domingo, 28 de dezembro de 2014

Transporte Guaratiba Ltda.

Em 1 de fevereiro de 1932, através de Francisco Penalva Santos, proprietário da Transporte Guaratiba Ltda., é assinado o Termo de Obrigação, com a finalidade de estabelecer linhas de transporte de passageiros entre Campo Grande x Barra de Guaratiba, Campo Grande x Pedra e Campo Grande x Rio da Prata do Cabuçu, utilizando “omnibus-automóveis” e tendo como sede e garagem a Estrada do Monteiro, nº 531 – Campo Grande.  

Itinerário da linha Campo Grande x Barra de Guaratiba: Campo Grande, Monteiro, Mato Alto, Inspetoria Agrícola, Entrada do Curral Grande, Largo da Ilha, Xavier e Campo de São João da Barra de Guaratiba, tendo as seguintes seções: Campo Grande ao Monteiro, $400 (quatrocentos réis); Monteiro ao Mato Alto (Almerinda), $400 (quatrocentos réis); Mato Alto à Inspetoria Agrícola, $400 (quatrocentos réis); Inspetoria Agrícola à Entrada do Curral Grande, $400 (quatrocentos réis); Curral Grande ao Largo da Ilha, $400 (quatrocentos réis); Largo da Ilha ao Xavier, $400 (quatrocentos réis); Xavier ao Campo de São João, $400 (quatrocentos réis) e Campo de São João à Barra de Guaratiba, $400 (quatrocentos réis).

Itinerário da linha Campo Grande x Pedra: Campo Grande, Monteiro, Chambon, Quebra Carros, Entrada Catruz e Largo do Barroso, com as seguintes seções: Campo Grande ao Monteiro, $400 (quatrocentos réis); Monteiro ao Chambon, $400 (quatrocentos réis); Chambon ao Quebra Carros, $400 (quatrocentos réis); Quebra Carros a Entrada Catruz, $400 (quatrocentos réis) e Entrada Catruz ao Largo do Barroso, $200 (duzentos réis).

Itinerário da linha Campo Grande x Rio da Prata do Cabuçu: Campo Grande, Joary e Rio da Prata, obedecendo às seções: Campo Grande a Joary, $400 (quatrocentos réis); Joary ao Rio da Prata, $300 (trezentos réis) (1).

Em nenhuma das linhas há referência dos preços das passagens diretas delas. 

De acordo com os anexos a seguir, a Junta Comercial, em 11 de maio de 1933, publica o registro oficial da empresa com seus sócios e capital, por um prazo indeterminado e confirmando suas atividades comerciais e localização, indicado no endereço citado acima.

(Correio da Manhã, 15/05/1933)

Várias intimações e multas recebidas indicam a existência da empresa em 1936 e intima fazendo respeito a “requerer aprovação de fichas indicadoras de seção” e “requerer aprovação de emblemas para uso de seus empregados no tráfego”, “sob pena de multa” (2).

Vemos na matéria a seguir, que os “pegas” ou “rachas”, como eram chamados, já eram de praxe e praticados pelos motoristas de empresas cariocas. A matéria cita uma fiscalização em Madureira, onde oito veículos foram apreendidos e retirados de circulação, entre eles da Guaratiba, da São José e também da Mendanha, devido ao abuso na condução do veículo, provavelmente correndo devido ao “bife” (pagamento extra recebido, pelo motorista, para cada passageiro adicional pego, daquilo que fora estabelecido pela empresa para o dia).

Essa matéria e a localização das multas, Madureira, “sugere” que a empresa possa ter tido alguma linha para aquele bairro ou que por lá passasse, assim como as outras duas. 

(A Noite, 08/03/1937)

Nossa última referência trata-se de um despacho da Diretoria dos Serviços de Utilidade Pública (19/07/1937), “deferido, nos termos da informação” (3).

Ela foi mais uma, das muitas pequenas empresas dos subúrbios cariocas, que não duraram muito tempo, principalmente pela precariedade e falta de estrutura das ruas e estradas da época. Provavelmente terminou em 1937.

Referências:

(1) – Jornal do Brasil, 03/02/1932.
(2) – Jornal do Brasil, 28, 29 e 30/08/1936.
(3) – Jornal do Brasil, 20/07/1937.

[Pesquisa de Eduardo Cunha e Claudio Falcão]

domingo, 21 de dezembro de 2014

Viação Bomsuccesso / Viação Oriente

Em 18 de janeiro de 1933, o Sr. Olympio Barreto, proprietário e razão social da Viação Bomsuccesso (grafia da época), assinou um Termo Inicial de Obrigação, comprometendo-se a estabelecer um serviço de transporte de passageiros por meio de “auto-lotação”, da Estação de Bonsucesso à Praça Dr. Miguel (Apicu) – Ramos. A sede da empresa localizava-se à Rua Jequiriçá, nº 200 – Penha.

