domingo, 27 de setembro de 2015

Copanorte Ônibus Ltda.

Sabemos que a empresa começou a operar no final de 1948, apesar de não termos documentos comprobatórios, a linha 120 – Parada de Lucas x Mourisco.

A primeira confirmação oficial nos vem através de uma batida de um dos seus ‘Camões’, da linha 120, contra uma moto, estampada no recorte a seguir.

(A Noite, 16/04/1949)

Os próximos 4 recortes, fazem menção à inauguração de novas linhas da empresa, a 99 – Vigário Geral x Candelária e a 92 – IAPI da Penha x Praça Tiradentes, entre outubro e dezembro.

Este era o trajeto da linha 99: Av. Presidente Vargas, Av. Francisco Bicalho, Av. Brasil, Rua Pirangi, Rua André Azevedo, Rua Angélica Mota, Rua Leopoldina Rego, Rua Nicarágua, Rua Guaianazes, Rua Lobo Júnior, Estr. Braz de Pina, Rua Bento Cardoso, Rua Itabira, Rua Bulhões Marcial e Praça Barbosa Lima. Tendo sido inaugurada esta linha em 28/10/1949.

Suas seções eram: Vigário Geral x IAPETC, Cr$ 1,00 (um cruzeiro); Olaria x Candelária (ou Monroe), Cr$ 2,00 (dois cruzeiros) e inteira, Candelária x Vigário Geral, Cr$ 3,00 (três cruzeiros), das 17 às 19 horas.

A linha 92 teve o seguinte itinerário: Praça Tiradentes, Rua da Constituição, Praça da República (volta pela Av. Passos), Av. Presidente Vargas, Av. Francisco Bicalho, Av. Pedro II, Rua Figueira de Melo, Campo de São Cristóvão, Rua São Luiz Gonzaga, Av. 29 de Outubro, Rua Leopoldo Bulhões, Rua Cardoso de Moraes, Rua Leopoldina Rego e Av. Principal do núcleo do IAPI. Essa linha foi inaugurada em 16/12/1949.

Na primeira matéria é confirmada a utilização dos ACLO com carroceria Grassi, conhecidos como ‘Camões’, para essas linhas, e mantendo o padrão da empresa.

(A Noite, 19/09/1949)

(A Noite, 26/10/1949)

(A Noite, 27/10/1949)

(A Noite, 12/12/1949)

Modelo de ficha utilizada na década de 40, em tamanho de 4,8 cm.


Em matéria paga a seguir, a empresa desfaz possíveis boatos ocorridos contra seu nome. Sua garagem à época era na Rua São Januário, nº 74, São Cristóvão.

(A Noite, 15/05/1950)

Em função de a matéria a seguir ser sobre a substituição de uma linha, descobrimos que a empresa já contava com uma nova linha, a 91 – Praça Tiradentes x Parada de Lucas, informada neste recorte que passará a ser Praça Tiradentes x Acari.

Teve como itinerário: Praça Tiradentes, Rua da Constituição, Praça da República, Av. Presidente Vargas, Av. Francisco Bicalho, Av. Brasil, Rua Lobo Júnior, Estr. Braz de Pina, Rua Bento Cardoso, Rua Itabira, Rua Bulhões Marcial, Parada de Lucas, Av. das Bandeiras, Coelho Neto, Av. dos Encanamentos até Est. de Acari.

Informa também que, na linha 92, será cobrado preço único de Cr$ 2,00 (dois cruzeiros).

(A Noite, 23/08/1950)

Nessa nova informação, vemos a proporção que a empresa tomou na década de 50, com a compra de uma empresa antiga e tradicional ao público da Zona Sul carioca. Essa empresa era a Auto Viação Victoria Ltda., incluindo material rodante e concessão de suas linhas, 65 – Leblon x São Conrado; 70 – Castelo x Leblon e 126 - Olaria x Leblon.

Também confirma a concessão de duas outras linhas, 95 – Candelária x Cascadura e 96 –  Candelária x Inhaúma, e que a empresa, com esse crescimento, deveria atingir cerca de 200 ônibus.

Nota do Editor: Não temos, além dessa acima, informações complementares que garantam a operação da Copanorte nas linhas 65, 95 e 96. Se algum dos nossos leitores tiver, favor nos informar/ceder.

