio;
- Rua Brás de Pina, 148, Penha;
- Rua Marechal Rangel, 957;
- Av. Presidente Vargas, 2683, tel: 32-1191, Centro;
- Rua São Clemente, 71/73, Botafogo;
- Rua General Polidoro, 58, Botafogo;
- Rua Haddock Lobo, 66, Estácio;
- Rua Conde de Bonfim, 255, Tijuca;
- Rua Pereira Nunes, 399, Aldeia Campista;
- Avenida Brás de Pina, 143, Penha (Garagem Estrela do Norte, depois garagem da Transporte Intermunicipal Ltda. e da Viação Central) e
- Rua Ibatã, 41, Vaz Lobo (depois garagem da Federal Auto Ônibus S/A).

Nota: “Quando garoto, no final dos anos 40 e início dos 50, viajei nos ônibus da Estrela do Norte, os Scania Vabis de cabine avançada que faziam a linha Penha – Duque de Caxias, passando pela ‘barreira’ (divisa de estados), localizada em Vigário Geral. Os ônibus eram pintados de verde-seda e o ponto final era na garagem, na Av. Brás de Pina, em uma esquina. Além da garagem existia uma pequena sala de espera, como em uma rodoviária. Afinal de contas... não deixava de ser uma ‘viagem interestadual’ (Distrito Federal – Estado do Rio de Janeiro). Ao chegar de viagem, um funcionário batia nos pneus com um ferro, para saber se estavam cheios e depois colocava água no radiador. Desligar o motor? Nem pensar... a bateria provavelmente não aguentaria o motor de partida. Bons tempos...” (depoimento do historiador Jaime Morais).

Referências:

(1) – Jornal do Brasil, 07/11/1933
(2) – Informações do pesquisador Antonio Sérgio
(3) – Jornal do Brasil, 12/03/1936
(4) – Jornal do Brasil, 20/03/1937, republicado com correções em 21/03
(5) – Jornal do Brasil, 15/01/1953
(6) – Site MILBUS e livro ‘Guerra das Posições na Metrópole’

[Pesquisa de Eduardo Cunha e Claudio Falcão]

6 comentários:

  1. Prezado Eduardo, após um longo período ausente venho aqui deixar alguns comentários sobre essa excelente histórico da Estrela do Norte. Sobre a mesma, em 1937, a empresa possuía a maior frota da cidade. Em 1941, sua frota era de 76 carros, perdendo agora para a Viação Excelsior, com 114 carros. Em novembro do mesmo ano incorpora as seguintes empresas: Viação Natal (S-73 – Penha x Dionízio, S-74 – Penha x Vila da Penha, S-64 – Olaria x Cascatinha e S-78 – Cordovil x Vila Meriti), Viação Cruzeiro (S-75 – Penha x Parada de Lucas e S-76 – Penha x Vigário Geral – Caxias), e Viação Metropolitana (14 – Leopoldina x Mourisco). Em novembro de 1945 mais duas empresas são incorporadas pela Estrela do Norte: a Viação Santa Teresa e a Viação Santos Dumont.Com a aquisição da Santos Dumont recebeu as seguintes concessões: S-22- Madureira x Irajá e S-23 – Madureira x Penha; da Viação Santa Teresa, as linhas S-21 – Madureira x Estação do Colégio, S-24 – Madureira x Bento Ribeiro, S-25 –Madureira x Coelho Neto. A linha 94 – Candelária x Irajá foi operada, entre 1951 e 1952, pela Viação Central. Com o fim da empresa, a Estrela do Norte perde a linha 143 – Lapa x Penha para a Auto Dinâmica, onde se transformou futuramente na 332 – Tiradentes x Penha.Realmente existem os rumores de que a Transporte Escol ficou com a concessão da 38 – Tiradentes x Brás de Pina(futura 334). Forte abraço, Antonio Alves.

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  2. Bom dia Antonio Sérgio, realmente estava sumido, sentimos sua ausência. Grato pelas informações e em breve as alterações serão incluídas e eu avisarei ao pessoa.
    Abraços e não suma.

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  3. Comentário enviado, via email, por Alexandre de Barros, pesquisador e escritor de livros sobre fichas metálicas brasileiras: "Sua pesquisa e realmente extraordinaria e exaustiva! Gostei muito. Quer dizer que este domingo havera outra publicacao no mesmo blog? Vou ficar atento.".

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  4. Alexandre, grato pelo comentário elogioso ao nosso trabalho no blog. Espero que continue nos incentivando, através das suas visitas.

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  5. Só quero aplaudir................... Impecável!!!!! A Escol de fato assumiu a dita linha 38, vindo a sucumbir em 25/02/1965 quando a referida linha já teria mudado para o nº para 334. A empresa que viria a assumir esta tradicional linha foi a Transp Esperança...

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    1. Grato Prazs, pela visita e elogio. Só falta incluir a tua documentação e alterar a data para 1945. Valeu.

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