Itinerário da linha: Rua Dr. Cardoso de Moraes, Estrada do Norte [atual Av. Teixeira de Castro] e Estrada Engenho da Pedra, até a Praça Dr. Miguel.

Tarifa: $200 (duzentos réis), por todo o percurso (1).

Já em 29 de março do mesmo ano, o mesmo Olympio Barreto assinava um termo aditivo, substituindo a denominação de Viação Bomsuccesso para Viação Oriente, mantendo-se as condições do termo inicial de 18/01/1933 (2). Ou seja, chega-se à conclusão de que a Viação Bomsuccesso teve curtíssima duração, exatamente setenta dias.

Aproximadamente dois meses depois, a 25 de maio de 1933, foi publicada pelo ‘Jornal do Brasil’ uma intimação da Inspetoria de Concessões da PDF, com o seguinte exato teor:

“Foi intimada a empreza ‘Viação Oriente’ a cumprir os horários approvados para as suas linhas licenciadas, sob pena de cassação da licença” (3).

Vejam que a intimação refere-se a “suas linhas licenciadas”, o que nos faz concluir que a empresa detinha mais de uma concessão.

O periódico ‘Diário da Noite’ publicou nota semelhante. Leiam a seguir:

(Diário da Noite, 26/05/1933)

E nada mais localizamos em jornais sobre a Viação Oriente, também uma empresa de curta duração.

Referências:

(1) – Jornal do Brasil, 20/01/1933.
(2) – Jornal do Brasil, 30/03/1933.
(3) – Jornal do Brasil, 26/05/1933.

[Pesquisa de Claudio Falcão e Eduardo Cunha]

domingo, 14 de dezembro de 2014

Viação Mendanha

A primeira referência que encontramos sobre a Viação Mendanha relaciona-se a um despacho “deferido” a 2 de dezembro de 1932, sem maiores detalhes (1).

Já em setembro de 1939, através de uma notícia publicada no periódico ‘Correio da Manhã’, verificamos que a empresa havia licenciado dois novos veículos naquele ano.

(Correio da Manhã, 26/09/1939)

Um apelo dirigido por moradores da localidade de Mendanha, em Campo Grande, ao Conselho Nacional do Petróleo, publicado em fevereiro/1943 na seção de cartas dos leitores do jornal ‘Diário de Notícias’, solicitava uma quota maior de gasolina para a empresa da zona oeste, a fim de que a mesma pudesse prestar um melhor serviço aos usuários. Certamente era o reflexo dos tempos difíceis da II Guerra Mundial.

(Diário de Notícias, 13/02/1943)

Pequeno anúncio da empresa, mencionando a razão social Viação Mendanha Ltda., foi divulgado em março/1944 no ‘Jornal do Brasil’, no qual o então proprietário, Avelino Lopes da Silva Filho, informava ter adquirido a Viação Santa Cruz do Sr. Ataualpa Pereira da Silva (2).

Nova carta dos leitores do ‘Diário de Notícias’, agora em setembro/1949, mencionava uma linha que era então explorada pela Viação Mendanha: Campo Grande x Serrinha. As reclamações quanto às viagens muito espaçadas e com os ônibus superlotados repetiam-se.

(Diário de Notícias, 22/09/1949)

Mais uma reclamação dos moradores com relação à Viação Mendanha, agora publicada no jornal ‘A Manhã’, em fevereiro/1950, denunciava que os ônibus da empresa não os estavam conduzindo ao ponto final da linha, a localidade de Serrinha, só os levando “até a metade da viagem” e cobrando “o mesmo preço da passagem”.

(A Manhã, 15/02/1950)

Através da notícia de um grave acidente ocorrido em junho/1951 na Estrada do Monteiro, em Campo Grande, publicada no periódico ‘A Noite’, verificamos que a Viação Mendanha estava operando uma nova linha, “Pedra” (de Guaratiba).

(A Noite, 06/06/1951)

Outra linha que a empresa operou foi a Barra (de Guaratiba) x Campo Grande. Vejam adiante a notícia de um atropelamento que teve lugar em julho/1955 na mesma Estrada do Monteiro do acidente acima mencionado, no qual um veículo da linha “Barra” esteve envolvido.

Diário Carioca, 24/07/1955)

Foi a última referência que localizamos em jornais sobre a Viação Mendanha.

