Nota do Editor: “No início do mês de
junho de 2016, recebi dois contatos que nos ajudaram a conseguir novas
informações sobre a família Bianchi, desde Mário, fundador da dinastia, até sua
esposa Da. Prazeres, seu filho Trieste e demais pessoas, que se envolveram nos
negócios da família, principalmente em suas empresas de ônibus, que terminou
nesta – a Nacional –, e que a partir de agora após revisarmos, refazermos,
retirarmos e colocarmos informações novas nos textos das matérias antes
existentes, além de fotos e documentos variados, baseados nos dados fornecidos
por Trieste, Erik e Bernardo Bianchi, estes dois últimos bisnetos de Mário e
netos de Trieste, aos quais agradecemos a confiança e colaboração do que nos
foi mostrado e cedido. Desde já o nosso obrigado sincero, pois tratam-se de
informações que vieram engrandecer nossas pesquisas, além de algumas pessoais, que
não serão divulgadas. Esse conjunto de alterações envolvem as Viações Nacional,
Suburbana, Carioca, Cruzeiro do Sul e Central, esta não pertencente ao grupo
Bianchi”.
Nossa matéria começa com algumas
páginas da escritura de constituição da empresa, contendo a relação de seus
sócios e demais informações pertinentes. Leiam os textos.
ÔNIBUS COMO A CIDADE NUNCA TEVE!
“Entra em tráfego, amanhã, a mais moderna frota de ônibus [os “gostosões”] do Rio – Viação Nacional S/A, empresa que surgiu da tradição do nome de Mário Bianchi, grande animador do progresso carioca – Ligando as praças Malvino Reis e General Osório – Preço menor para mais conforto”. Com a chancela do filho de Bianchi – Trieste Bianchi, como Superintendente da empresa – e da sua viúva, Da. Prazeres Bianchi.
Seu itinerário era: Praça Malvino
Reis, Rua Barão de Mesquita, Rua Uruguai, Rua Conde de Bonfim, Rua Haddock Lobo,
Avenidas Paulo de Frontin, Presidente Vargas, Rio Branco e Beira Mar, Praia do
Flamengo, Avenida Oswaldo Cruz, Praia de Botafogo, Rua da Passagem, Avenida
Princesa Isabel, Avenida N. S. de Copacabana, Rua Francisco Sá e Praça General
Osório.
Suas tarifas (com o slogan da empresa “o preço é mais barato
do que está em vigor em outras linhas”): Praça Malvino Reis à Cidade Cr$ 1,50,
Cidade à Praça General Osório, Cr$ 2,00 e Direta, Cr$ 3,00.
Devemos ressaltar que a empresa
comprou inicialmente 15 veículos GMs importados, encarroçou mais outros 5 aqui
e encomendou outros 15 da GM internacional, ou seja, começou provocante, bem ao
estilo da família Bianchi.
Seguem algumas imagens de
“gostosões” da Nacional, nos anos 40/50, sendo que um deles, já com a pintura
original e o disco, porém ainda sem o número de ordem.
Conforme informação anunciada, a
nova linha era a 109.
Fichas utilizadas pelos GMC, nas
décadas de 40 e 50.
Com a nomenclatura oficial da
empresa, Auto Viação Nacional S/A, é anunciada uma troca de itinerário na linha
109. Veja a seguir.
E posteriormente a empresa
impetra um mandado de segurança, contra o Diretor de Tráfego Sr. Edgard
Estrela, em função da mudança do itinerário aprovado pela Prefeitura do
Distrito Federal.
Conforme certidões anexas, a
Viação Nacional adquire a concessão das linhas 72 e 105, bem como um terreno,
para futura garagem, à Rua São Miguel, nº 179, da Ônibus Central Ltda.,
respectivamente em 1950 e 1955, mantendo a exploração das linhas do Grajaú.
Dessa forma a garagem da Nacional
compreende terrenos da Rua Conde de Bonfim, nº 916, com fundos para a Rua São
Miguel, 177 e 179.
Agora temos informações sobre
alterações nos itinerários das linhas 105 e 110.
A 105, é uma linha dividida com a
Relâmpago, Grajaú x Copacabana, desde 1948 até 1952 e a 110, Grajaú x
Laranjeiras – Cosme Velho, desde 1951.
