No Termo de Obrigação Inicial, de 12 de dezembro de 1932,
assinado pelo proprietário da empresa, e também razão social da Viação Estrella
do Norte (com dois eles – LL), Djalma Pereira Tavares, tendo como sede à Rua Castro
Barbosa, nº 22, no Grajaú, assumiu a operação através de “omnibus-automóveis”,
da linha Grajahú x Praça Floriano (Conselho Municipal).
A linha tinha o seguinte itinerário: Rua Caravellas com Rua
Grajahú, Rua Professor Valladares, Rua Barão de Mesquita, Rua Moraes e Silva,
Rua Ibituruna, Rua Mariz e Barros, Praça da Bandeira, Rua Visconde de Itaúna
(na ida) e Rua Senador Eusébio (na volta), Rua Marechal Floriano Peixoto, Av.
Rio Branco e Praça Floriano Peixoto.
Suas seções eram: da Rua Caravellas à Rua Barão de Mesquita
com Rua Uruguay, $200 (duzentos réis); dali à Praça General Portinho, $200
(duzentos réis) e da Praça General Portinho até a Praça Floriano Peixoto, $600
(seiscentos réis), cobrando da Rua Camerino até a Praça Floriano Peixoto, $200
(duzentos réis) e vice-versa. Não havia referências ao preço de passagem direta.
(Jornal do Brasil, 13/12/1932) |
Ficha de alumínio da Viação Estrella do Norte |
Em 06 de novembro de 1933, através de um Termo Aditivo, é estabelecida uma linha de “ônibus-automóveis” entre Laranjeiras x Praça Mauá, onde foram mantidas as obrigações do termo de 12/12/1932.
Tendo como
itinerário, Rua das Laranjeiras, esquina com a Rua Rumânia, Praça Duque de
Caxias, Rua Bento Lisboa, Rua Pedro Américo, Rua do Catete, Largo da Glória,
Av. Beira-Mar, Av. Rio Branco e Praça Mauá.
Teve como seções:
Laranjeiras à Praça Duque de Caxias, $200 (duzentos réis), Praça Duque de Caxias à Praça Marechal
Floriano, $200 (duzentos réis)
e Praça Marechal Floriano à Praça Mauá, $200 (duzentos réis), sendo a passagem direta, $600 (seiscentos réis) (1).
Não temos a
oficialização, através do Termo de Concessão, porém devido aos próximos
documentos, tomamos conhecimento da existência de uma linha – Grajahú x Monroe
– que foi operada pela empresa, e posteriormente transferida para a Viação
Grajahú.
(A Noite, 10///08/1935) |
(Jornal do Brasil, 11/08/1935) |
(Jornal do Brasil, 01/10/1935) |
Em 1937 a empresa possuía a maior frota da cidade (2).
No incêndio, temos a notícia e confirmação, em 1938, da linha 14 – Leopoldina x Mourisco, que era da Metropolitana, sendo operada pela Estrella do Norte.
No incêndio, temos a notícia e confirmação, em 1938, da linha 14 – Leopoldina x Mourisco, que era da Metropolitana, sendo operada pela Estrella do Norte.
(Diário de Notícias, 24/02/1938) |
Já em 1941, a frota era de 76 carros, perdendo apenas para a Viação Excelsior, que possuía 114 carros (2).
Como nem tudo são rosas, a empresa que operava linha no bairro chique de Laranjeiras, transfere sua linha para um subúrbio da Leopoldina, o de Brás de Pina.
Como nem tudo são rosas, a empresa que operava linha no bairro chique de Laranjeiras, transfere sua linha para um subúrbio da Leopoldina, o de Brás de Pina.
Conforme o Termo
Aditivo de Obrigações, de 11 de março de 1936, a linha Mauá x Laranjeiras foi
substituída pela Monroe x Braz de Pina.
Seu itinerário
era: Monroe, Av. Rio Branco, Rua Visconde de Inhaúma, Av. Marechal Floriano,
Praça da República, Rua Senador Eusébio (na ida), Rua Visconde de Itaúna (na
volta), Av. do Mangue, Av. Francisco Bicalho, Rua Francisco Eugênio, Rua São
Cristóvão, Av. Pedro Ivo, Quinta da Boa Vista, Rua São Luís Gonzaga, Largo do
Pedregulho, Rua D. Ana Néri, Rua Costa Lobo, Rua Licínio Cardoso, Largo de
Benfica, Avenida Suburbana, Avenida dos Democráticos, Rua Uranos, Estrada
Rio-Petrópolis, até a Estação de Braz de Pina.
E tinha as seções:
Monroe a Camerino, $200 (duzentos
réis); Monroe à Estação Barão de Mauá, $400 (quatrocentos réis); Estação Barão de Mauá ao Largo
da Cancela, $200 (duzentos réis);
Largo da Cancela ao Largo de Benfica, $200 (duzentos réis); Largo de Benfica à Estação de
Bonsucesso, $200 (duzentos réis);
Estação de Bonsucesso à Estação de Ramos, $200 (duzentos réis); Estação de Ramos à Estação da Penha,
$200 (duzentos réis) e
Estação da Penha à Estação de Braz de Pina, $200 (duzentos réis). E as diretas: Monroe à Estação da
Penha, 1$200 (hum mil e duzentos
réis) e Estação Barão de Mauá à Estação da Penha, 1$000 (hum mil réis) (3).