Notas:

(a) – Pelo livro ‘Guerra de Posições na Metrópole’ verificamos que a empresa teve sua garagem à Estrada do Mendanha, nº 944.

(b) – E através de pesquisas realizadas no D.O.U./DF, tomamos conhecimento que a Viação Mendanha operou com a linha S-53 – Campo Grande x Mendanha, de 1939 a 1956, bem como a linha Campo Grande x Serrinha, em 1957 e a S-43 – Bangu x Largo do Mendanha, esta em 1958. A linha Campo Grande x Mendanha posteriormente foi explorada pela Viação Garcia Ltda.

Referências:

(1) – Jornal do Brasil, 03/12/1932.
(2) – Jornal do Brasil, 03/03/1944.

[Pesquisa de Claudio Falcão e Eduardo Cunha]

Viação Thelmo

Essa empresa, se não fosse por duas publicações em livros, passaria totalmente despercebida de nós e de quem mais fosse procurar sobre ela, tendo como fonte os periódicos da época. Nada, absolutamente nada, foi encontrado em nossas pesquisas nesses locais e não foram poucas as nossas tentativas!

O que somente sabemos dela, é que sua razão social e seu proprietário foi Cezar Magalhães, tendo seu Termo de Concessão assinado em 19 de outubro de 1930, para operar na linha Penha x Praça do Carmo.

Era um trajeto curto e não deve ter tido sucesso, pois aparentemente ela deixou de operar em 1931.

Se alguém souber de algo que acrescente mais informações para a matéria, agradeceremos o contato.

[Informações obtidas nos livros ‘Guerra de Posições na Metrópole’ e Prefeitura do Distrito Federal, de Noronha Santos.]

[Pesquisa de Eduardo Cunha e Claudio Falcão]

domingo, 7 de dezembro de 2014

Viação Cruz de Malta

No Termo de Obrigação Inicial, de 23 de outubro de 1931, assinado pelos representantes da Viação Cruz de Malta, através de João Lopes da Silva Campos e Albino Ribeiro – razão social da empresa –, foi estabelecida a linha Estação do Meyer x Estação da Piedade, tendo a empresa como garagem a Rua Engenheiro Richard, nº 21 – no Grajaú.

Tinha o seguinte itinerário: Estação do Meyer, saindo da Rua Joaquim Meyer; Rua Dias da Cruz; Rua Engenho de Dentro; Av. Amaro Cavalcanti; Rua Clarimundo de Melo; Rua Assis Carneiro até a Estação da Piedade.

A linha foi secionada da Estação do Meyer até a Estação do Engenho de Dentro, $200 (duzentos réis) e Estação do Engenho de Dentro até a Estação da Piedade, $200  (duzentos réis) (1).  

Um segundo Termo, este de Cessão e Transferência, datado de 13 de janeiro de 1933, do termo que havia sido assinado em 23/10/1931, transfere a empresa para Albino Ribeiro Júnior (2).

Nos dois próximos recortes sendo um do ônibus em zoom , é apresentada a matéria de um acidente no Engenho Novo, no qual tomamos conhecimento da existência de uma das linhas Praça Saenz Peña x Cascadura, mas não identificamos qual delas.   

(A Noite, 04/09/1936)


Em algum momento entre 1933 e 1937, e poderemos subentender isso através dos dois recortes a seguir, a empresa trocou de proprietário e razão social para Melquíades José Coelho da Rocha.

Adicionalmente, nesses mesmos recortes, temos a informação de que houve em 31 de maio de 1937, um Termo de Transferência e Unificação, onde três empresas – Cruz de Malta, de Melquíades José Coelho da Rocha; América, de Américo Duarte da Cruz; e Primavera, de José Joaquim de Brito – foram transferidas para José Joaquim de Brito, mantendo o nome de Viação Cruz de Malta, sob a razão social J. J. Brito.

Ou seja, todas exploravam a mesma linha Praça Saens Peña x Cascadura, com itinerários e números de linhas diferentes (74, via Carimundo de Melo; 75, via Assis Carneiro; e 76, via Av. Suburbana) e essas operações ficaram todas com a mesma empresa.

Além dessas linhas citadas, também operava a S-5 Estação do Engenho de Dentro x Estação da Piedade.

