Viação Léa / Viação Santos Dumont

A 11 de julho de 1930, o Dr. Arlindo Estrella assinou um termo de obrigação junto à Inspetoria de Concessões da Prefeitura do então Distrito Federal, comprometendo-se a estabelecer uma linha de “omnibus-automóveis” ligando Madureira a Irajá (1), explorada pela Viação Léa.

Era este o itinerário: Rua Domingos Lopes e Estradas Marechal Rangel e Monsenhor Félix.

A linha dividia-se em duas seções: 1ª) Da Estação de Madureira ao Largo de Vaz Lobo, 200 réis; 2ª) Do Largo de Vaz Lobo à esquina da Estrada Monsenhor Félix com a Rua Pau Ferro, 200 réis.

A partir de 29 de abril de 1931, a empresa passou também a operar com a linha Madureira x Coqueiros, como nos atesta a notícia abaixo, do periódico ‘A Noite’.

Coqueiros é um sub-bairro de Santíssimo, localizado às margens da Av. Brasil.

(A Noite, 28/04/1931 - aqui certamente houve um erro tipográfico,
sendo mais provável o preço da passagem a 1$500)

Em junho de 1931 as oficinas da empresa localizavam-se à Rua Coronel Soares, nº 2 – Irajá (2).

Em novembro do mesmo ano, a empresa enfrentou grandes turbulências, inclusive com anúncio de falência, o que se depreende da notícia a seguir, igualmente do jornal ‘A Noite’.

(A Noite, 17/11/1931)

Até que a 17 de dezembro de 1931, o mesmo Arlindo Estrella assinava um termo de transferência, pelo qual “cedia e transferia” ao Sr. Joaquim Simões Estrella o termo de obrigação acima mencionado no primeiro parágrafo (3).

Já em 26 de fevereiro de 1932, era assinado pelo Sr. Joaquim um termo aditivo, substituindo-se o nome da empresa de Viação Léa para Viação Santos Dumont.

(Jornal do Brasil, 02/03/1932)

Já de propriedade do Sr. Hermes de Caires, a Viação Santos Dumont tinha, a 30 de março de 1937, sua licença de concessão prorrogada por mais quatro anos, estranhamente contando de 29 de dezembro de 1934 (!!!), e era transferida para o Sr. Amorim Godinho de Almeida.

(Jornal do Brasil, 31/03/1937)

Poucos meses depois, a 21 de outubro de 1937, era assinado novo termo de transferência, pelo qual Amorim Godinho de Almeida cedia a referida empresa para a firma individual de Dilermando Ávila da Cunha. Na ocasião, a Viação Santos Dumont tinha sua sede, garagem e oficinas à Rua das Mangueiras, nº 25 e operava com as linhas Madureira x Irajá e Madureira x Penha.

(Jornal do Brasil, 22/10/1937)

Conforme as duas próximas imagens, temos os ônibus da empresa na estação de Madureira, com destino a Irajá e Penha, e funcionários da empresa em frente à garagem na Rua das Mangueiras (4).

Dois ônibus da Viação Santos Dumont na estação de Madureira

Garagem da Viação Santos Dumont em 1937

Em janeiro de 1939 a empresa mantinha sua garagem à Estrada Marechal Rangel, nº 941, em Vaz Lobo (5).

A mencionada empresa continuou em atividade pelo menos até janeiro/1941, ocasião em que recebia multas (6).

Linhas que foram operadas pela Viação Santos Dumont:

1939 a 1945, S23 – Madureira x Penha, passou para a Viação Estrela do Norte;

1939, S23A – Madureira x Irajá;

1942 e 1943, S21 – Madureira x Colégio, passou para a Viação Estrela do Norte;

1942 a 1945, S22 – Madureira x Irajá, passou para a Viação Estrela do Norte;

1943, S25 – Madureira x Coelho Netto, passou para a Viação Estrela do Norte; e

1943, S26 – Madureira x Rocha Miranda, passou para a Viação Estrela do Norte.

Nota: A empresa foi assumida pela Viação Estrela do Norte, Sociedade Cooperativa, em 1945 (7).

Referências:

(1) – Jornal do Brasil, 17/07/1930.

(2) – Correio da Manhã e Jornal do Brasil, 28/06/1931.

(3) – Jornal do Brasil, 19/12/1931.

(4) – Imagens do blog http://iraja.jorgerodrigues.com.br/transporte/onibus.html.

(5) – Jornal do Brasil, 06/01/1939.

(6) – Correio da Manhã, 12/01 e 14/01/1941.
(7) – Informações do pesquisador Antônio Sérgio.

[Pesquisa de Claudio Falcão e Eduardo Cunha]