domingo, 17 de agosto de 2014

Viação Santa Helena

A empresa começou a operar em 1931, na linha Madureira x Irajá, através de um termo assinado em 12 de março de 1931. Porém devido à multa anexa, em 1932, é que temos informação da existência da empresa já em outra linha, a Meyer x Madureira. Nessas duas situações, sua razão social era J. Antônio Moreira (referências: PDF, publicação ‘Guerra de Posições na Metrópole’ e site MILBUS).

(Jornal do Brasil, 19/01/1932)

Nessa época, 1932, a garagem da empresa era na Rua Joaquim Meyer, nº 12, no Meyer.

(Jornal do Brasil, 17/02/1932)

No termo de transferência de propriedade a seguir, confirma-se a nova propriedade, bem como comprova a anterior. O novo proprietário da empresa é o Sr. Amorim Godinho de Almeida. Infelizmente, não há informações sobre quais linhas eram prestadas.

(Jornal do Brasil, 01/08/1933)

Agora aparece uma aquisição pela Santa Helena de outra empresa bastante desconhecida, que era a Inhaúma Auto Viação, pertencente ao primeiro proprietário da Santa Helena, o Sr. J. Antônio Moreira. Essa empresa será futuramente alvo de uma matéria própria.

A Santa Helena fica responsável pela linha já operada, Meyer x Madureira e agora a nova linha, Cascadura x Ramos, da Inhaúma. Seguem os detalhes das duas linhas.

O itinerário da Meyer x Madureira era: Meyer, Rua Archias Cordeiro, Rua José dos Reis, Rua da Abolição, Avenida Suburbana, Rua Carolina Machado, Madureira e vice-versa.

Era dividida nas seguintes seções: Meyer a Abolição, $200 (duzentos réis), Abolição a Cascadura, $200 (duzentos réis) e Cascadura a Madureira, $200 (duzentos réis).

O itinerário da Cascadura x Ramos era: Cascadura, Avenida, Suburbana, Rua dos Cardosos, Cavalcante, Rua Maria Passos, Rua Silva Valle, Engenho do Matto, Avenida Rio-Petrópolis, Inhaúma, Caminho da Freguesia, Estrada do Itararé, Rua 4 de Novembro, Ramos e vice-versa.

Também era dividida nas seguintes seções: Cascadura a Cavalcante, $200 (duzentos réis), Cavalcante a Engenho do Matto, $200 (duzentos réis), Engenho do Matto a Inhaúma, $200 (duzentos réis), Inhaúma à Rua Clapp Filho, $200 (duzentos réis) e Rua Clapp Filho a Ramos, $200 (duzentos réis).

Jornal do Brasil, 16/02/1935)

Em 1937, a garagem da empresa situava-se à Rua Vinte e Quatro de Maio, nº 1281, no Engenho Novo, esquina com a Rua Maria Calmon, em frente à estação de Silva Freire, onde hoje existe um posto de gasolina, como se isso fosse novidade, para antigas garagens de ônibus!!!

O documento a seguir, trata-se de um Termo de Prorrogação das linhas Meyer x Ramos, Cascadura x Ramos, Meyer x Engenho do Matto e Cascadura x Cavalcante, com validade de 1935 até 1939.

(Jornal do Brasil, 31/03/1937)

A seguir, uma pequena amostra de como naquela época já usavam do excesso de velocidade, isso em 1939!!!

(A Noite, 13/02/1939)

O próximo recorte mostra uma informação da empresa citando o retorno da linha Meyer x Cascadura, passando por ruas que estavam bloqueadas devido ao processo de colocação de paralelepípedos. Como não tínhamos informações desta linha, a suposição é que, ou trata-se de uma nova linha ou a extensão da Cascadura x Cavalcante, visto passarem pelo itinerário das Ruas Cerqueira Daltro e Silva Vale.

(A Noite, 02/04/1941)


Apesar de não termos comprovações, a Santa Helena trocou de razão social, em 1941, para Viação Santa Helena Ltda., e em 1952, para Viação Santa Helena S/A, conforme atestam informações citadas abaixo. Sua garagem, nessa época, era na Rua Dona Luiza, nº 55, Inhaúma (referências: publicação ‘Guerra de Posições na Metrópole’ e site MILBUS).

(Gazeta de Notícias, 05/08/1952)

As duas matérias a seguir comprovam a existência da linha S-26, Cascadura x Coelho Neto, em 1951, ano de sua fundação. Essa linha foi esticada em 1953 para Acari e extinta em 1959 (informações de Gláucio, do blog http://coelhoneto.wordpress.com).

(Última Hora, 17/08/1951)

Ônibus S-26, da Viação Santa Helena - Cascadura x C. Neto
(Última Hora, 18/08/1951)

Aqui, podemos dizer, temos uma informação única, citada pelo periódico Diário da Noite como sendo do ônibus de Coelho Neto, onde aparece esse veículo atribuído à Viação Santa Helena, e afirmando ser ele o único utilizado nesse trajeto. Essa linha operou entre 1951 e 1953, e posteriormente foi esticada até Acari.

Linha Cascadura x Coelho Neto, da Viação Santa Helena
(Diário da Noite, 06/08/1952)

Vejam mais uma comprovação da empresa operando a linha Ramos x Cascadura, em 1952.

(Última Hora, 01/12/1952)

A seguir, temos uma informação sobre a nova razão social da empresa, como S/A, e a confirmação da garagem, ainda em Inhaúma. Só não sabemos quando foi efetuada a troca de razão social.

(Jornal do Brasil, 16/04/1953)

Nessa matéria que apresentamos, há duas afirmativas ‘embutidas’. A primeira é que a empresa teve anteriormente como proprietário o Sr. Armando Chaves Monteiro, que deve ter ocorrido após a propriedade de Amorim Godinho de Almeida e a atual razão social S/A.

