domingo, 2 de novembro de 2014

Independência Auto Omnibus (II)

Nota do editor: Estamos considerando essa Independência Auto Omnibus como sendo a segunda existente, devido a algumas considerações, que a seguir explicamos:

1. Temos a comprovação, através da publicação do livro da Light, que em 15 de março de 1929 a concessão da linha operada pela Independência Auto Omnibus (I) foi transferida para a Viação Excelsior, propriedade da Light. Por concessão entendemos a(s) linha(s) explorada(s), no caso Praça Barão de Drummond (Praça 7 de Março) x Palácio Monroe. Nesse raciocínio, podemos interpretar que a empresa, como um todo, foi comprada, incluindo seus equipamentos, ou também que não foi comprada, só ficaram com a concessão da linha. Até, de alguma forma, por que a Excelsior não utilizava modelos de ônibus diferentes dos dois padrões dela, “jacaré” e “chopp duplo”.

2. Adicionalmente, não localizamos nenhuma informação documentada que comprove a fundação de uma nova empresa chamada Independência Auto Omnibus ou um Termo de Obrigação para exploração de outra linha, que pudéssemos comprovar ser o mesmo proprietário da primeira, Sr. N. Guerrera.

3. Por esses motivos citados optamos, até que possamos comprovar em contrário, considerar uma segunda empresa, visto ela só ter surgido em 1930. 

Nossa matéria começa com uma ocorrência de 05 de setembro de 1932, através de um Despacho do Inspetor de Concessões, que foi indeferido (1).

Através de outra ocorrência, encontramos um Termo de Obrigações, de 24 de março de 1936, prorrogando e transferindo a licença da linha Monroe x Lins de Vasconcelos, da Independência Auto Omnibus, para o Sr. J. Bento Ferreira, nova razão social da empresa. A prorrogação dada era para quatro anos, a contar de 29 de dezembro de 1934, data do término da licença anterior.

O itinerário respeitava os seguintes locais: Monroe, Av. Rio Branco, Rua Visconde de Inhaúma, Av. Marechal Floriano, Praça da República, Rua Senador Eusébio (ida), Rua Visconde de Itaúna (volta), Av. do Mangue, Av. Lauro Müller, Praça da Bandeira, Rua Mariz e Barros, Rua São Francisco Xavier, Av. 28 de Setembro, Praça Barão de Drummond, Rua Visconde de Santa Isabel, Rua Barão do Bom Retiro, Rua Dona Romana e Rua Cabuçu, até a esquina da Rua Lins de Vasconcelos. Esta seria a futura linha 16.

E tinha o seguinte seccionamento: Monroe x Camerino, $200 (duzentos réis); Monroe x Afonso Pena, $600 (seiscentos réis); Afonso Pena x Praça Barão de Drummond, $400 (quatrocentos réis) e Praça Barão de Drummond x Lins de Vasconcelos, $200 (duzentos réis). Já as diretas, Monroe x Praça Barão de Drummond, $800 (oitocentos réis) e Monroe x Lins de Vasconcelos, 1$000 (hum mil réis) (2).

Aqui temos a explicação para a afirmativa dada no item 3, da Nota do Editor, onde dissemos que ela surgiu em 1930. Naquela época, as concessões eram permitidas para cada quatro anos. Se essa concessão está sendo dada em 36, referente à de 29 de dezembro de 1934, ela vale em 34, 35, 36 e 37. A anterior que foi prorrogada valia em 30, 31, 32 e 33. Continuando a supor que esta seja a segunda Independência Auto Omnibus, seu surgimento foi em 1930.    

As matérias e a foto a seguir, apesar de em uma delas haver referência ao nome errado da empresa, tratam de vários acidentes da Independência. Os motoristas adoravam causar fortes emoções aos seus passageiros, com os seus “calhambeques voadores”.

(O Paiz, 16/03/1934)

(Correio da Manhã, 17/03/1936)

(Diário da Noite, 02/08/1937)

Aqui a empresa troca a sua razão social de J. Bento Ferreira para Independência Auto Ônibus Ltda., mantendo a mesma linha, Monroe x Lins de Vasconcelos, agora já com o número novo 24.

(Jornal do Brasil, 21/12/1937)

Imagem de uma ficha da empresa, já com a nova razão social.


As próximas quatro matérias retratam mais outras três batidas envolvendo os ônibus da Independência, para encerrar a década de 30.