Como em toda empresa, há
confusões e principalmente naquelas épocas – difíceis de serem resolvidos –
temos aqui um exemplo.
A seguir, uma imagem de outro
gostosão da Nacional em 1953, da linha 109, desta vez batido em um bonde.
Nessa década, aparece o primeiro
incidente com um veículo da empresa, tratando-se de um incêndio.
Dito na notícia, o motorista ao
ver a enorme quantidade de fumaça sair do motor, avisou aos passageiros para
que deixassem o carro rapidamente para evitar um acidente de grandes
proporções, visto já estar em brasas. Com todo o respeito ao caso, vale um
trocadilho, porque o motorista pediu para que os passageiros deixassem
rapidamente o ônibus? Por que era um “Carbrasas”.
Conforme matéria, a Nacional
conseguiu suspender um mandado de segurança impetrado contra ela, devido à apreensão de alguns dos seus veículos.
Devido a um novo plano de
transportes – óbvio de interesses outros –, o Departamento de Concessões propôs
mudanças em itinerários, o que não agradou especificamente à Nacional, que diz
que perderia muitos passageiros com essa mudança, que afetaria a linha 109.
Em depoimento ao jornal, ele cita
o que aconteceria, inclusive o que já vinha ocorrendo, envolvendo o excesso de
concessões dadas aos lotações individuais. Leiam a matéria completa.
Como essa matéria é de 1954,
estamos falando realmente de uma época na qual proliferaram os lotações no
Distrito Federal e cidades da Baixada Fluminense.
O aviso a seguir informa a
mudança de um ponto final no Centro, da linha 72, provavelmente decorrente do
plano citado nos parágrafos anteriores.
Consequência de vários fatores,
entre eles o custo das peças importadas, a canibalização e falta de reposição,
do mau uso e manuseio pelos próprios mecânicos e motoristas, as empresas
cariocas que trabalhavam com veículos importados estavam sentindo a dificuldade
em continuar a operar suas linhas e reduzindo constantemente suas frotas, que
eram vendidas a preço de ferro-velho. E pior, arriscadas a fechar suas portas.
Desta vez tomamos conhecimento de
um acidente, para nós o primeiro da empresa no Grajaú, que culminou com o
falecimento de uma senhora. Soubemos, através do proprietário do imóvel, já ser
a segunda vez que um carro da Nacional bate naquele imóvel.
Pelo que podemos observar, a
Nacional está começando a escorregar na preferência dos seus passageiros, desta
vez com a criação de um passe-troco de Cr$ 0,50, conforme mostra a matéria,
para forjar não ter troco e prejudicar seus usuários. Nesse caso, o ônibus era
da 110.
Já avançamos dois anos, mas
conforme citado na matéria abaixo, a Nacional continua derramando sua invenção
no público – agora, no caso, duas linhas com o número 110 –, sem que o
Departamento de Concessões tome providências. E notem que tem algo de errado,
citado na matéria, informando o número de ordem do carro como sendo 10.201 –
quando seu primeiro prefixo atribuído foi 10.25X e definitivamente 10.5XX.
Pelos dois recortes a seguir,
vemos que o espólio de Mário Bianchi ficou longos anos sem ser realizado, o que
levou a justiça a exigir apresentação de comprovação de prestação de contas
para legalização do processo, sob pena de responderem por penas e danos,
judicialmente, seus representantes.
Conforme informações recentes,
recebidas do contato com seu bisneto, toda comprovação foi efetuada, tendo as
dívidas sido quitadas, tanto que o terreno da Rua São Miguel hoje é explorado
comercialmente pela família. A residência de Mário Bianchi
foi desapropriada, tendo os herdeiros Trieste, Vera (irmã) e Roberto
(sobrinho dos dois) recebendo da Prefeitura o valor da desapropriação.
Posteriormente transformada pela Prefeitura em um local que é conhecido como
Centro Municipal de Referência da Música Carioca Artur da Távola.
Seguindo a matéria, vejam diferentes
tipos de fichas da empresa, utilizadas nas décadas de 50 e 60.
Uma matéria compara as empresas
legalizadas com as bagunças feitas pelos lotações, e comenta a ausência de
fiscais suficientes para fazer a devida verificação para melhorar os serviços
de transporte, no Estado.