Vejam itinerários e seções de cada uma delas:

- 74 – Rua Nerval de Gouveia, Rua Garcia Pires, Rua Clarimundo de Melo, Av. Amaro Cavalcanti, Rua Engenho de Dentro, Rua Dias da Cruz, Rua 24 de Maio, Rua Barão do Bom Retiro, Rua José do Patrocínio, Rua Barão de Mesquita, Rua Uruguai, Rua Conde de Bonfim e vice-versa. Seções: de Cascadura à Rua Clarimundo de Melo, esquina da Rua Lemos de Brito, $200 (duzentos réis); da Rua Clarimundo de Melo, esquina da Rua Lemos de Brito ao Engenho de Dentro, $200 (duzentos réis); do Engenho de Dentro ao Méier, $200 (duzentos réis); do Méier à Rua Visconde de Santa Isabel, esquina de Rua José do Patrocínio, $200 (duzentos réis); Rua Visconde de Santa Isabel, esquina de Rua José do Patrocínio à Rua Uruguai, $200 (duzentos réis); e da Rua Uruguai à Praça Saenz Peña, $200 (duzentos réis);

- 75 Rua Nerval de Gouveia, Rua Assis Carneiro, Rua Clarimundo de Melo, Av. Amaro Cavalcanti, Rua Engenho de Dentro, Rua Dias da Cruz, Rua 24 de Maio, Rua Barão do Bom Retiro, Rua José do Patrocínio, Rua Barão de Mesquita, Rua Uruguai, Rua Conde de Bonfim e vice-versa. Seções: de Cascadura à Piedade, $200 (duzentos réis); da Piedade ao Engenho de Dentro, $200 (duzentos réis); do Engenho de Dentro ao Méier, $200 (duzentos réis); do Méier à Rua Visconde de Santa Isabel, esquina de Rua José do Patrocínio, $200 (duzentos réis); Rua Visconde de Santa Isabel, esquina de Rua José do Patrocínio a Rua Uruguai, $200 (duzentos réis); e da Rua Uruguai à Praça Saenz Peña, $200 (duzentos réis);  

- 76 – Av. Suburbana, Rua Bernardino de Campos, Piedade, Rua Goiás, passagem inferior do Encantado, Av. Amaro Cavalcanti, Rua Adriano, Rua Magalhães Couto, Rua Dias da Cruz, Rua 24 de Maio, Rua Barão de Mesquita, Rua Visconde de Santa Isabel, Av. 28 de Setembro, Rua Rufino de Almeida, Rua Pereira Nunes, Rua Barão de Mesquita, Rua General Roca e Rua Conde de Bonfim e vice-versa. Seções: de Cascadura à Piedade, $200 (duzentos réis); da Piedade ao Engenho de Dentro, $200 (duzentos réis); do Engenho de Dentro ao Méier, $200 (duzentos réis); do Méier à Rua Visconde de Santa Isabel, $200 (duzentos réis); Rua Visconde de Santa Isabel à Av. 28 de Setembro, esquino Rufino de Almeida, $200 (duzentos réis); e da Av. 28 de Setembro, esquino Rufino de Almeida à Praça Saenz Peña, $200 (duzentos réis); e

- S-5 – Rua Engenho de Dentro, Rua Francisca Meyer, Rua Borja Reis, Rua Monteiro da Luz, Rua Torres de Oliveira, Rua Assis Carneiro e vice-versa. Seções: do Engenho de Dentro à Rua Monteiro da Luz, esquina da Rua Leandro Pinto, $200 (duzentos réis); da Rua Monteiro da Luz, esquina da Rua Leandro Pinto à Piedade, $200 (duzentos réis).

Nessa época, sua garagem era na Rua Garcia Pires, nº 4, em Quintino.

(Jornal do Brasil, 15/06/1937)

Já nos dois seguintes recortes, a confirmação das linhas urbanas em operação.

(A Noite, 11/10/1937)

Coisa rara de ser vista, mas aqui temos um grande elogio à empresa – seria matéria paga? , devido à compra de novos veículos para entrar em circulação brevemente nas linhas Praça Saenz Peña x Cascadura.

(Diário Carioca, 31/10/1937)

Mas como nada é perfeito, temos agora reclamações para a empresa, comparando o serviço dela com o que era feito antes pela Viação Primavera. E olhem que o dono da Primavera é o atual dono da Cruz de Malta!

(Jornal do Brasil, 19/04/1938)

Agora vemos a notícia de um acidente envolvendo um ônibus da empresa com um carro particular, onde é citada a linha Engenho de Dentro x Méier, atual versão da S-5.

(Correio da Manhã, 17/01/1939)

Outro problema envolvendo a empresa. Sentia-se que ela estava começando a não cumprir corretamente seus deveres como provedora do transporte coletivo público.