(Diário Carioca, 28/10/1938)

(A Noite, 07/08/1939)

(Diário da Noite, 07/08/1939)

(Correio da Manhã, 08/08/1939)

E para iniciar a década de 40, mantendo as tradições, três outros acidentes.

(O Imparcial, 25/10/1940)

(A Noite, 23/07/1941)

(A Noite, 20/07/1944)

Em notícia divulgada no periódico ‘A Noite’, anuncia-se que a partir de 24 de maio de 1947, seria inaugurada a linha 104 – Praça Sete x Jóquei Clube - Ipanema.

Seu itinerário seguia os seguintes locais: Praça Barão de Drummond (Praça 7), Av. 28 de Setembro, Rua São Francisco Xavier, Rua Haddock Lobo, Rua Machado Coelho, Av. Presidente Vargas, Av. Rio Branco, Praça Paris, Praias do Flamengo e de Botafogo, Rua Voluntários da Pátria, Largo e Rua do Humaitá, Jardim Botânico, Praça Artur Bernardes (Jóquei Clube), Rua Dias Ferreira, Av. Bartolomeu Mitre e Av. Ataulfo de Paiva. No regresso o itinerário ocorria pela Rua Uruguaiana.   

Atentem que nessa época a Av. Presidente Vargas, já estava liberada para o tráfego.

(A Noite, 22/05/1947)

Os ônibus que serviram a 104 eram GM zero quilômetro, importados pela Prefeitura do Distrito Federal, vendidos à empresa e tinham lotação para 80 passageiros.

A pergunta que não quer calar: Será que trocaram também os motoristas?

(Diário Carioca, 22/05/1947)

(A Noite, 23/05/1947)

Uma bela imagem de um GM Coach, no litoral carioca ainda sem o Aterro do Flamengo, operando na linha 106 – Lins de Vasconcelos x Urca.

Ônibus da linha 106 - Lins de Vasconcelos x Urca, da IAOL

Pelo que vemos, pelo menos em três casos, os motoristas não foram devidamente ensinados, com os ônibus novos, nas linhas 84 e 106. O quarto caso provavelmente foi um curto circuito, que causou um princípio de incêndio no veículo.

Ônibus da linha 84, da IAOL - 1952

(Gazeta de Notícias, 18/04/1952)

(Diário da Noite, 04/08/1954)


O informe a seguir, convoca para um Leilão Judicial da massa falida da Independência Auto Ônibus Ltda.

Percebe-se que nessa época a garagem da empresa era na Rua Aquidabã, 654 – antigo 168, no Lins Vasconcelos e que não havia nenhum ônibus participando do leilão, o que nos leva a considerar que os mesmos tenham sido vendidos, provavelmente para sua sucessora na linha 106, a ETAL.

(O Jornal, agosto/1957)

Há uma informação que constata a falência, que só foi reconhecida pelos órgãos oficiais em 1959. Vejam a nota na coluna a seguir.

(Correio da Manhã, 19/05/1959)

Resumo das linhas operadas pela Independência:

- 16 – Monroe x Lins Vasconcelos (Independência), 1934 a 1937
- 24 – Monroe x Lins de Vasconcelos (Independência e Popular), 1937 a 1942
- 84 e 85 – Lins Vasconcelos x Largo de Santa Rita (Popular e Independência), 1942 a 1953
- 86 – Eng. Novo x Lapa/Urca (Independência), 1956 a 1958
- 90 – Largo Sta. Rita x Lins (Independência/14), 1947 a 1948
- 104 – Praça Barão de Drummond-Jockey Club-Ipanema-Gal. Osório-Lido (Independência/14) 1947 a 1952
- 106 – Lins x Urca (Independência/?), 1952 a 1958

[informações do site MILBUS e Livro ‘Guerra das Posições na Metrópole’.]

Resumo das razões sociais da Independência:

- De 1930 a 1934 è desconhecida;
- De 1934 a 1937 è J. Bento Ferreira e
- De 1942 a 1959 è Independência Auto Ônibus Ltda.

[informações do site MILBUS, Livro ‘Guerra das Posições na Metrópole’ e PDF.]

Referências:

(1) – Jornal do Brasil, 06/09/1932.
(2) – Jornal do Brasil, 27/03/1936.

[Pesquisa de Eduardo Cunha e Claudio Falcão]

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