E como já vinha sendo notado, o fim
vai surgindo. Vejam o caso descrito nesta matéria sobre a linha 109 da
Nacional, bem como citada a São Sebastião Ônibus Ltda. Mas a mesma não acabou e
entrou no processo de troca de números de linhas para 428.
Um modelo de ônibus Volvo,
utilizado pela empresa, ainda circulando na década de 60.
Os dois próximos, texto e imagem,
comprovam o estado em que se encontrava a empresa, a qual foi requerida a
decretação da sua falência, por uma sua credora, na 1ª. Vara Cível, confirmando
sua garagem no mesmo endereço inicial da Rua Conde de Bonfim, nº 916, na
Tijuca.
Vejam o estado físico de um
ônibus Volvo/Carbrasa, totalmente mal tratado, já
inclusive sem disco nem número de ordem.
Em 1965, três sócios se
interessaram em entrar para o ramo de transportes e compraram a Nacional, como
os DO’s a seguir relatam. Podemos aqui constatar que não houve falência da
Nacional e sim uma venda, que para efeitos da nova empresa Transportes Niterói
Ltda., não veio a dar certo, não conseguindo concretizar o compromisso feito
com a Prefeitura no prazo definido, fazendo assim que no mesmo ano de 1965, a
Niterói cessasse sua operação.
Sua linha restante, a 422, passou
a ser operada pela Viação Verdun S/A.
Linhas operadas pela empresa:
53 è Lapa x R. Maxwell (Relâmpago e Nacional), de 1957 a 1958
72 è Lgo. Candelária x Grajaú (Nacional), de 1955 a 1957
105 è Grajaú x Copacabana e Gal. Osório (Relâmpago e
Nacional), de 1947 a 1953
109 è Pça. M. Reis x Ipanema (Nacional), de 1951 a 1963, substituída
pela 428
110 è Grajaú x Laranjeiras - Cosme Velho (Nacional), de 1952
a 1963. substituída pela 422
422 è Grajaú x C. Velho (Nacional-Niterói), de 1964 a 1965,
depois Verdun
428 è Pça. M. Reis x Ipanema (Nacional), 1964
Em 1991, a SETRANSPARJ, no ano do
seu cinquentenário, e a RIO ÔNIBUS
(Empresas de Ônibus da Cidade de Rio de Janeiro), em 2011, quando comemorou 70
anos, ofereceram placas homenageando e reconhecendo a Trieste Bianchi e Mário
Bianchi, pelos trabalhos prestados à população carioca, conforme mostramos a
seguir.
[Pesquisa de Eduardo Cunha e Claudio
Falcão]
Prezado Eduardo, vale lembrar que mesmo com as dificuldades que a Viação Nacional passava, o sr. Tristão Bianchi era, em 1962, presidente do Sindicato das Empresas de transportes de passageiros do Rio de janeiro.
ResponderExcluirAbraços,
Antonio Sérgio
Caro Antonio Sérgio, me leva a pensar quão abagunçado deveria ser esse Sindicato.
ExcluirOlá e parabêns pelo blog!
ResponderExcluirPosso pedir uma ajuda? Estou tentando obter informações sobre a linha 428, que veio a substituir a 109 da Nacional. Gostaria de saber quando foi desativada e qual outra veio a substituí-la no percurso entre Copacabana e Tijuca.
Obrigado e agradeço antecipadamente qualquer informação!
Olá Guilherme, grato pela visita e elogio ao blog. Até onde eu sei quando a Nacional/Niterói, acabaram a CTC ficou com a linha até 65/66, depois aparente ater sumido. Abraços e volte sempre.
ExcluirBoa tarde, Cláudio. Grato pela primeira visita a página e os comentários aos trabalhos. Realmente são esses nossos objetivos, mostrar e contar informações verdadeiras e que temos conhecimento para contribuir com o hobby. Volte sempre e abraços.
ResponderExcluirGrande Eduardo, parabéns pela riqueza de detalhes sobre a história da Nacional. Notamos que problemas no sistema de transportes daquela época, são recorrentes até os dias atuais.
ResponderExcluirBoa tarde Edvaldo, tudo bom? Grato pela visita e elogios a matéria. Estamos aqui com o intuito de tentar oferecer o mais preciso a quem gosta de ônibus, no caso das antigas empresas carocas. Acredito que o problema sempre será o mesmo. Volte mais vezes.
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