domingo, 27 de setembro de 2015

Copanorte Ônibus Ltda.

Sabemos que a empresa começou a operar no final de 1948, apesar de não termos documentos comprobatórios, a linha 120 – Parada de Lucas x Mourisco.

A primeira confirmação oficial nos vem através de uma batida de um dos seus ‘Camões’, da linha 120, contra uma moto, estampada no recorte a seguir.

(A Noite, 16/04/1949)

Os próximos 4 recortes, fazem menção à inauguração de novas linhas da empresa, a 99 – Vigário Geral x Candelária e a 92 – IAPI da Penha x Praça Tiradentes, entre outubro e dezembro.

Este era o trajeto da linha 99: Av. Presidente Vargas, Av. Francisco Bicalho, Av. Brasil, Rua Pirangi, Rua André Azevedo, Rua Angélica Mota, Rua Leopoldina Rego, Rua Nicarágua, Rua Guaianazes, Rua Lobo Júnior, Estr. Braz de Pina, Rua Bento Cardoso, Rua Itabira, Rua Bulhões Marcial e Praça Barbosa Lima. Tendo sido inaugurada esta linha em 28/10/1949.

Suas seções eram: Vigário Geral x IAPETC, Cr$ 1,00 (um cruzeiro); Olaria x Candelária (ou Monroe), Cr$ 2,00 (dois cruzeiros) e inteira, Candelária x Vigário Geral, Cr$ 3,00 (três cruzeiros), das 17 às 19 horas.

A linha 92 teve o seguinte itinerário: Praça Tiradentes, Rua da Constituição, Praça da República (volta pela Av. Passos), Av. Presidente Vargas, Av. Francisco Bicalho, Av. Pedro II, Rua Figueira de Melo, Campo de São Cristóvão, Rua São Luiz Gonzaga, Av. 29 de Outubro, Rua Leopoldo Bulhões, Rua Cardoso de Moraes, Rua Leopoldina Rego e Av. Principal do núcleo do IAPI. Essa linha foi inaugurada em 16/12/1949.

Na primeira matéria é confirmada a utilização dos ACLO com carroceria Grassi, conhecidos como ‘Camões’, para essas linhas, e mantendo o padrão da empresa.

(A Noite, 19/09/1949)

(A Noite, 26/10/1949)

(A Noite, 27/10/1949)

(A Noite, 12/12/1949)

Modelo de ficha utilizada na década de 40, em tamanho de 4,8 cm.


Em matéria paga a seguir, a empresa desfaz possíveis boatos ocorridos contra seu nome. Sua garagem à época era na Rua São Januário, nº 74, São Cristóvão.

(A Noite, 15/05/1950)

Em função de a matéria a seguir ser sobre a substituição de uma linha, descobrimos que a empresa já contava com uma nova linha, a 91 – Praça Tiradentes x Parada de Lucas, informada neste recorte que passará a ser Praça Tiradentes x Acari.

Teve como itinerário: Praça Tiradentes, Rua da Constituição, Praça da República, Av. Presidente Vargas, Av. Francisco Bicalho, Av. Brasil, Rua Lobo Júnior, Estr. Braz de Pina, Rua Bento Cardoso, Rua Itabira, Rua Bulhões Marcial, Parada de Lucas, Av. das Bandeiras, Coelho Neto, Av. dos Encanamentos até Est. de Acari.

Informa também que, na linha 92, será cobrado preço único de Cr$ 2,00 (dois cruzeiros).

(A Noite, 23/08/1950)

Nessa nova informação, vemos a proporção que a empresa tomou na década de 50, com a compra de uma empresa antiga e tradicional ao público da Zona Sul carioca. Essa empresa era a Auto Viação Victoria Ltda., incluindo material rodante e concessão de suas linhas, 65 – Leblon x São Conrado; 70 – Castelo x Leblon e 126 - Olaria x Leblon.

Também confirma a concessão de duas outras linhas, 95 – Candelária x Cascadura e 96 –  Candelária x Inhaúma, e que a empresa, com esse crescimento, deveria atingir cerca de 200 ônibus.

Nota do Editor: Não temos, além dessa acima, informações complementares que garantam a operação da Copanorte nas linhas 65, 95 e 96. Se algum dos nossos leitores tiver, favor nos informar/ceder.

