Antes mesmo do
Termo de Obrigação ter sido assinado, temos um recorte informando da
apresentação dos ônibus e inauguração da linha, na época 10 , Central x
Balneário da Urca, operada pela Viação Elite.
Sua fundação foi
em 20 de julho de 1933, tendo a garagem na Tv. das Partilhas, s/n (Centro,
atual Costa Ferreira).
(Diário da Noite, 08/05/1933) |
E também antes
da assinatura, um acidente com um dos seus veículos na Praia do Flamengo.
(A Noite, 17/06/1933) |
Quando da
assinatura, em 12 de julho de 1933, Roberto J. Schmidt, razão social da Viação Elite,
assinava junto à Inspetoria de Concessões da PDF, termo de obrigação,
comprometendo-se a estabelecer um serviço regular de transporte de passageiros para
a linha Estação Central da E.F.C.B. x Balneário da Urca.
O itinerário
era: Estação Central, Rua Marechal Floriano, Rua Visconde de Inhaúma, Av. Rio
Branco, Av. Beira Mar (Praias do Russell, Flamengo e Botafogo), Av. Pasteur,
Rua Ramon Franco, Rua Marechal Cantuária, fazendo ponto terminal na praça
existente no cruzamento da Rua Irineu Marinho com a Rua Octavio Corrêa.
E suas seções: Estrada
de Ferro ao Monroe, $300 (trezentos réis); Rua Camerino ao Monroe, $200
(duzentos réis); Rua Camerino ao Pavilhão Mourisco, $600 (seiscentos réis);
Monroe ao Pavilhão Mourisco, $400 (quatrocentos réis); Pavilhão Mourisco ao
Balneário da Urca, $200 (duzentos réis) e direta, $800 (oitocentos réis).
A garagem era na
Rua Gonzaga Bastos, nº 58, na Vila Isabel (1).
Essa mesma informação
é noticiada, conforme matéria abaixo, em outro jornal, na mesma data.
(Diário da Noite, 14/07/1933) |
Após alguns
meses da inauguração, ocorre a primeiro termo de transferência, em 08 de
setembro de 1933, de Roberto J. Schmidt para R. Schmidt & Cia.
(representantes: Roberto J. Schmidt, Affonso do Amaral Rosas e Mário do Amaral
Rosas) (2).
Uma segunda
garagem é identificada à Rua Moncorvo Filho, nº 35, no Centro.
(Diário Carioca, 28/06/1935) |
Uma terceira
“garagem” é identificada, na Rua Muniz Barreto, também nº 35, em Botafogo, se é
que pode e/ou deve ser chamada de garagem, conforme mostra a imagem do local,
que além das reclamações dos vizinhos, há também a falta de higiene e o descaso
dos órgãos competentes.
(Diário de Notícias, 04/09/1936) |
Duas
informações, supostamente iguais, porém em dois jornais diferentes e com
informações contraditórias em relação às linhas e o número do ônibus, além da
linha do bonde, referentes a uma batida entre ambos os veículos.
(A Noite, 15/04/1937) |
(Diário da Noite, 15/04/1937) |
Supostamente a
década de 30 não estava muito boa para a Elite. Vejam a notícia sobre o
incêndio no “barracão garagem”, para piorar. E poderia ser muito mais contundente!!!
(A Noite, 31/07/1937) |
Através do
próximo recorte, identificamos uma nova linha da Elite, Palace Hotel x Barata
Ribeiro.
(A Noite, 23/07/1940) |
Essa linha é a
53, conforme mostra o outro recorte.
(A Noite, 09/08/1941) |
Como já havia
sido informado em outra matéria, a Elite também participou do pool das empresas que operaram a linha
1, Praça Mauá x Monroe, com um veículo.
(A Noite, 11/05/1942) |
Como também
divulgado para outras empresas, devido à escassez de combustíveis durante a II Guerra
Mundial, a Elite adotou o uso de gasogênio em alguns de seus ônibus.