(A Noite, 27/06/1939)

Dois recortes que citam uma negociação com a Viação Grajaú. Juntando-se as informações de ambas, podemos constatar que a Viação Grajaú foi comprada pela Viação Cruz de Malta, tendo suas duas linhas 81 e 82 – Largo de Santa Rita x Grajaú, via Rua Almirante Cochrane e via Rua Moraes e Silva, incorporadas a esta última.

(Gazeta de Notícias, 19/09/1940)

(A Noite, 15/11/1940)

No começo desta nova década, as finanças não estão saudáveis para a empresa e uma concordata preventiva é pedida para ela.

(Gazeta de Notícias (15/02/1942)

E as reclamações à empresa começam a aparecer, especificamente para a linha 74, que acreditamos que foi a única, da série das 70, que sobrou em 1943.

(A Noite, 08/08/1943)

E a empresa torna-se recordista em quantidade de multas, no mês.

(Diário de Notícias, 15/12/1943)

As duas matérias a seguir retratam a derrocada que a empresa vinha sofrendo, devido a seus desserviços à sociedade, culminando com a cassação da linha 74. Apesar da cassação a linha ainda circulou até junho de 1947 (3).

Posteriormente, essa linha foi operada pela Viação Universal Auto Ônibus Ltda.

(Diário da Noite, 19/10/1944)

(Diário Carioca, 26/10/1944)

Apesar dos pesares, ela ainda ia aos trancos e barrancos caminhando, com seus veículos velhos e muitos outros sucateados, como podemos constatar.

Ônibus da linha 81 - 1946

(A Noite, 09/01/1946)

E o fim era previsível. Agora eram as linhas 81 e 82, que passavam para a operação da Lubrasa.

(A Noite, 08/11/1946)

Em termos de informações recolhidas de periódicos normais, a última referência encontrada trata de um julgamento na Justiça do Trabalho (4).

Conforme informação publicada, anunciando a missa de 7º dia, o proprietário da empresa, José Joaquim de Brito, faleceu em abril de 1949 (5). Não temos conhecimento em nome de quem a empresa ficou, a partir deste evento.

Através de DOUs/DF, temos informações que a empresa operou até 1952, quando explorava a linha S-5 – Méier x Cascadura, além de ter feito em 1950 uma nova versão da linha 76, desta vez como Praça Saenz Peña x Madureira e também em 1938, pasmem, a S-87 – Praça da Bandeira x Méier (6).

Linhas operadas:

- Méier x Piedade, de 1931 a 1933
- Engenho de Dentro x Méier, em 1939
- S-5 – Engenho de Dentro x Piedade, de 1937 e 1938, Engenho de Dentro x Cascadura, de 1939 a 1952, tornou-se Méier x Cascadura
- S-87 – Méier x Praça da Bandeira, em 1938
- 74 – Praça Saenz Peña x Cascadura, via Clarimundo de Melo, de 1936 a 1947
- 75 – Praça Saenz Peña x Cascadura, via Assis Carneiro, de 1937 a 1938
- 76 – Praça Saenz Peña x Cascadura, via Av. Suburbana, de 1937 a 1942, depois Praça Saenz  Peña x Madureira, em 1950
- 81 – Largo de Santa Rita x Grajaú, via Almirante Cochrane, de 1940 a 1946
- 82 – Largo de Santa Rita x Grajaú, via Morais e Silva, de 1940 a 1946.

Referências:

(1) – Jornal do Brasil, 24/10/1931
(2) – Jornal do Brasil, 14/01/1933
(3) – A Noite, 06/1947
(4) – Gazeta de Notícias, 05/1948
(5) – Jornal do Brasil, de 22/04/1949
(6) – Diários Oficiais do Distrito Federal, de várias datas

[Pesquisa de Eduardo Cunha e Claudio Falcão]

domingo, 30 de novembro de 2014

Viação Estrella do Norte

No Termo de Obrigação Inicial, de 12 de dezembro de 1932, assinado pelo proprietário da empresa, e também razão social da Viação Estrella do Norte (com dois eles LL), Djalma Pereira Tavares, tendo como sede à Rua Castro Barbosa, nº 22, no Grajaú, assumiu a operação através de “omnibus-automóveis”, da linha Grajahú x Praça Floriano (Conselho Municipal).

A linha tinha o seguinte itinerário: Rua Caravellas com Rua Grajahú, Rua Professor Valladares, Rua Barão de Mesquita, Rua Moraes e Silva, Rua Ibituruna, Rua Mariz e Barros, Praça da Bandeira, Rua Visconde de Itaúna (na ida) e Rua Senador Eusébio (na volta), Rua Marechal Floriano Peixoto, Av. Rio Branco e Praça Floriano Peixoto.