(A Noite, 06/12/1950)

(Gazeta de Notícias, 10/12/1950)

Agora seguem-se 5 recortes que mostram em suas diferentes datas, ônibus da Copanorte, envolvidos em acidentes vários.

O primeiro refere-se a um carro da linha 70 contra um bonde na Av. Presidente Vargas, no Centro. O próximo, a um da linha 126, contra uma residência, em local desconhecido. O terceiro, um carro da linha 91 contra um caminhão, na Estrada de Coelho Neto. Outro, um da linha 120 contra outro bonde na Av. Francisco Bicalho. E por último, mais um ônibus da 120, desta vez no dia de inauguração da variante da linha – como Pavuna x Mourisco – , contra a adutora do Guandu, na ponte de Acari, na Av. Automóvel Club.

(A Noite, 28/11/1951)

Acidente com ônibus da linha 126 - ano: 1952

(Última Hora, 07/06/1952)

(Jornal do Brasil, 01/01/1953)

(Gazeta de Notícias, 17/01/1953)

Segue reclamação contra a linha variante inaugurada, referenciada no parágrafo anterior.

(A Noite, 04/05/1953)

Agora, imagens de ônibus perfeitos, sem batidas, da empresa, sendo três fazendo a linha 70 e um a linha 120.

O primeiro da linha 70 está no ponto final na Estrada de Ferro. Interessante é a terceira imagem, interna ao veículo, onde aparecem além do seu motorista na cadeira dirigindo – e quase fazendo uma atual selfie –, o painel com as informações necessárias aos passageiros e o valor da passagem única da linha, em Cr$ 2,00 (dois cruzeiros).





Nesse item, imagens de duas fichas usadas na década de 50, com medida de 3,1 cm.

Ficha de Cr$2,00 - década de 50

Ficha de Cr$3,00 - década de 50

Começam a aparecer reclamações sobre a linha 70, que tornou-se a bola da vez.

Porém como, na opinião de seus moradores, o Leme estava mal servido de transportes, a bronca não ficou só na 70, respingou na 130 (Braso Lisboa) e também na de lotações para Santa Alexandrina (Norte Sul).

(Correio da Manhã, 20/11/1955)

Um novo recorte mostra que os problemas alegados por seus proprietários não é diferente do de outros proprietários de empresas que já faliram, ou seja, concorrência dos lotações, ruas esburacadas, falta de peças importadas para reposição, preços das passagens baixos, etc., etc.

Nessa matéria, um dos proprietários da Copanorte cita que se continuasse assim, não sobreviveriam por muito tempo, pois dos seus ‘atuais’ 80 veículos, só estavam operando 20, além do que só conseguiram manter em funcionamento duas linhas, a 70 e a 126, agora Penha x Forte Copacabana. Nessa época em diante, sua garagem era na Travessa Aires Pinto, nº 23, em São Cristóvão.

Pela quantidade de veículos citados, 80, é mais um motivo para se considerar que não tenham operado as 3 linhas relacionadas antes, a 65, 95 e 96, ou então o fizeram por muito pouco tempo.

(Gazeta de Notícias, 11/08/1956)

Não temos comprovações, mas sabemos que a empresa pediu falência em 1959.

Porém, os dois recortes adiante fazem menção ao seu nome em 1963 e 1964, sendo que no último a empresa estava sendo executada, aparentemente o ponto final de sua carreira.

(Última Hora, 07/11/1963)

(Diário Carioca, 03/05/1964)

Linhas exploradas pela empresa:

→ 70, de 1951 a 1953, Estrada de Ferro x Leblon e 1955 a 1959, Estrada de Ferro x Leme
→ 91, em 1950, Praça Tiradentes x Parada de Lucas e em 1950, Praça Tiradentes x Acari
→ 92, em 1949, Praça Tiradentes x Penha, depois CTCG
→ 99, em 1949, Candelária x Parada de Lucas; em 1952, Candelária x V Geral; em 1953, Candelária e Lapa x Vigário Geral e em 1954, Lapa x V. Geral
→ 120, de 1948 a 1952, Mourisco x Parada de Lucas; de 1953 a 1955, Mourisco x Pavuna e 1958, Praça Tiradentes x Pavuna, depois 122
→ 122, em 1955, Vigário Geral x Mourisco, depois 122, operada pela Transportes América
→ 126, em 1951 e 1952, Olaria x Leblon; 1953, Olaria x Forte de Copacabana e 1956, Penha x Forte de Copacabana.