A outra diz respeito às quatro linhas exploradas pela empresa, que agora são S-2 – Meyer x Ramos, S-3 – Meyer x Rocha Miranda, S-8 – Meyer x Acari e S-11 – Ramos x Cascadura – Madureira. Essas linhas, que não existiam antes, devem ter substituído as Cascadura x Cavalcante e Meyer x Engenho do Matto, porém não temos como comprovar através de Termos de Obrigações.

É marcante também na reportagem, a falta de zelo com os veículos e o péssimo estado de uso para os passageiros, como as mordomias que já existiam com as empresas de ônibus no Rio de Janeiro, como a falta de vistoria nos veículos pela PDF e a burla ao fisco.

Há a afirmativa de a empresa ter retirado seus ônibus da Avenida Suburbana para ir passar por Cavalcante, o que discordamos, por estar em documento de 1935, citado acima, no itinerário da linha Ramos x Cascadura, que então muda para Madureira.

(Gazeta de Notícias, 31/08/1954)

Seguem duas imagens de utilização de papa-filas pela empresa, na linha S-3, em 1954. Há a possibilidade de ser ‘veículo em teste’, pois além de na lateral não aparecer o número de ordem, nem o disco com o nome da empresa que eram práticas da época , o ônibus é um MB, que também não era usado pelas empresas cariocas neste tipo de veículos (papa-filas).

(24/08/1954)

(24/08/1954)

A seguir a imagem de uma ficha usada pela empresa, identificando a garagem em Inhaúma e como tal, com a razão social S/A, apesar de não constar na ficha.


A empresa operou até o início de 1958, quando sua falência foi decretada e a sua massa falida foi a leilão, conforme convocação. Porém, não sabemos por qual motivo, a mesma operou até 1964, sob a mesma denominação Viação Santa Helena S/A.

(Jornal do Brasil, 13/04/1958)

As linhas que a empresa operou:

- até 1960, a S-2, Meyer x Ramos;
- até 1946, a S-3, Méier x Engenho do Matto; também em 1946 até 1952, Méier x Cascadura e de 1952 a 1958, Méier x Rocha Miranda;
- de 1939 e 1953, a S-6, Meyer x Inhaúma;
- em 1950/51, S-8, Méier x Thomaz Coelho; em 1952/53, Méier x Coelho Neto; de 1953 a 1956, Méier x Acari e de 1956 a 1963, Méier x Pavuna, alterada em 1964 para 687, ano em que parou de operar;
- de 1949 a 1951, S-9, Méier x Irajá, que após uma pausa retornou a operá-la em 1962, em paralelo com a S-8, também dela;
- de 1939 a 1953, S-11, Cascadura x Ramos; de 1955 a 1957, Ramos x Madureira-Coelho Netto; de 1958 a 1960, Ramos x Madureira;
- de 1939 a 1952, S-12, Cascadura x Cavalcante-Engenho do Matto;
- em 1950, S-16, Cascadura x Escola de Aviação (esta linha foi posteriormente operada pela Redentor) e
- de 1951 a 1959, S-26, Cascadura x Coelho Netto-Acari.

Entre 1950 e 1957, a pintura da empresa era azul escura e azul claro e tinha veículos Volvo, Ford, Chevrolet, Scania Vabis e em 1957, MB 331, já pintados de amarelo, que eram carros grandes, os quais foram uma das origens da sua falência.

Informação de bastidores, não confirmadas, dizem que na década de 50 a Santa Helena operou a linha Méier x São João do Meriti, antes da Transportes Joana D’Arc. 

Assim como teve uma garagem na Rua Sidônio Paes, nº 21, Cascadura, em época desconhecida (referências: publicação ‘Guerra de Posições na Metrópole’, site MILBUS e ‘bastidores’).

[Pesquisa de Eduardo Cunha e Claudio Falcão]

5 comentários:

  1. Boa tarde amigo. Grato pela visita e primeiro comentário seu no blog. Será sempre um prazer tendo sua presença como leitor e participativa. Obrigado pelo elogio ao blog e agradeço a tua colaboração que em breve iremos atualizar na matéria da Santa Helena, dando o devido crédito ao seu blog, que visitei e achei bastante interessante. Aproveitamos e "fomos" a Última Hora e conseguimos s reportagem do acidente que também incluiremos na matéria. Avisarei quando a publicação revisada for publicada. Grato mais uma vez e volte sempre pois todos os domingos temos publicações novas.

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  2. Mais uma vez, uma excelente abordagem..... Mas não creio que a Santa Helena tenha chegado a 1960.... No mais, sensacional.

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    1. Prazs, grato pelo comentário. Sobre a sua existência na década de 60, eu mesmo comprovei em 1960, ela operando a Ramos x Madureira, quando eu morava, com seus ônibus amarelos antes da Estrela do Oriente, pegar a concessão. Um a segunda comprovação é ela quando fazia S-9 Méier x Pavuna, pegou a numeração nova 689.

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  3. Na época do \Méier- Ramos, via Inhauma, os ônibus Ford- Hercules eram pintados de azul claro.[
    Certa vez , como o ponto final era em uma descida, um dos veículos começou a descer em direção a Rua Uranos,. Meu primo, então com 13 anos, sentou-se no banco do motorista e pressionou o freio de pé. A conservação dos ônibus da Santa Helena e da São Jorge era péssima

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    1. Como vai amigo Jaime. Prazer em vê-lo por aqui novamente, com sua ótimas lembranças. Você já havia me contado esse caso mas eu esqueci, agora que registrou foi ótimo pois irei incluí-lo quando fizer a revisão na Santa Helena. Grato e uma braço.

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