A Relâmpago tem uma
característica diferente das outras empresas, somente parcialmente similar à
Estrela do Norte, pois ela começou como uma empresa de carga “porta a porta”,
entre Rio de Janeiro e São Paulo, com o nome de Empresa de Transportes
Relâmpago, e razão social Abreu Teixeira & Cia. Ltda.
(A Noite, 19/11/1940) |
Já em novembro de 1943, Abreu
Teixeira & Cia. Ltda. solicitam concessão para explorar o transporte coletivo
urbano na linha Praça Saenz Peña x Praça Duque de Caxias (Largo do Machado), a
qual o prefeito da época deferiu o pedido.
(A Noite, 23/11/1943) |
Conforme o próximo recorte
mostra, o deferimento deu chance de reclamações da Carioca e da Central, mas
foi mantido. Também foram mantidas as autorizações para a Renascença colocar 4
novos veículos, e a Elite criar a linha Largo da Carioca x Forte de Copacabana.
(A Noite, 03/01/1944) |
E tanto foi que aconteceu, aqui
temos o batismo da Viação Relâmpago (nome fantasia da empresa) na citada linha
e atentem, filiada à Omnibus de Luxo. E como ela não entrou para brincadeira,
inauguraria a linha com 10 carros novos. A linha em questão era a 102.
Seu itinerário era Praça Duque de
Caxias, Rua do Catete, Largo da Glória, Av. Beira-Mar, Lapa, Rua do Passeio,
Rua Treze de Maio, Largo da Carioca, Rua Uruguaiana, Av. Presidente Vargas, Rua
Mariz e Barros, Rua Almirante Cochrane, Praça Saenz Peña e vice-versa.
O preço da passagem inteira era
de Cr$ 1,00 (um cruzeiro) e as seções de Cr$ 0,20 (vinte centavos).
(A Manhã, 14/10/1944) |
Apesar da matéria um tanto quanto
confusa, podemos subentender que, a partir de outubro de 1946, a Limousine
Federal ficou somente com as linhas 12 e 68, e então entrou a Relâmpago para
operar a linha 3.
Aqui já temos a informação da
existência da linha 64, Castelo x Ipanema, operada pela Relâmpago, porem não
sabemos desde quando, com certeza.
A citação de ônibus grandes nos
associa aos GMC importados por ela.
(A Noite, 03/10/1946) |
Um exemplo da ficha utilizada
pela empresa, na década de 40:
Ficha da década de 40 |
Nos dois próximos recortes é dada
a concessão para exploração da linha 3 – Castelo x Ipanema, e comprovada nesse
documento, apesar de um tanto quanto ilegível.
(Boletim da PDF) |
À primeira vista, tirando a
confirmação da inauguração da linha 3, a matéria também é um pouco confusa,
visto que cita a linha sendo operada por duas empresas, sendo uma desconhecida,
Expresso Transportes Brasileiro, apesar da concessão ser da Abreu Teixeira
& Cia. Ltda. O ônibus da foto é um White.
(A Noite, 01/11/1946) |
Entretanto, achamos informações
sobre a Expresso Transportes Brasileiro, e descobrimos que a mesma fazia
transporte de cargas entre Santos e São Paulo.
Particularmente, acreditamos que
a Brasileiro estabeleceu-se em Santos, formando uma empresa urbana que operou
nessa cidade com um nome mais conhecido por nós, Expresso Brasileiro de Viação.
(A Noite, 19/10/1939) |
Essa empresa de carga era como a
Empresa de Transportes Relâmpago, aqui no Rio de Janeiro, e foi comprada
transformando-se também em parte da Abreu Teixeira & Cia. Ltda., agora com
maior abrangência de rotas.
Com este próximo recorte podemos
entender melhor a matéria onde é citada a operação da linha 3 pela Relâmpago e
pela Brasileiro, mas naquele recorte não era necessária tanta informação pois
deu a sensação que a linha seria operada por duas empresas, quando a segunda
não existia como transportes de passageiros.
(A Noite, 19/01/1943) |
Em 1946, uma nova concessão é
dada à Relâmpago, para fazer a linha 103 – Praça Saenz Peña x Ipanema.