Suas seções eram: da Rua Caravellas à Rua Barão de Mesquita com Rua Uruguay, $200 (duzentos réis); dali à Praça General Portinho, $200 (duzentos réis) e da Praça General Portinho até a Praça Floriano Peixoto, $600 (seiscentos réis), cobrando da Rua Camerino até a Praça Floriano Peixoto, $200 (duzentos réis) e vice-versa. Não havia referências ao preço de passagem direta.

(Jornal do Brasil, 13/12/1932)

Ficha de alumínio da Viação Estrella do Norte

Em 06 de novembro de 1933, através de um Termo Aditivo, é estabelecida uma linha de “ônibus-automóveis” entre Laranjeiras x Praça Mauá, onde foram mantidas as obrigações do termo de 12/12/1932.

Tendo como itinerário, Rua das Laranjeiras, esquina com a Rua Rumânia, Praça Duque de Caxias, Rua Bento Lisboa, Rua Pedro Américo, Rua do Catete, Largo da Glória, Av. Beira-Mar, Av. Rio Branco e Praça Mauá.

Teve como seções: Laranjeiras à Praça Duque de Caxias, $200 (duzentos réis), Praça Duque de Caxias à Praça Marechal Floriano, $200 (duzentos réis) e Praça Marechal Floriano à Praça Mauá, $200 (duzentos réis), sendo a passagem direta, $600 (seiscentos réis) (1).

Não temos a oficialização, através do Termo de Concessão, porém devido aos próximos documentos, tomamos conhecimento da existência de uma linha – Grajahú x Monroe – que foi operada pela empresa, e posteriormente transferida para a Viação Grajahú.

(A   Noite, 10///08/1935)

(Jornal do Brasil, 11/08/1935)

(Jornal do Brasil, 01/10/1935)

Em 1937 a empresa possuía a maior frota da cidade (2).

No incêndio, temos a notícia e confirmação, em 1938, da linha 14 – Leopoldina x Mourisco, que era da Metropolitana, sendo operada pela Estrella do Norte.

(Diário de Notícias, 24/02/1938)

Já em 1941, a frota era de 76 carros, perdendo apenas para a Viação Excelsior, que possuía 114 carros (2).

Como nem tudo são rosas, a empresa que operava linha no bairro chique de Laranjeiras, transfere sua linha para um subúrbio da Leopoldina, o de Brás de Pina.

Conforme o Termo Aditivo de Obrigações, de 11 de março de 1936, a linha Mauá x Laranjeiras foi substituída pela Monroe x Braz de Pina.

Seu itinerário era: Monroe, Av. Rio Branco, Rua Visconde de Inhaúma, Av. Marechal Floriano, Praça da República, Rua Senador Eusébio (na ida), Rua Visconde de Itaúna (na volta), Av. do Mangue, Av. Francisco Bicalho, Rua Francisco Eugênio, Rua São Cristóvão, Av. Pedro Ivo, Quinta da Boa Vista, Rua São Luís Gonzaga, Largo do Pedregulho, Rua D. Ana Néri, Rua Costa Lobo, Rua Licínio Cardoso, Largo de Benfica, Avenida Suburbana, Avenida dos Democráticos, Rua Uranos, Estrada Rio-Petrópolis, até a Estação de Braz de Pina.

E tinha as seções: Monroe a Camerino, $200 (duzentos réis); Monroe à Estação Barão de Mauá, $400 (quatrocentos réis); Estação Barão de Mauá ao Largo da Cancela, $200 (duzentos réis); Largo da Cancela ao Largo de Benfica, $200 (duzentos réis); Largo de Benfica à Estação de Bonsucesso, $200 (duzentos réis); Estação de Bonsucesso à Estação de Ramos, $200 (duzentos réis); Estação de Ramos à Estação da Penha, $200 (duzentos réis) e Estação da Penha à Estação de Braz de Pina, $200 (duzentos réis). E as diretas: Monroe à Estação da Penha, 1$200 (hum mil e duzentos réis) e Estação Barão de Mauá à Estação da Penha, 1$000 (hum mil réis) (3).

Temos aqui um Termo de Prorrogação e Transferência de Autorização, de 19 de março de 1937, onde era prorrogada a licença da empresa por mais um período de 4 anos (a contar de 12/12/1936) e transferida de Djalma Pereira Tavares à Sociedade Cooperativa dos Chauffeurs Proprietários do Rio de Janeiro, na pessoa do Sr. José Simões, seu diretor-presidente. Como seu nome aludia, era uma cooperativa, onde os motoristas eram os proprietários dos veículos. A linha foi mantida como Monroe x Braz de Pina, agora com a numeração 38, assim como o nome fantasia de Viação Estrella do Norte (4).