Linhas em dúvida:

65, em 1951, Leblon x São Conrado
95, em 1951, Candelária x Cascadura
96, em 1951, Candelária x Inhaúma

[Pesquisa de Eduardo Cunha e Claudio Falcão]

domingo, 20 de setembro de 2015

Viação Universal Auto Ônibus Ltda.

Conforme informações colhidas em publicações oficiais, a Viação Universal Auto Ônibus Ltda. começou suas atividades em 1946, com as linhas 74 – Cascadura x Lapa e S-15 – Cascadura x Freguesia.

Adiante mostramos um recorte, no qual é noticiado um atentado contra um motorista da empresa, em setembro de 1947.

(Diário Carioca, 05/09/1947)

E em setembro de 1948, eram anunciados no diário ‘A Noite’, os trajetos das seguintes linhas exploradas pela Universal, a serem implementados a partir do dia 13 daquele mês:

Linha 74 – Cascadura x Lapa – itinerário: Ida – Cascadura, Nerval de Gouvêa, Elias da Silva, Piedade, Assis Carneiro, Clarimundo de Melo, Av. Amaro Cavalcanti, Engenho de Dentro, Adolfo Bergamini, Dias da Cruz, Méier, Vinte e Quatro de Maio, Barão de Bom Retiro, José do Patrocínio, Barão de Mesquita, Uruguai, Conde de Bonfim, Saenz Peña, Haddock Lobo, Campos Sales, Mariz e Barros, Av. Presidente Vargas, Av. Rio Branco, Passeio Público e Rua do Passeio. Volta: O mesmo trajeto, porém por Praça Paris, Av. Treze de Maio, Largo da Carioca, Uruguaiana, etc.

Linha 76 – Madureira x Saenz Peña – itinerário: Estrada Marechal Rangel, ruas Carolina Machado, Maria Freitas, Carvalho de Souza, Av. Suburbana, ruas Bernardino de Campos, Goiás, Amaro Cavalcanti, Adolfo Bergamini, Dias da Cruz, Méier, Vinte e Quatro de Maio, ruas Méier, Hermengarda, Lins de Vasconcelos, Cabuçu, Dona Romana, Barão de Bom Retiro, José do Patrocínio, Visconde de Santa Isabel, Praça Sete (Barão de Drummond), Av. Vinte e Oito de Setembro, ruas Pereira Nunes, Barão de Mesquita, General Roca e Praça Saenz Peña.

Linha S-15 – Cascadura x Freguesia – itinerário: Cascadura, Coronel Rangel, Cândido Benício, Geremário Dantas, Freguesia, e vice-versa.

(A Noite, 11/09/1948)

Poucos dias depois, o periódico ‘Diário da Noite’ publicava matéria de página inteira, fartamente ilustrada, dando conta do reaparelhamento da frota da empresa, bem como da confirmação do trajeto das mencionadas linhas.

Verifica-se que os vinte e dois novos ônibus postos em circulação pela Universal – nas cores grená e creme – tinham carrocerias CAIO (Companhia Americana Industrial de Ônibus) e chassis Volvo, com capacidade para trinta e nove passageiros sentados e trinta em pé.

A sede da empresa localizava-se à Rua Garcia Pires, nº 4 – Quintino, sendo seus dirigentes e proprietários os srs. Alberto Rodrigues, Mário Rodrigues e Carlos Chaves.

(Diário da Noite, 15/09/1948)

Segue imagem de ficha utilizada na década de 40.


O mesmo periódico, em novembro daquele ano, exibia um pequeno ‘cartão de propaganda’, no qual eram confirmadas as linhas exploradas pela empresa, bem como o seu endereço, informando ainda o número da sua linha telefônica: 29-8863.