(A Noite, 17/07/1942) |
(Diário da Noite, 17/07/1942) |
Alguns
comentários, quiçá boatos maldosos, devem ter surgido, a ponto de a empresa
divulgar as matérias pagas, mostradas a seguir.
(A Noite, 11/08/1942) |
(Correio da Manhã, 11/08/1942) |
(A Noite, 04/09/1942) |
Anúncio
veiculado, mostrando a junção de empresas responsáveis pela confecção,
instalação e garantia da utilização dos aparelhos de gasogênio, nos ônibus
cariocas, incluindo a Elite.
(A Noite, 12/08/1942) |
Conforme informação, há a troca de razão social para Viação Elite S/A, constituída em 27 de fevereiro de 1943 (3).
Na foto a
seguir, a amostra de uma ficha usada pela empresa na década de 40, bem como de
um ônibus, na linha 13, logo adiante.
Ficha da década de 40 – Viação Elite |
Ainda durante a
Guerra Mundial, e com ônibus a gasogênio, inicialmente com 12 e previsão para
20 carros, é inaugurada a nova linha da Elite, a 20 – Mauá x Grajaú.
Seu itinerário
era: Praça Mauá, Av. Rio Branco, Av. Mal. Floriano, Av. Getúlio Vargas, Av.
Paulo de Frontin, Rua Santa Amélia, Rua Dr. Satamini, Rua São Francisco Xavier,
Rua Almirante Cochrane, Praça Saenz Peña, Rua General Roca, Rua Pereira Nunes,
Rua Teodoro da Silva, Rua Barão do Bom Retiro, Rua Itabaiana, Rua Mearim e Rua
Borda do Mato, próximo à esquina da Rua Juiz de Fora.
E suas seções: Praça
Mauá à Rua Tomé de Souza, Cr$ 0,20 (vinte centavos); Praça Mauá à Praça Afonso
Pena, Cr$ 0,60 (sessenta centavos); Praça Afonso Pena à Rua Barão de São
Francisco Filho, Cr$ 0,40 (quarenta centavos) e Rua Barão de São Francisco
Filho ao Grajaú, Cr$ 0,20 (vinte centavos). Passagens inteiras, Praça Mauá à
Rua Barão de São Francisco Filho, Cr$ 0,80 (oitenta centavos) e Praça Mauá ao
Grajaú, Cr$ 1,00 (hum cruzeiro).
(A Noite, 28/12/1943) |
(Diário da Noite, 28/12/1943) |
A empresa
aumenta seu número de linhas novas – desconhecidas até para nós que tratamos do
assunto –, e com seu número desconhecido, fazendo, como mostra a nova matéria,
Largo da Carioca x Forte de Copacabana.
E de tabela,
cita a manutenção de uma linha concedida à Viação Relâmpago, Praça Saenz Peña x
Praça Duque de Caxias (Largo do Machado) e a autorização de aumento de carros
para a Renascença.
(A Noite, 03/01/1944) |
(Diário da Noite, 03/01/1944) |
Neste mesmo ano,
já temos um acidente com um veículo da linha 20.
(Diário da Noite, 12/05/1944) |
Os três próximos
recortes retratam a grande preocupação dos usuários com o atendimento da Elite,
na linha 20, devido à pouca quantidade de veículos e ao excesso de passageiros,
graças à demora entre os veículos.
A empresa se
defende de algumas formas, entre elas: “Devido a um não atendimento rápido, a uma
solicitação da Elite ao Conselho Nacional do Petróleo, não houve a
possibilidade de aumentar sua frota, o que levou a população a reclamar da
empresa, devido à quantidade insuficiente de ônibus para atendimento à linha
20”.
(A Noite, 27/03/1944) |
(A Noite, 22/04/1944) |
(A Noite, 15/05/1944) |
Assim como a Viação
Grajahú, a Viação Elite também adotou o uso de trocadoras, com todos os charmes
que lhes são (ou eram) possíveis, inclusive uso de maquiagens e do
imprescindível batom. Agora sabemos por que alguns homens chegavam em casa com
marcas de batom...
