Nota do editor: Estamos considerando
essa Independência Auto Omnibus como sendo a segunda existente, devido a
algumas considerações, que a seguir explicamos:
1. Temos
a comprovação, através da publicação do livro da Light, que em 15 de março de
1929 a concessão da linha operada pela Independência Auto Omnibus (I) foi
transferida para a Viação Excelsior, propriedade da Light. Por concessão
entendemos a(s) linha(s) explorada(s), no caso Praça Barão de Drummond (Praça 7
de Março) x Palácio Monroe. Nesse raciocínio, podemos interpretar que a
empresa, como um todo, foi comprada, incluindo seus equipamentos, ou também que
não foi comprada, só ficaram com a concessão da linha. Até, de alguma forma,
por que a Excelsior não utilizava modelos de ônibus diferentes dos dois padrões
dela, “jacaré” e “chopp duplo”.
2. Adicionalmente,
não localizamos nenhuma informação documentada que comprove a fundação de uma
nova empresa chamada Independência Auto Omnibus ou um Termo de Obrigação para exploração
de outra linha, que pudéssemos comprovar ser o mesmo proprietário da primeira,
Sr. N. Guerrera.
3. Por
esses motivos citados optamos, até que possamos comprovar em contrário,
considerar uma segunda empresa, visto ela só ter surgido em 1930.
Nossa matéria
começa com uma ocorrência de 05 de setembro de 1932, através de um Despacho do Inspetor de Concessões, que foi
indeferido (1).
Através de outra
ocorrência, encontramos um Termo de Obrigações, de 24 de março de 1936,
prorrogando e transferindo a licença da linha Monroe x Lins de Vasconcelos, da
Independência Auto Omnibus, para o Sr. J. Bento Ferreira, nova razão social da
empresa. A prorrogação dada era para quatro anos, a contar de 29 de dezembro de
1934, data do término da licença anterior.
O itinerário respeitava
os seguintes locais: Monroe, Av. Rio Branco, Rua Visconde de Inhaúma, Av.
Marechal Floriano, Praça da República, Rua Senador Eusébio (ida), Rua Visconde
de Itaúna (volta), Av. do Mangue, Av. Lauro Müller, Praça da Bandeira, Rua
Mariz e Barros, Rua São Francisco Xavier, Av. 28 de Setembro, Praça Barão de
Drummond, Rua Visconde de Santa Isabel, Rua Barão do Bom Retiro, Rua Dona
Romana e Rua Cabuçu, até a esquina da Rua Lins de Vasconcelos. Esta seria a
futura linha 16.
E tinha o
seguinte seccionamento: Monroe x Camerino, $200 (duzentos réis); Monroe x Afonso
Pena, $600 (seiscentos réis); Afonso Pena x Praça Barão de Drummond, $400
(quatrocentos réis) e Praça Barão de Drummond x Lins de Vasconcelos, $200
(duzentos réis). Já as diretas, Monroe x Praça Barão de Drummond, $800
(oitocentos réis) e Monroe x Lins de Vasconcelos, 1$000 (hum mil réis) (2).
Aqui temos a
explicação para a afirmativa dada no item 3, da Nota do Editor, onde dissemos
que ela surgiu em 1930. Naquela época, as concessões eram permitidas para cada
quatro anos. Se essa concessão está sendo dada em 36, referente à de 29 de
dezembro de 1934, ela vale em 34, 35, 36 e 37. A anterior que foi prorrogada
valia em 30, 31, 32 e 33. Continuando a supor que esta seja a segunda
Independência Auto Omnibus, seu surgimento foi em 1930.
As matérias e a
foto a seguir, apesar de em uma delas haver referência ao nome errado da
empresa, tratam de vários acidentes da Independência. Os motoristas adoravam
causar fortes emoções aos seus passageiros, com os seus “calhambeques
voadores”.
(O Paiz, 16/03/1934) |
(Correio da Manhã, 17/03/1936) |
(Diário da Noite, 02/08/1937) |
Aqui a empresa troca
a sua razão social de J. Bento Ferreira para Independência Auto Ônibus Ltda.,
mantendo a mesma linha, Monroe x Lins de Vasconcelos, agora já com o número
novo 24.
(Jornal do Brasil, 21/12/1937) |
Imagem de uma
ficha da empresa, já com a nova razão social.
As próximas quatro
matérias retratam mais outras três batidas envolvendo os ônibus da
Independência, para encerrar a década de 30.