Seu itinerário era Praça Saenz
Peña, Rua Almirante Cochrane, Rua Mariz e Barros, Praça da Bandeira, Av.
Presidente Vargas, Av. Rio Branco (na volta, Rua Uruguaiana), Av. Beira-Mar,
Av. Oswaldo Cruz, Praia de Botafogo, Mourisco, Rua Pasteur, Av. Wenceslau Braz,
Túnel Novo, Av. N. S. de Copacabana, Rua Francisco Sá, Rua Gomes Carneiro,
Praça Gal. Osório, Rua Visconde de Pirajá, até o Bar 20, em Ipanema e
vice-versa.
Quando a frota estivesse completa
operaria essa linha com 20 veículos, sendo dez GM Coach e dez White,
todos novos em folha.
(A Noite, 13/12/1946) |
A notícia é repetida em outro
recorte completando informações, onde vemos que a empresa já opera a linha 64 –
Castelo x Ipanema, além da 3, 102 e agora 103, e que recebera até fevereiro
mais 30 carros, International, White e Chevrolet.
(O Globo, 13/12/1946) |
Apesar do texto citar a linha
104, que é operada pela Independência, a matéria fala sobre aumento no preço
nas passagens de algumas linhas de ônibus, que investiram na compra de veículos
GMC, por serem luxuosos, confortáveis
e caros, que merecem pelo investimento uma quilometragem mais alta, e servindo
também para incentivo e exemplo ao uso por outras empresas.
(Correio da Manhã, 30/05/1947) |
Aparece provavelmente o primeiro
acidente com um carro da Relâmpago, onde seu motorista quase foi linchado e
depois foi preso.
(A Manhã, 08/10/1947) |
Aqui temos a informação da nova razão social, Viação
Relâmpago S/A, endereço de sua garagem à Rua Maxwell, nº 516-520, no Andaraí, e
as suas 6 linhas operadas, 3, 64, 102 e
103, além das novas, 56 – Castelo x Forte de Copacabana e 114 – Estrada de
Ferro x Leblon.
(Diário da Noite, 01/11/1948) |
Agora vemos um novo acidente
entre a Relâmpago e a Carioca. Estariam correndo devido à animosidade existente
entre as duas empresas, ou por falta de perícia ao volante, de seus motoristas?
Teriam tido o devido treinamento nesses ônibus modernos e caros?
(Diário de Notícias, 28/11/1948) |
De acordo com a interessante
informação a seguir, foi declarada a falência da Viação Metrópole S/A, e foi
citada como síndica a Relâmpago.
Pelo que apuramos, essa empresa
operou as linhas S-18 e S-19. Posteriormente escreveremos sobre ela.
(A Noite, 30/07/1949) |
Uma linda foto da Avenida
Beira-Mar já engarrafada na década de 50, tendo em primeiro plano um ônibus da
linha 3, em uma carroceria White,
modelo novo.
Ônibus da linha 3, da Viação Relâmpago - anos 1950 |
Dois recortes diferentes mostram
novamente uma batida de um GMC da
empresa, contra um bonde. E as batidas começam a ser frequentes e volta a
pergunta, falta de experiência para dirigir um ‘bichão’ desses, ou
irresponsabilidade?
(A Manhã, 26/01/1950) |
(Diário de Notícias, 26/01/1950) |
Demoraram, mas começaram a
aparecer reclamações sobre a prestação dos serviços aos usuários da empresa,
principalmente na retirada de serviço do carro da meia-noite ou, quando isso
não acontece, os carros passam desesperadamente pelos pontos sem pegar os
passageiros que solicitam parada. Estamos falando da linha 64 – Castelo x
Leblon.
(Diário de Notícias, 09/09/1950) |
Imagem de ônibus operando a nova
linha 108 – Aldeia Campista x Leblon, mudada em 1952 e 1953 para Rua Uruguai x
Leblon.