Elas estrearam
na Elite, na linha 53, pela ausência de rapazes que foram chamados para o
serviço militar, principalmente pela II Guerra Mundial. Elas foram “convocadas”
para substituí-los e já pensavam em continuar no cargo após o final da guerra.
Nota do Editor: Atentem,
por curiosidade, no rodapé da foto do segundo recorte, que na época ainda era
adotada a palavra portuguesa “bicha”, para representar a “fila”.
(A Noite, 30/06/1944) |
(A Noite, 06/07/1944) |
E mais uma vez,
os moradores do Grajaú, vão ficar sem ônibus para atendê-los. Em menos de três
anos de circulação, através de uma concessão dada a título precário, a linha 20
seria encerrada no final de semana, por alguns problemas técnicos e outros
financeiros, e somente com três veículos circulando.
(A Noite, 19/07/1946) |
Aqui temos a
relação das três linhas operadas pela empresa.
(Diário da Noite, 01/11/1948) |
Agora, imagem de
uma ficha usada pela empresa na década de 50 e também de alguns ônibus, nas
linhas 13 e 54.
Ficha da década de 50 – Viação Elite |
E quando os
órgãos públicos “competentes” não se entendem, acontece isso entre a Prefeitura
e o Departamento de Trânsito.
(Diário Carioca, 28/06/1952) |
(Diário Carioca, 02/07/1952) |
Depois de tantas
idas e vindas, foi necessária a interferência de um juiz da Vara Pública, para
restituir a linha 53, Mauá x Leblon, à circulação, à Elite e ao público, que
foi o maior afetado nesta discórdia entre os órgãos.
(Diário de Notícias, 04/07/1952) |
Agora, imagem de
uma ficha usada pela empresa na década de 60 e desenho e uma foto de ônibus
dessa época.
No final da
década de 60, a Elite adquiriu os veículos e as concessões de linhas que
pertenciam à Viação Marta S/A, coincidentemente empresas com o mesmo tipo de
desenho/pintura e cor – um verde quartel –, para operar as linhas 336 e 343.
A foto de baixo é de um ônibus operando em uma das linhas que pertenceram à Marta.
Ficha da década de 60 – Viação Elite S.A. |
Percebe-se pelo
texto a seguir, que a Elite já não estava “bem das pernas”, e que em breve
sucumbiria.
Leiam o texto
publicado: “A situação da Viação Elite também deverá ser definida nos próximos
dias. A empresa deve ser absorvida pela Viação Columbia, que conta atualmente
com uma frota de 72 veículos convencionais e opera na Penha” (4).
Assim mais uma grande empresa na história dos transportes cariocas desaparece, sendo absorvida por outra antiga, que posteriormente também desapareceu. É a história que conta e a vida que passa.
Linhas operadas
pela empresa:
= 1942, 1 –
Praça Mauá x Monroe
= 1933 a 1936,
10 – E. de Ferro x Balneário da Urca, substituída pela 13
= 1937 a 1963,
13 – E. de Ferro x Urca, substituída pela 107
= 1946, 20 – Praça
Mauá x Grajaú
= 1937 a 1954,
53 – Palace Hotel x Praça E. Jardim, Castelo x R. Barata Ribeiro e Praça Mauá x
Leblon
= 1944 a 1952,
54 – Castelo x Praça E. Jardim e Castelo x R. Barata Ribeiro
= 1967 em
diante, 107 – E. de Ferro x Urca
= de 1969 em
diante, 336 – Praça 15 x Cordovil – Vista Alegre
= de 1969 em
diante, 343 – Candelária x Vista Alegre – Cordovil
Referências:
(1) – Jornal do
Brasil, 14/07/1933.
(2) – Jornal do
Brasil, 10/09/1933.
(3) – Informação
do site MILBUS.
(4) – Jornal do
Brasil, 30/08/1981.
[Pesquisa de Eduardo
Cunha e Claudio Falcão]