Temos aqui um Termo
de Prorrogação e Transferência de Autorização, de 19 de março de 1937, onde era
prorrogada a licença da empresa por mais um período de 4 anos (a contar de
12/12/1936) e transferida de Djalma Pereira
Tavares à Sociedade Cooperativa dos Chauffeurs Proprietários do Rio de Janeiro,
na pessoa do Sr. José Simões, seu diretor-presidente. Como seu nome aludia, era
uma cooperativa, onde os motoristas eram os proprietários dos veículos. A linha
foi mantida como Monroe x Braz de Pina, agora com a numeração 38, assim como o
nome fantasia de Viação Estrella do Norte (4).
Agora, já
mudando de década, mais exatamente em 1944, encontramos um pequeno recorte que
confirma e informa sobre a existência de três linhas da empresa, S21 –
Madureira x Estação de Colégio; S23 – Madureira x Penha e S25 – Madureira x
Coelho Neto, das quais a S23 seria suspensa temporariamente, em breve.
(O Globo, 10/07/1944) |
A seguir um acidente, contendo a imagem do ônibus da empresa envolvido, confirmando a existência da linha S-64 – Penha x Vila Cascatinha.
(A Noite, 07/09/1946) |
Dois exemplares
de ônibus, mais modernos da empresa em operação – 1948 e 1950 –, circulando nas
linhas 37 – Tiradentes x Penha e 98 – Candelária x Vaz Lobo.
Linha 37 - Tiradentes x Penha, da Viação Estrela do Norte (1948) |
Linha 98 - Candelária x Vaz Lobo, da Viação Estrela do Norte (1950) |
O próximo recorte
comunica a inauguração, em breve, da linha 94 – Candelária x Irajá, tendo como
itinerário a Praça Pio X, Av. Presidente Vargas, Avenida Francisco Bicalho,
Avenida Brasil, Avenida Paris, Praça das Nações, Rua Cardoso de Morais, Rua
Leopoldina Rego, Rua Nicarágua, Rua Guaianazes, Rua Lobo Júnior, Estrada Brás
de Pina, Estrada Vicente de Carvalho, Avenida Automóvel Club e Estação de
Irajá. Suas seções foram: Candelária a Olaria, Cr$ 2,00 (dois cruzeiros),
Hospital do IAPETC ao Irajá, Cr$ 1,50 (um cruzeiro e cinquenta centavos) e inteira,
Cr$ 3,00 (três cruzeiros).
(O Globo, 30/03/1950) |
Notícia
publicada em 1953 dá conta que: “Os ônibus da Estrela do Norte, pertencentes à
ex-'Cooperativa de Chauffeurs', hoje Companhia de Transportes Comercial e
Importadora, continuam em péssimo estado. As queixas que temos recebido contra
as linhas 37 e 36 são constantes, pois esses veículos trafegam superlotados e
quase se desmanchando pelo trajeto”. Em seguida eles mencionam um
incêndio com um ônibus da linha 38 – Brás de Pina x Praça da
Independência, ocorrido 2 dias antes (5).
Verificamos que
houve uma troca de razão social na empresa, ocorrida entre 1950 e 1951.
Na matéria a
seguir, percebemos a decadência da empresa que faz pouco caso dos passageiros
da sua principal linha a 38 – Tiradentes x Brás de Pina, deixando somente “calhambeques”
(vejam a foto com o veiculo ampliado), que vira e mexe enguiçam, para atender
ao percurso, e desloca os outros para atender a linha Penha x Caxias,
provavelmente por ser um itinerário menor.
(Correio da Manhã, 15/06/1957) |
Linha 38 - Tiradentes x Brás de Pina, da Viação Estrela do Norte (Correio da Manhã, 15/06/1957) |
Uma greve quase coletiva faz referência provavelmente à última aparição da empresa nos periódicos, 1958. Provavelmente ela acabou. Não sabemos se por falência ou se por perda da sua concessão.
Suas duas linhas
restantes, a 38 – Tiradentes x Penha, foi operada posteriormente pela Transportes
Escol Ltda. e a Penha x Caxias, pela Transporte Intermunicipal Ltda.
Triste fim de
uma grande e tradicional empresa da nossa cidade.