(A Noite, 06/12/1950)

(Gazeta de Notícias, 10/12/1950)

Agora seguem-se 5 recortes que mostram em suas diferentes datas, ônibus da Copanorte, envolvidos em acidentes vários.

O primeiro refere-se a um carro da linha 70 contra um bonde na Av. Presidente Vargas, no Centro. O próximo, a um da linha 126, contra uma residência, em local desconhecido. O terceiro, um carro da linha 91 contra um caminhão, na Estrada de Coelho Neto. Outro, um da linha 120 contra outro bonde na Av. Francisco Bicalho. E por último, mais um ônibus da 120, desta vez no dia de inauguração da variante da linha – como Pavuna x Mourisco – , contra a adutora do Guandu, na ponte de Acari, na Av. Automóvel Club.

(A Noite, 28/11/1951)

Acidente com ônibus da linha 126 - ano: 1952

(Última Hora, 07/06/1952)

(Jornal do Brasil, 01/01/1953)

(Gazeta de Notícias, 17/01/1953)

Segue reclamação contra a linha variante inaugurada, referenciada no parágrafo anterior.

(A Noite, 04/05/1953)

Agora, imagens de ônibus perfeitos, sem batidas, da empresa, sendo três fazendo a linha 70 e um a linha 120.

O primeiro da linha 70 está no ponto final na Estrada de Ferro. Interessante é a terceira imagem, interna ao veículo, onde aparecem além do seu motorista na cadeira dirigindo – e quase fazendo uma atual selfie –, o painel com as informações necessárias aos passageiros e o valor da passagem única da linha, em Cr$ 2,00 (dois cruzeiros).





Nesse item, imagens de duas fichas usadas na década de 50, com medida de 3,1 cm.

Ficha de Cr$2,00 - década de 50

Ficha de Cr$3,00 - década de 50

Começam a aparecer reclamações sobre a linha 70, que tornou-se a bola da vez.

Porém como, na opinião de seus moradores, o Leme estava mal servido de transportes, a bronca não ficou só na 70, respingou na 130 (Braso Lisboa) e também na de lotações para Santa Alexandrina (Norte Sul).

(Correio da Manhã, 20/11/1955)

Um novo recorte mostra que os problemas alegados por seus proprietários não é diferente do de outros proprietários de empresas que já faliram, ou seja, concorrência dos lotações, ruas esburacadas, falta de peças importadas para reposição, preços das passagens baixos, etc., etc.

Nessa matéria, um dos proprietários da Copanorte cita que se continuasse assim, não sobreviveriam por muito tempo, pois dos seus ‘atuais’ 80 veículos, só estavam operando 20, além do que só conseguiram manter em funcionamento duas linhas, a 70 e a 126, agora Penha x Forte Copacabana. Nessa época em diante, sua garagem era na Travessa Aires Pinto, nº 23, em São Cristóvão.

Pela quantidade de veículos citados, 80, é mais um motivo para se considerar que não tenham operado as 3 linhas relacionadas antes, a 65, 95 e 96, ou então o fizeram por muito pouco tempo.

(Gazeta de Notícias, 11/08/1956)

Não temos comprovações, mas sabemos que a empresa pediu falência em 1959.

Porém, os dois recortes adiante fazem menção ao seu nome em 1963 e 1964, sendo que no último a empresa estava sendo executada, aparentemente o ponto final de sua carreira.

(Última Hora, 07/11/1963)

(Diário Carioca, 03/05/1964)

Linhas exploradas pela empresa:

→ 70, de 1951 a 1953, Estrada de Ferro x Leblon e 1955 a 1959, Estrada de Ferro x Leme
→ 91, em 1950, Praça Tiradentes x Parada de Lucas e em 1950, Praça Tiradentes x Acari
→ 92, em 1949, Praça Tiradentes x Penha, depois CTCG
→ 99, em 1949, Candelária x Parada de Lucas; em 1952, Candelária x V Geral; em 1953, Candelária e Lapa x Vigário Geral e em 1954, Lapa x V. Geral
→ 120, de 1948 a 1952, Mourisco x Parada de Lucas; de 1953 a 1955, Mourisco x Pavuna e 1958, Praça Tiradentes x Pavuna, depois 122
→ 122, em 1955, Vigário Geral x Mourisco, depois 122, operada pela Transportes América
→ 126, em 1951 e 1952, Olaria x Leblon; 1953, Olaria x Forte de Copacabana e 1956, Penha x Forte de Copacabana.