Ônibus da linha 108, da Viação Relâmpago - 1951 (Arquivo da Memória do Ônibus Carioca - acervo Edegar Rios) |
Em uma enquete feita por um jornal
carioca, em uma das perguntas a Relâmpago ficou com mais pontos. O assunto
tratado era sobre maior conforto e melhor serviço prestado à cidade.
(Diário da Noite, 25/10/1951) |
Mais um GMC batido, desta vez em duas fachadas de prédios.
(Diário Carioca, 10/11/1951) |
Outro GMC batido, na Casa Granado – Rua Conde de Bonfim.
Fachada da 'Casa Granado', Tijuca - anos 1950 |
Aqui é citada a correção das
passagens e, em um caso, a unificação dos preços das seções da Carioca e da
Relâmpago. Há também novos preços de seções da Universal, Independência e
Nacional.
(Última Hora, 26/03/1952) |
Imagem de garboso GMC da 105, Grajaú x Copacabana, linha
essa que foi passada da Relâmpago para a Nacional em 1953.
Ônibus da linha 105, da Viação Relâmpago - 1953 |
Mais um acidente com o GMC, entre a Relâmpago e a Carioca,
quase com certeza consequente de disputa por passageiros. Não é o primeiro caso
entre as empresas.
(Diário da Noite, 19/01/1953) |
Agora descobrimos, ao ser
retirada de circulação uma determinada linha da Relâmpago, que ela explorava outra linha Castelo x Leblon, com o número 56.
(Última Hora, 04/03/1953) |
A falta de peças importadas no
mercado nacional, devido à proibição de um órgão federal, já causou a retirada
de algumas linhas e veículos de circulação e também ameaça outras linhas de
outras empresas, também a sentirem o mesmo efeito de terem suas linhas
suspensas ou retiradas.
(Última Hora, 25/03/1953) |
Dessa vez, o GMC da linha 64 – Castelo x Leblon, escolheu uma padaria para bater
e ‘tentar fazer um lanchinho’ na mesma.
(Última Hora, 05/03/1953) |
O prefeito da cidade, ao fazer
uma vistoria, apareceu de surpresa na garagem da Relâmpago e checou sobre se os horários dos
ônibus estavam sendo respeitados.
(Diário de Notícias, 16/07/1953) |
As reclamações contra a empresa
começam, e é eleita a pior linha a 108 – Uruguai x Leblon, como mostra o
recorte.
(Gazeta de Notícias, 08/05/1954) |
E as reclamações continuam,
devido à retirada e deslocamento da linha 102 para operar a linha Barão de Drummond
x Leblon, não sabemos com qual numeração.
Por sua vez, também desconhecemos
qual linha (80) e quais empresas (80 e 87) operavam essas duas linhas citadas.
(Diário de Notícias, 05/08/1954) |
Mais uma vez reclamações contra a
empresa, dessa vez pelo aumento da passagem sem autorização e demora no retorno
ao preço correto.
Pelo que se lê na matéria, sua
dívida quantitativa é muito alta, decorrente de multas, e deve ser executada
pelo órgão fiscalizador.
No detalhe, vemos que a empresa
utilizava passagens em talões com o preço estampado.
(Diário de Notícias, 17/04/1955) |
Novamente o problema das empresas
devido à falta de peças para reposição dos veículos importados. Relâmpago e
Nacional quase em estado de misericórdia.
(A Noite, 01/03/1956) |
E vai acontecendo a redução da
empresa nas linhas que operava. Chegou a vez agora das linhas 73 e 102, que
passariam a ser operadas, na ordem, pela TURI-EMO e pela Nacional. O reinado de
bons serviços vai chegando ao seu fim.
(Diário da Noite, 24/12/1957) |
(Diário de Notícias, 28/12/1957) |
Em 1952 e 1953 aparece uma linha
69, que parece ter sido operada pela Relâmpago, porém não há comprovação disso,
nem em qual linha.
Durante 1958 a empresa faliu e é
citado que seu último proprietário, o Sr. Havelange, levou o que sobrou do
material rodante para São Paulo e juntou-se ao proprietário da Viação
Jabaquara, formando a Viação Cometa S/A urbana.
Para uma empresa que começou
comprando a Expresso Brasileiro, terminou criando uma concorrente.
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