(Diário de Notícias, 04/06/1958) |
Linhas operadas (6):
- De 1932 a 1933, Grajahú
x Praça Floriano Peixoto;
- De 1933 a 1935,
Monroe x Grajahú;
- De 1933 a 1936,
Laranjeiras x Praça Mauá;
- De 1945 a 1947, S-21
– Madureira x Colégio, incorporada da Viação Santa Teresa em novembro de 1945;
- De 1945 a 1952, S-22
– Madureira x Irajá, incorporada da Viação Santos Dumont em novembro de 1945;
- De 1945 a 1947, S-23
– Madureira x Penha, incorporada da Viação Santos Dumont em novembro de 1945;
- Em 1945, S-24 –
Madureira x Bento Ribeiro, incorporada da Viação Santa Teresa em novembro de 1945;
- Em 1945, S-25 –
Madureira x Coelho Neto, incorporada da Viação Santa Teresa em novembro de 1945;
- De 1947 a 1950, S-26
– Madureira x Rocha Miranda;
- De 1941 a 1946, S-64
– Olaria-Penha x Vila Cascatinha, incorporada da Viação Natal em novembro de 1941;
- De 1941 a 1943, S-73
– Penha x R. Dionísio, incorporada da Viação Natal em novembro de 1941;
- De 1941 a 1947, S-74
– Penha x Vila da Penha, incorporada da Viação Natal em novembro de 1941;
- De 1941 a 1948
(quando foi extinta) S-75 – Penha-Parada de Lucas x Duque de Caxias, incorporada da Viação Cruzeiro em novembro de 1941;
- De 1941 a 1957, S-76
– Penha x Parada de Lucas-Vigário Geral-Duque de Caxias, incorporada da Viação Cruzeiro em novembro de 1941;
- De 1941 a 1947, S-78
– Cordovil-Penha x Av. Meriti, incorporada da Viação Natal em novembro de 1941;
- Em 1936, 13 – Monroe
x Brás de Pina, mudada para 76, até 1942;
- De 1938 a 1954, 14 –
Leopoldina x Mourisco; a partir de novembro de 1941 incorporou a Viação Metropolitana, antes disso operaram em conjunto;
- Em 1934, 15 – Monroe
x Grajahú;
- De 1942 a 1953, 36 –
Monroe-Praça Tiradentes x Penha;
- De 1942 a 1956, 37 –
Monroe-Praça Tiradentes-Candelária x Penha, via São Luiz Gonzaga;
- De 1942 a 1957, 38 –
Monroe-Praça Tiradentes x Brás de Pina, substituída pela Escol;
- De 1937 a 1956
(quando foi extinta), 39 – Monroe-Praça Tiradentes x Brás de Pina-Penha;
- Em 1950, 94 –
Candelária x Irajá, operada em 1951 e 1952 pela Viação Central;
- Em 1942, 96 – Arsenal
da Marinha x Penha;
- Em 1942 e 1943, 97 –
Arsenal da Marinha x Penha;
- De 1942 a 1947, 98 –
Arsenal da Marinha x Penha;
- De 1942 a 1953, 99 –
Arsenal da Marinha-Candelária-Lapa x Brás de Pina-Parada de Lucas-Vigário Geral e
- Em 1958, 143 – Lapa x
Penha, posteriormente operada pela Auto Dinâmica, a qual se transformou posteriormente na 332 – Tiradentes x Penha.
Garagens
utilizadas (6):
- Sede: Rua Visconde de
Itaúna, 341, Centro;
- Rua Guaporé, 256,
Brás de Pina;
- Rua Duprat, 5,
Estácio;
- Rua Brás de Pina, 148,
Penha;
- Rua Marechal Rangel,
957;
- Av. Presidente Vargas,
2683, tel: 32-1191, Centro;
- Rua São Clemente,
71/73, Botafogo;
- Rua General Polidoro,
58, Botafogo;
- Rua Haddock Lobo, 66,
Estácio;
- Rua Conde de Bonfim,
255, Tijuca;
- Rua Pereira Nunes,
399, Aldeia Campista;
- Avenida Brás de Pina,
143, Penha (Garagem Estrela do Norte, depois garagem da Transporte Intermunicipal
Ltda. e da Viação Central) e
- Rua Ibatã, 41, Vaz
Lobo (depois garagem da Federal Auto Ônibus S/A).
Nota: “Quando garoto,
no final dos anos 40 e início dos 50, viajei nos ônibus da Estrela do Norte, os
Scania Vabis de cabine avançada que
faziam a linha Penha – Duque de Caxias, passando pela ‘barreira’ (divisa de
estados), localizada em Vigário Geral. Os ônibus eram pintados de verde-seda e
o ponto final era na garagem, na Av. Brás de Pina, em uma esquina. Além da
garagem existia uma pequena sala de espera, como em uma rodoviária. Afinal de
contas... não deixava de ser uma ‘viagem interestadual’ (Distrito Federal –
Estado do Rio de Janeiro). Ao chegar de viagem, um funcionário batia nos pneus
com um ferro, para saber se estavam cheios e depois colocava água no radiador.
Desligar o motor? Nem pensar... a bateria provavelmente não aguentaria o motor
de partida. Bons tempos...” (depoimento do historiador Jaime Morais).
Referências:
(1) – Jornal do Brasil,
07/11/1933
(2) – Informações do pesquisador Antonio Sérgio
(3) – Jornal do Brasil, 12/03/1936
(3) – Jornal do Brasil, 12/03/1936
(4) – Jornal do Brasil,
20/03/1937, republicado com correções em 21/03
(5) – Jornal do Brasil,
15/01/1953
(6) – Site MILBUS e livro ‘Guerra das Posições
na Metrópole’
[Pesquisa de Eduardo
Cunha e Claudio Falcão]