Agora, já mudando de década, mais exatamente em 1944, encontramos um pequeno recorte que confirma e informa sobre a existência de três linhas da empresa, S21 – Madureira x Estação de Colégio; S23 – Madureira x Penha e S25 – Madureira x Coelho Neto, das quais a S23 seria suspensa temporariamente, em breve.

(O Globo, 10/07/1944)


A seguir um acidente, contendo a imagem do ônibus da empresa envolvido, confirmando a existência da linha S-64 – Penha x Vila Cascatinha.

(A Noite, 07/09/1946)

Dois exemplares de ônibus, mais modernos da empresa em operação – 1948 e 1950 –, circulando nas linhas 37 – Tiradentes x Penha e 98 – Candelária x Vaz Lobo.  

Linha 37 - Tiradentes x Penha, da Viação Estrela do Norte (1948)

Linha 98 - Candelária x Vaz Lobo, da Viação Estrela do Norte (1950)

O próximo recorte comunica a inauguração, em breve, da linha 94 – Candelária x Irajá, tendo como itinerário a Praça Pio X, Av. Presidente Vargas, Avenida Francisco Bicalho, Avenida Brasil, Avenida Paris, Praça das Nações, Rua Cardoso de Morais, Rua Leopoldina Rego, Rua Nicarágua, Rua Guaianazes, Rua Lobo Júnior, Estrada Brás de Pina, Estrada Vicente de Carvalho, Avenida Automóvel Club e Estação de Irajá. Suas seções foram: Candelária a Olaria, Cr$ 2,00 (dois cruzeiros), Hospital do IAPETC ao Irajá, Cr$ 1,50 (um cruzeiro e cinquenta centavos) e inteira, Cr$ 3,00 (três cruzeiros).

(O Globo, 30/03/1950)

Notícia publicada em 1953 dá conta que: “Os ônibus da Estrela do Norte, pertencentes à ex-'Cooperativa de Chauffeurs', hoje Companhia de Transportes Comercial e Importadora, continuam em péssimo estado. As queixas que temos recebido contra as linhas 37 e 36 são constantes, pois esses veículos trafegam superlotados e quase se desmanchando pelo trajeto”. Em seguida eles mencionam um incêndio com um ônibus da linha 38 – Brás de Pina x Praça da Independência, ocorrido 2 dias antes (5).

Verificamos que houve uma troca de razão social na empresa, ocorrida entre 1950 e 1951.

Na matéria a seguir, percebemos a decadência da empresa que faz pouco caso dos passageiros da sua principal linha a 38 – Tiradentes x Brás de Pina, deixando somente “calhambeques” (vejam a foto com o veiculo ampliado), que vira e mexe enguiçam, para atender ao percurso, e desloca os outros para atender a linha Penha x Caxias, provavelmente por ser um itinerário menor.

(Correio da Manhã, 15/06/1957)

Linha 38 - Tiradentes x Brás de Pina, da Viação Estrela do Norte
(Correio da Manhã, 15/06/1957)


Uma greve quase coletiva faz referência provavelmente à última aparição da empresa nos periódicos, 1958. Provavelmente ela acabou. Não sabemos se por falência ou se por perda da sua concessão.

Suas duas linhas restantes, a 38 – Tiradentes x Penha, foi operada posteriormente pela Transportes Escol Ltda. e a Penha x Caxias, pela Transporte Intermunicipal Ltda.

Triste fim de uma grande e tradicional empresa da nossa cidade.

(Diário de Notícias, 04/06/1958)

Linhas operadas (6):