(Diário da Noite, 01/11/1948)

Já em março do ano seguinte, eram divulgadas na imprensa alterações nos itinerários das linhas 76 e 74, a saber:

Linha 76 – Madureira x Saenz Peña – Ruas Carolina Machado, Largo de Cascadura, Av. Vinte e Nove de Outubro, Largo da Abolição, Av. Vinte e Nove de Outubro, Largo dos Pilares, Av. Vinte e Nove de Outubro, Rua José Bonifácio, Rua Arquias Cordeiro, Praça do Engenho Novo, Rua Souza Barros, Rua Silva Freire, Rua Vinte e Quatro de Maio, Rua Barão de Bom Retiro, Rua José do Patrocínio, Rua Visconde de Santa Isabel, Praça Barão de Drummond, Av. Vinte e Oito de Setembro, Largo do Maracanã, Rua São Francisco Xavier, Rua Almirante Cochrane e Praça Saenz Peña, sendo na volta mantido o mesmo itinerário.

Linha 74 – Cascadura x Lapa – itinerário: não mais entraria na Rua Campos Sales, tanto na ida quanto na volta, não mais passando pela Praça da Bandeira, trafegando então pela Rua Haddock Lobo, Rua Machado Coelho, Av.Presidente Vargas, etc., obedecendo na volta ao mesmo percurso.

(A Noite, 10/03/1949)

(A Noite, 11/03/1949)

Modelo de ônibus utilizado pela Universal, ainda na linha de montagem na Carbrasa.

Ônibus da linha 74 - Lapa x Cascadura - década de 50

No recorte a seguir, verifica-se um acidente ocorrido em julho de 1951 com um carro da linha Cascadura x Lapa, na Rua Barão de Bom Retiro.

(A Noite, 19/07/1951)

Ainda naquele mês, um pool de empresas, dentre elas a Universal, mandava publicar um anúncio, congratulando-se com o periódico ‘A Noite’ pela passagem de seu 40º aniversário.

(A Noite, 31/07/1951)

Observa-se pela pequena nota adiante, de novembro de 1952, que a situação já não se mostrava boa para a empresa, pois o pedido de sua concordata preventiva era deferido pelo juiz da 16ª Vara Cível. Aqui são informados seus endereços, pois, além da Rua Garcia Pires, aparece a Rua Nerval de Gouvêa, nº 189, 189-A e 193. 

(Correio da Manhã, 07/11/1952)

Duas imagens do mesmo acidente de um ônibus contra um bonde, em 1953.


(Diário da Noite, 10/02/1953)

Em julho de 1955, era noticiada uma extensão no percurso da linha 74 – Lapa x Cascadura, que a partir do final do mês anterior passara a circular até a Praça Barão da Taquara (Praça Seca), bem como a majoração de 1 (um) cruzeiro em sua tarifa.

(Diário de Notícias, 01/07/1955)

Tal majoração causou uma incoerência nas tarifas dessa linha, pelo motivo que a seção Méier x Lapa, mantida no novo percurso, também passou por um aumento de 1 (um) cruzeiro, como pode ser comprovado pelo recorte a seguir, o que, aparentemente, não deveria ter ocorrido.

(Correio da Manhã, 04/09/1955)

Segue imagem de ficha utilizada na década de 50.


E em agosto de 1956, verifica-se um leilão judicial da massa falida da Viação Universal.

(Correio da Manhã, 05/08/1956)

Sanduíche Universal!!! O pobre coitado do ônibus da linha 74 ficou encaixado entre um bonde e um outro ônibus, este da linha S-6 – Méier x Cascadura, da Viação Estrela de Prata.

Acidente entre ônibus das linhas S-6 e 74 e um bonde - 1956

Apesar de em agosto de 1956 ter sido anunciado um leilão da massa falida, podemos notar, pelo recorte a seguir, que, pelo menos até julho de 1963, prosseguiu o processo de falência da empresa. E sabemos que, até 1964, a mesma operou a linha 258, antiga 74.

(Correio da Manhã, 31/07/1963)

Linhas exploradas pela Viação Universal:

→ 1946 e 1947 – Linha 74, Cascadura x Saenz Peña (em conjunto com a Viação Cruz de Malta).