(Diário Carioca, 28/10/1938) |
(A Noite, 07/08/1939) |
(Diário da Noite, 07/08/1939) |
(Correio da Manhã, 08/08/1939) |
E para iniciar a
década de 40, mantendo as tradições, três outros acidentes.
(O Imparcial, 25/10/1940) |
(A Noite, 23/07/1941) |
(A Noite, 20/07/1944) |
Em notícia
divulgada no periódico ‘A Noite’, anuncia-se que a partir de 24 de maio de 1947,
seria inaugurada a linha 104 – Praça Sete x Jóquei Clube - Ipanema.
Seu itinerário
seguia os seguintes locais: Praça Barão de Drummond (Praça 7), Av. 28 de
Setembro, Rua São Francisco Xavier, Rua Haddock Lobo, Rua Machado Coelho, Av.
Presidente Vargas, Av. Rio Branco, Praça Paris, Praias do Flamengo e de
Botafogo, Rua Voluntários da Pátria, Largo e Rua do Humaitá, Jardim Botânico,
Praça Artur Bernardes (Jóquei Clube), Rua Dias Ferreira, Av. Bartolomeu Mitre e
Av. Ataulfo de Paiva. No regresso o itinerário ocorria pela Rua Uruguaiana.
Atentem que nessa
época a Av. Presidente Vargas, já estava liberada para o tráfego.
(A Noite, 22/05/1947) |
Os ônibus que
serviram a 104 eram GM zero quilômetro, importados pela Prefeitura do Distrito
Federal, vendidos à empresa e tinham lotação para 80 passageiros.
A pergunta que
não quer calar: Será que trocaram também os motoristas?
(Diário Carioca, 22/05/1947) |
(A Noite, 23/05/1947) |
Uma bela imagem
de um GM Coach, no litoral carioca ainda sem o Aterro do Flamengo, operando na
linha 106 – Lins de Vasconcelos x Urca.
Ônibus da linha 106 - Lins de Vasconcelos x Urca, da IAOL |
Pelo que vemos,
pelo menos em três casos, os motoristas não foram devidamente ensinados, com os
ônibus novos, nas linhas 84 e 106. O quarto caso provavelmente foi um curto circuito,
que causou um princípio de incêndio no veículo.
Ônibus da linha 84, da IAOL - 1952 |
(Gazeta de Notícias, 18/04/1952) |
(Diário da Noite, 04/08/1954) |
O informe a
seguir, convoca para um Leilão Judicial da massa falida da Independência Auto
Ônibus Ltda.
Percebe-se que
nessa época a garagem da empresa era na Rua Aquidabã, 654 – antigo 168, no Lins
Vasconcelos e que não havia nenhum ônibus participando do leilão, o que nos
leva a considerar que os mesmos tenham sido vendidos, provavelmente para sua
sucessora na linha 106, a ETAL.
(O Jornal, agosto/1957) |
Há uma informação
que constata a falência, que só foi reconhecida pelos órgãos oficiais em 1959. Vejam a nota na coluna a seguir.
(Correio da Manhã, 19/05/1959) |
Resumo das
linhas operadas pela Independência:
- 16 – Monroe x Lins
Vasconcelos (Independência), 1934 a 1937
- 24 – Monroe x Lins de
Vasconcelos (Independência e Popular), 1937 a 1942
- 84 e 85 – Lins
Vasconcelos x Largo de Santa Rita (Popular e Independência), 1942 a 1953
- 86 – Eng. Novo x
Lapa/Urca (Independência), 1956 a 1958
- 90 – Largo Sta. Rita
x Lins (Independência/14), 1947 a 1948
- 104 – Praça Barão de
Drummond-Jockey Club-Ipanema-Gal. Osório-Lido (Independência/14) 1947 a 1952
- 106 – Lins x Urca
(Independência/?), 1952 a 1958
[informações do site MILBUS e Livro ‘Guerra das Posições
na Metrópole’.]
Resumo das
razões sociais da Independência:
- De 1930 a 1934 è desconhecida;
- De 1934 a 1937 è J. Bento
Ferreira e
- De 1942 a 1959 è Independência
Auto Ônibus Ltda.
[informações do site MILBUS, Livro ‘Guerra das Posições
na Metrópole’ e PDF.]
Referências:
(1) – Jornal do
Brasil, 06/09/1932.
(2) – Jornal do
Brasil, 27/03/1936.
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