Linhas em dúvida:

65, em 1951, Leblon x São Conrado
95, em 1951, Candelária x Cascadura
96, em 1951, Candelária x Inhaúma

[Pesquisa de Eduardo Cunha e Claudio Falcão]

8 comentários:

  1. Em minhas anotações a linha Leblon-Sâo Conrado tinha o número S-81 e foi operada pela Viação Victória entre 1945 e 1950. A linha 95 era Candelária-Inhaúma e tenho anotado que circulou até 1955. Vou rever minha planilha. Parabéns pelo belo trabalho!!!! (Emilson França).

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    1. Emilson, boa tarde, Grato pelas informações, mas o que eu queria era a confirmação das linhas terem sido operadas pela Copanorte e não pela Victória pois esta, através da matéria nos confirmou que acabou ao ser comprada em 50. Particularmente acredito que a Copanorte só operou a 70, as outras??? Abraços e grato também pelo elogio.

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  2. Recordo perfeitamente do inicio das atividades da Copanorte, na linha 120 e depois na 92, na ocasião em que garoto, residia na Penha. Uma característica destes ACLO eram serem velozes e um tanto incontroláveis, o que acarretou uma série de acidentes, levando os usuários a apelida-los de CopaMorte.
    Um dos acidentes, não relatado, ocorreu na Rua Cardoso de Moraes, quando um "120" colidiu com uma farmácia proximo a esquina da Rua João Torquato, fazendo com que o balconista perdesse uma das pernas. Embora utilizassem um enorme tacômetro, nada impedia que os motoristas da empresa andassem como um bando de loucos...

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    1. Jaime, grato pelo comentário e seus relatos adicionais. Sei que esses ACLOs voavam, pois andei muito na 12 e via como era. Sobre os tacômetros, acredito que não eram revisados ou analisados por alguém, ou seja não serviam para nada...pena!! Abraços e volte mais vezes.

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  3. Prezado Eduardo, estou em dúvida. Para mim, a linha 126 foi encurtada, passando a ser Praça da Bandeira x Leblon, na Transporte Mercúrio. A ligação entre Olaria e o Forte de Copacabana recebeu a numeração 105, sendo transferida para a Paraense com a falência da Copanorte. Outra dúvida, a numeração correta da linha São Conrado x Leblon não seria a linha 5? Com o fim da Copanorte, a linha Tiradentes x IAPI da Penha ficou com e empresa de lotações Tiradentes, que se transformou em empresa de ônibus, esticando a linha até o Cosme Velho e depois Laranjeiras, já com o número 113. Abraços, Antonio Sérgio.

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    1. Boas Antonio Sérgio. Sim a Mercúrio operou as linhas 125 e 126, como Pça. da Bandeira x Leblon, via Jóckey e via Copacabana, ao que eu não chamaria de encurtamento de linha e sim criação de dois itinerários novos. Já a Paraense, fez a 106, ou seja a antiga 126, apenas troca de numeração e empresa operadora e em ambos os casos, como você citou devido a falência da Copanorte. Essas 3 linhas começaram a operar em 1958. Sim uma linha de lotações individuais, aproveitou a falência e montou a empresa, no caso a Tiradentes, mas a linha antes (1957) era da Dinâmica. Na minha relação só tenho como 65 e S-81 e nenhum 5?, para a linha São Conrado. Abraços e volte nais vezes.

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  4. A empresa de lotações que sucedeu a Copanorte e que fazia a linha do IAPI da Penha era a Auto- Dinâmica, com veiculos Chevrolet. A garagem era na Av. Teixeira de Castro.

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  5. Jaime, grato pela confirmação e acima de tudo por informar que a Dinâmica era em lotações e seu endereço era na citada rua no número 83, sua sede social. Sua garagem era na Praça Rodrigo Ortigão. 17, a qual não sei onde era na época. Volte sempre.

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