→ 1947 a 1953 – Linha 74, Cascadura x Lapa; em 1954, Lapa x Saenz Peña; e em 1955, Lapa x Praça Seca (dividida com as viações Moderna, Mercedes ou Arcoense).

→ 1948 e 1949 – Linha 76, Praça Saenz Peña x Madureira (depois passou para a Viação Suburbana).

→ 1964 – Linha 258, Lapa x Cascadura (depois passou para a Viação Arcoense).

→ 1946 a 1948 – Linha S-15, Cascadura x Freguesia (depois passou para a Viação Jacarepaguá).

[Pesquisa de Claudio Falcão e Eduardo Cunha]

domingo, 13 de setembro de 2015

Auto Viação Nacional S.A.

Nota do Editor: No início do mês de junho de 2016, recebi dois contatos que nos ajudaram a conseguir novas informações sobre a família Bianchi, desde Mário, fundador da dinastia, até sua esposa Da. Prazeres, seu filho Trieste e demais pessoas, que se envolveram nos negócios da família, principalmente em suas empresas de ônibus, que terminou nesta – a Nacional –, e que a partir de agora após revisarmos, refazermos, retirarmos e colocarmos informações novas nos textos das matérias antes existentes, além de fotos e documentos variados, baseados nos dados fornecidos por Trieste, Erik e Bernardo Bianchi, estes dois últimos bisnetos de Mário e netos de Trieste, aos quais agradecemos a confiança e colaboração do que nos foi mostrado e cedido. Desde já o nosso obrigado sincero, pois tratam-se de informações que vieram engrandecer nossas pesquisas, além de algumas pessoais, que não serão divulgadas. Esse conjunto de alterações envolvem as Viações Nacional, Suburbana, Carioca, Cruzeiro do Sul e Central, esta não pertencente ao grupo Bianchi”.

Nossa matéria começa com algumas páginas da escritura de constituição da empresa, contendo a relação de seus sócios e demais informações pertinentes. Leiam os textos.

Escritura (30/01/1948)

ÔNIBUS COMO A CIDADE NUNCA TEVE!

“Entra em tráfego, amanhã, a mais moderna frota de ônibus [os “gostosões”] do Rio – Viação Nacional S/A, empresa que surgiu da tradição do nome de Mário Bianchi, grande animador do progresso carioca – Ligando as praças Malvino Reis e General Osório – Preço menor para mais conforto”. Com a chancela do filho de Bianchi – Trieste Bianchi, como Superintendente da empresa – e da sua viúva, Da. Prazeres Bianchi.

Seu itinerário era: Praça Malvino Reis, Rua Barão de Mesquita, Rua Uruguai, Rua Conde de Bonfim, Rua Haddock Lobo, Avenidas Paulo de Frontin, Presidente Vargas, Rio Branco e Beira Mar, Praia do Flamengo, Avenida Oswaldo Cruz, Praia de Botafogo, Rua da Passagem, Avenida Princesa Isabel, Avenida N. S. de Copacabana, Rua Francisco Sá e Praça General Osório.

Suas tarifas (com o slogan da empresa “o preço é mais barato do que está em vigor em outras linhas”): Praça Malvino Reis à Cidade Cr$ 1,50, Cidade à Praça General Osório, Cr$ 2,00 e Direta, Cr$ 3,00.   

Devemos ressaltar que a empresa comprou inicialmente 15 veículos GMs importados, encarroçou mais outros 5 aqui e encomendou outros 15 da GM internacional, ou seja, começou provocante, bem ao estilo da família Bianchi.

(A Noite, 16/07/1948)

Seguem algumas imagens de “gostosões” da Nacional, nos anos 40/50, sendo que um deles, já com a pintura original e o disco, porém ainda sem o número de ordem.







(A Noite, 16/07/1948)

Conforme informação anunciada, a nova linha era a 109.

(Diário da Noite, 19/07/1948)

Fichas utilizadas pelos GMC, nas décadas de 40 e 50.



Com a nomenclatura oficial da empresa, Auto Viação Nacional S/A, é anunciada uma troca de itinerário na linha 109. Veja a seguir.

(A Noite, 31/07/1948)

E posteriormente a empresa impetra um mandado de segurança, contra o Diretor de Tráfego Sr. Edgard Estrela, em função da mudança do itinerário aprovado pela Prefeitura do Distrito Federal.