- De 1932 a 1933, Grajahú x Praça Floriano Peixoto;
- De 1933 a 1935, Monroe x Grajahú;
- De 1933 a 1936, Laranjeiras x Praça Mauá;
- De 1945 a 1947, S-21 – Madureira x Colégio, incorporada da Viação Santa Teresa em novembro de 1945;
- De 1945 a 1952, S-22 – Madureira x Irajá, incorporada da Viação Santos Dumont em novembro de 1945;
- De 1945 a 1947, S-23 – Madureira x Penha, incorporada da Viação Santos Dumont em novembro de 1945;
- Em 1945, S-24 – Madureira x Bento Ribeiro, incorporada da Viação Santa Teresa em novembro de 1945;
- Em 1945, S-25 – Madureira x Coelho Neto, incorporada da Viação Santa Teresa em novembro de 1945;
- De 1947 a 1950, S-26 – Madureira x Rocha Miranda;
- De 1941 a 1946, S-64 – Olaria-Penha x Vila Cascatinha, incorporada da Viação Natal em novembro de 1941;
- De 1941 a 1943, S-73 – Penha x R. Dionísio, incorporada da Viação Natal em novembro de 1941;
- De 1941 a 1947, S-74 – Penha x Vila da Penha, incorporada da Viação Natal em novembro de 1941;
- De 1941 a 1948 (quando foi extinta) S-75 – Penha-Parada de Lucas x Duque de Caxias, incorporada da Viação Cruzeiro em novembro de 1941;
- De 1941 a 1957, S-76 – Penha x Parada de Lucas-Vigário Geral-Duque de Caxias, incorporada da Viação Cruzeiro em novembro de 1941;
- De 1941 a 1947, S-78 – Cordovil-Penha x Av. Meriti, incorporada da Viação Natal em novembro de 1941;
- Em 1936, 13 – Monroe x Brás de Pina, mudada para 76, até 1942;
- De 1938 a 1954, 14 – Leopoldina x Mourisco; a partir de novembro de 1941 incorporou a Viação Metropolitana, antes disso operaram em conjunto;
- Em 1934, 15 – Monroe x Grajahú;
- De 1942 a 1953, 36 – Monroe-Praça Tiradentes x Penha;
- De 1942 a 1956, 37 – Monroe-Praça Tiradentes-Candelária x Penha, via São Luiz Gonzaga;
- De 1942 a 1957, 38 – Monroe-Praça Tiradentes x Brás de Pina, substituída pela Escol;
- De 1937 a 1956 (quando foi extinta), 39 – Monroe-Praça Tiradentes x Brás de Pina-Penha;
- Em 1950, 94 – Candelária x Irajá, operada em 1951 e 1952 pela Viação Central;
- Em 1942, 96 – Arsenal da Marinha x Penha;
- Em 1942 e 1943, 97 – Arsenal da Marinha x Penha;
- De 1942 a 1947, 98 – Arsenal da Marinha x Penha;
- De 1942 a 1953, 99 – Arsenal da Marinha-Candelária-Lapa x Brás de Pina-Parada de Lucas-Vigário Geral e
- Em 1958, 143 – Lapa x Penha, posteriormente operada pela Auto Dinâmica, a qual se transformou posteriormente na 332 – Tiradentes x Penha.

Garagens utilizadas (6):

- Sede: Rua Visconde de Itaúna, 341, Centro;
- Rua Guaporé, 256, Brás de Pina;
- Rua Duprat, 5, Estácio;
- Rua Brás de Pina, 148, Penha;
- Rua Marechal Rangel, 957;
- Av. Presidente Vargas, 2683, tel: 32-1191, Centro;
- Rua São Clemente, 71/73, Botafogo;
- Rua General Polidoro, 58, Botafogo;
- Rua Haddock Lobo, 66, Estácio;
- Rua Conde de Bonfim, 255, Tijuca;
- Rua Pereira Nunes, 399, Aldeia Campista;
- Avenida Brás de Pina, 143, Penha (Garagem Estrela do Norte, depois garagem da Transporte Intermunicipal Ltda. e da Viação Central) e
- Rua Ibatã, 41, Vaz Lobo (depois garagem da Federal Auto Ônibus S/A).

Nota: “Quando garoto, no final dos anos 40 e início dos 50, viajei nos ônibus da Estrela do Norte, os Scania Vabis de cabine avançada que faziam a linha Penha – Duque de Caxias, passando pela ‘barreira’ (divisa de estados), localizada em Vigário Geral. Os ônibus eram pintados de verde-seda e o ponto final era na garagem, na Av. Brás de Pina, em uma esquina. Além da garagem existia uma pequena sala de espera, como em uma rodoviária. Afinal de contas... não deixava de ser uma ‘viagem interestadual’ (Distrito Federal – Estado do Rio de Janeiro). Ao chegar de viagem, um funcionário batia nos pneus com um ferro, para saber se estavam cheios e depois colocava água no radiador. Desligar o motor? Nem pensar... a bateria provavelmente não aguentaria o motor de partida. Bons tempos...” (depoimento do historiador Jaime Morais).

Referências:

(1) – Jornal do Brasil, 07/11/1933
(2) – Informações do pesquisador Antonio Sérgio
(3) – Jornal do Brasil, 12/03/1936
(4) – Jornal do Brasil, 20/03/1937, republicado com correções em 21/03
(5) – Jornal do Brasil, 15/01/1953
(6) – Site MILBUS e livro ‘Guerra das Posições na Metrópole’

[Pesquisa de Eduardo Cunha e Claudio Falcão]