(A Manhã, 08/12/1948)

Conforme certidões anexas, a Viação Nacional adquire a concessão das linhas 72 e 105, bem como um terreno, para futura garagem, à Rua São Miguel, nº 179, da Ônibus Central Ltda., respectivamente em 1950 e 1955, mantendo a exploração das linhas do Grajaú.

Dessa forma a garagem da Nacional compreende terrenos da Rua Conde de Bonfim, nº 916, com fundos para a Rua São Miguel, 177 e 179.

Certidão de Cartório (1950)

Agora temos informações sobre alterações nos itinerários das linhas 105 e 110.

A 105, é uma linha dividida com a Relâmpago, Grajaú x Copacabana, desde 1948 até 1952 e a 110, Grajaú x Laranjeiras – Cosme Velho, desde 1951.

(A Noite, 28/07/1951)

Como em toda empresa, há confusões e principalmente naquelas épocas – difíceis de serem resolvidos – temos aqui um exemplo.

(Diário da Noite, 10/08/1951)

A seguir, uma imagem de outro gostosão da Nacional em 1953, da linha 109, desta vez batido em um bonde.


Nessa década, aparece o primeiro incidente com um veículo da empresa, tratando-se de um incêndio.

Dito na notícia, o motorista ao ver a enorme quantidade de fumaça sair do motor, avisou aos passageiros para que deixassem o carro rapidamente para evitar um acidente de grandes proporções, visto já estar em brasas. Com todo o respeito ao caso, vale um trocadilho, porque o motorista pediu para que os passageiros deixassem rapidamente o ônibus? Por que era um “Carbrasas”.

(A Noite, 09/01/1953)

Conforme matéria, a Nacional conseguiu suspender um mandado de segurança impetrado contra ela, devido à apreensão de alguns dos seus veículos.

(A Noite, 19/08/1953)

Devido a um novo plano de transportes – óbvio de interesses outros –, o Departamento de Concessões propôs mudanças em itinerários, o que não agradou especificamente à Nacional, que diz que perderia muitos passageiros com essa mudança, que afetaria a linha 109.

Em depoimento ao jornal, ele cita o que aconteceria, inclusive o que já vinha ocorrendo, envolvendo o excesso de concessões dadas aos lotações individuais. Leiam a matéria completa.

Como essa matéria é de 1954, estamos falando realmente de uma época na qual proliferaram os lotações no Distrito Federal e cidades da Baixada Fluminense.

(A Noite, 08/11/1954)

O aviso a seguir informa a mudança de um ponto final no Centro, da linha 72, provavelmente decorrente do plano citado nos parágrafos anteriores.

(Correio da Manhã, 06/09/1955)

Consequência de vários fatores, entre eles o custo das peças importadas, a canibalização e falta de reposição, do mau uso e manuseio pelos próprios mecânicos e motoristas, as empresas cariocas que trabalhavam com veículos importados estavam sentindo a dificuldade em continuar a operar suas linhas e reduzindo constantemente suas frotas, que eram vendidas a preço de ferro-velho. E pior, arriscadas a fechar suas portas.

(A Noite, 01/03/1956)

Desta vez tomamos conhecimento de um acidente, para nós o primeiro da empresa no Grajaú, que culminou com o falecimento de uma senhora. Soubemos, através do proprietário do imóvel, já ser a segunda vez que um carro da Nacional bate naquele imóvel.

(A Noite, 20/09/1956)

Pelo que podemos observar, a Nacional está começando a escorregar na preferência dos seus passageiros, desta vez com a criação de um passe-troco de Cr$ 0,50, conforme mostra a matéria, para forjar não ter troco e prejudicar seus usuários. Nesse caso, o ônibus era da 110.

(Diário de Notícias, 17/11/1956)

Já avançamos dois anos, mas conforme citado na matéria abaixo, a Nacional continua derramando sua invenção no público – agora, no caso, duas linhas com o número 110 –, sem que o Departamento de Concessões tome providências. E notem que tem algo de errado, citado na matéria, informando o número de ordem do carro como sendo 10.201 – quando seu primeiro prefixo atribuído foi 10.25X e definitivamente 10.5XX.

(Diário de Notícias, 10/11/1958)

Pelos dois recortes a seguir, vemos que o espólio de Mário Bianchi ficou longos anos sem ser realizado, o que levou a justiça a exigir apresentação de comprovação de prestação de contas para legalização do processo, sob pena de responderem por penas e danos, judicialmente, seus representantes.

(Correio da Manhã, 26/11/1960)

(Última Hora, 26/11/1960)

Conforme informações recentes, recebidas do contato com seu bisneto, toda comprovação foi efetuada, tendo as dívidas sido quitadas, tanto que o terreno da Rua São Miguel hoje é explorado comercialmente pela família. A residência de Mário Bianchi foi desapropriada, tendo os herdeiros Trieste, Vera (irmã) e Roberto (sobrinho dos dois) recebendo da Prefeitura o valor da desapropriação. Posteriormente transformada pela Prefeitura em um local que é conhecido como Centro Municipal de Referência da Música Carioca Artur da Távola.

Seguindo a matéria, vejam diferentes tipos de fichas da empresa, utilizadas nas décadas de 50 e 60.


Uma matéria compara as empresas legalizadas com as bagunças feitas pelos lotações, e comenta a ausência de fiscais suficientes para fazer a devida verificação para melhorar os serviços de transporte, no Estado.

(Diário da Noite, 16/03/1961)

E como já vinha sendo notado, o fim vai surgindo. Vejam o caso descrito nesta matéria sobre a linha 109 da Nacional, bem como citada a São Sebastião Ônibus Ltda. Mas a mesma não acabou e entrou no processo de troca de números de linhas para 428.

(Correio da Manhã, 04/03/1964)

Um modelo de ônibus Volvo, utilizado pela empresa, ainda circulando na década de 60.


Os dois próximos, texto e imagem, comprovam o estado em que se encontrava a empresa, a qual foi requerida a decretação da sua falência, por uma sua credora, na 1ª. Vara Cível, confirmando sua garagem no mesmo endereço inicial da Rua Conde de Bonfim, nº 916, na Tijuca.

Vejam o estado físico de um ônibus Volvo/Carbrasa, totalmente mal tratado, já inclusive sem disco nem número de ordem.

(Correio da Manhã, 28/08/1964)


Em 1965, três sócios se interessaram em entrar para o ramo de transportes e compraram a Nacional, como os DO’s a seguir relatam. Podemos aqui constatar que não houve falência da Nacional e sim uma venda, que para efeitos da nova empresa Transportes Niterói Ltda., não veio a dar certo, não conseguindo concretizar o compromisso feito com a Prefeitura no prazo definido, fazendo assim que no mesmo ano de 1965, a Niterói cessasse sua operação.

Sua linha restante, a 422, passou a ser operada pela Viação Verdun S/A.

(D.O. - GB, 1965)

Linhas operadas pela empresa:

53 è Lapa x R. Maxwell (Relâmpago e Nacional), de 1957 a 1958
72 è Lgo. Candelária x Grajaú (Nacional), de 1955 a 1957
105 è Grajaú x Copacabana e Gal. Osório (Relâmpago e Nacional), de 1947 a 1953
109 è Pça. M. Reis x Ipanema (Nacional), de 1951 a 1963, substituída pela 428
110 è Grajaú x Laranjeiras - Cosme Velho (Nacional), de 1952 a 1963. substituída pela 422
422 è Grajaú x C. Velho (Nacional-Niterói), de 1964 a 1965, depois Verdun
428 è Pça. M. Reis x Ipanema (Nacional), 1964

Em 1991, a SETRANSPARJ, no ano do seu cinquentenário, e a  RIO ÔNIBUS (Empresas de Ônibus da Cidade de Rio de Janeiro), em 2011, quando comemorou 70 anos, ofereceram placas homenageando e reconhecendo a Trieste Bianchi e Mário Bianchi, pelos trabalhos prestados à população carioca, conforme mostramos a seguir.

Placa SETRANSPARJ (1991)

Placa RIO ÔNIBUS (2011)

[Pesquisa de Eduardo Cunha e Claudio Falcão]