domingo, 17 de maio de 2015

Companhia Santa Cruz / Empresa Jardim Guanabara

Pelo mês de junho de 1926, a Companhia Santa Cruz passou a anunciar em jornais do Rio de Janeiro a venda de terrenos em um grande loteamento na Ilha do Governador, no que viria a se constituir no bairro de Jardim Guanabara.

Naquela ocasião a empresa mantinha seus escritórios à Rua do Ouvidor, nº 61 – centro da cidade, e era voltada basicamente para a venda de terrenos nesse loteamento, bem como na abertura de ruas e na implementação de infraestrutura para a edificação de casas naquela região (1).

Seu endereço na Ilha do Governador, por essa época, era à Praia da Bica, nº 424 e, pelo menos até abril de 1937, ainda permanecia no mesmo local (2). Posteriormente passou para o nº 448 da Praia da Bica – telefones: Gov. 239 e Gov. 67 (3).

Porém em 1936 a sede da empresa, no centro do Rio de Janeiro, foi transferida para a Av. Rio Branco, nº 138 – 1º andar (4).

Já em 28 de maio de 1936, era assinado, junto à Inspetoria de Concessões da PDF, um termo de transferência de obrigações, no seguinte teor:

“Pelo qual o Sr. Emídio Luís de Freitas, proprietário da Empresa E. L. Freitas, cede e transfere à Companhia Santa Cruz S.A. [representada pelo seu Diretor, João Ferreira de Morais Júnior] a linha ‘Ribeira-Jardim Guanabara’, constante do termo de obrigações assinado com a Prefeitura do Distrito Federal, em 12 de abril de 1934” (5).

Com tal medida, a Companhia Santa Cruz procurou tomar sob sua responsabilidade a oferta de transporte coletivo para a região do Jardim Guanabara, onde seus clientes construíam novas moradias.

Era este o itinerário da linha: Ponte da Ribeira, Rua Maldonado, Praia do Jequiá, Ponte da Estrada da Radiotelegrafia da Marinha, Estrada da Radiotelegrafia, Praia da Bica e Jardim Guanabara.

Compreendia duas seções: da ponte da Ribeira ao entroncamento da nova Estrada Radiotelegráfica com a da Bica, $200 (duzentos réis) e deste ponto ao Jardim Guanabara, $200 (duzentos réis), e vice-versa (6).

Logo a seguir, começaram a ser veiculados na imprensa grandes anúncios, que procuravam mostrar os progressos que já eram notados naquele bairro, dentre os quais a existência da mencionada linha de ônibus, agora sob a gerência da Companhia Santa Cruz. Veja adiante.

(Correio da Manhã, 12/07/1936)

O ônibus do anúncio acima, em destaque

O presidente da empresa era o Dr. Sampaio Vidal, ex-ministro da Fazenda. E observe também, na matéria a seguir, que o Jardim Guanabara era citado como “um outro bairro semelhante a Copacabana”.

(Correio da Manhã, 23/08/1936)

Em dezembro de 1937, a Diretoria de Serviços de Utilidade Pública da PDF tornava público um edital, datado do dia 23, pelo qual convidava representantes da Companhia Santa Cruz a comparecerem àquela repartição para tratarem de providências para a substituição da denominação de sua empresa de transporte de passageiros, como o leitor poderá verificar adiante:

“Fica convidada a Companhia Santa Cruz, concessionária da linha de ônibus ‘Ribeira-Jardim Guanabara’ (Ilha do Governador), a comparecer na Contabilidade desta Diretoria, a fim de tratar de assunto urgente relativo à mudança de denominação da referida linha para ‘Empresa Jardim Guanabara’” (7).

No anúncio a seguir, de outubro de 1940, o leitor tomará conhecimento dos horários de partida das barcas, bem como dos ônibus, horários que, pelo menos na teoria, mantinham uma correspondência.

(Gazeta de Notícias, 20/10/1940)

Mais uma vez, agora em maio de 1941, era realizada a mudança do escritório central da firma, que passava a funcionar à Av. Rio Branco, nº 108 – 13º andar – Edifício Martinelli, como pode ser confirmado pelo recorte que se segue.

(Correio da Manhã, 11/05/1941)

E ainda pelo ano de 1945, encontramos notícias nos periódicos fazendo menção à Empresa Jardim Guanabara: uma, relativa a um atropelamento (mês de fevereiro) e outra, onde lê-se que “três dessas quatro linhas [da Ilha do Governador] foram suspensas, permanecendo em atividade apenas a que a empresa do Jardim Guanabara mantém em atenção ao compromisso que assumiu com os compradores dos seus terrenos” (mês de dezembro).

(Diário da Noite, 19/02/1945)

(A Manhã, 29/12/1945)

Por informação colhida na publicação ‘Guerra de Posições na Metrópole’, verificamos que a linha Ribeira x Jardim Guanabara, que recebera a numeração S-84, circulou até 1952.

Referências:

(1) – Jornal do Brasil, 19/09/1926.
(2) – Jornal do Brasil, 14/10/1926, 15/01/1937 e 10/04/1937.
(3) – Jornal do Brasil, 10/01/1951.
(4) – Jornal do Brasil, 16/04/1936.
(5) – Jornal do Brasil, 31/05, 03/06 e 04/06/1936.
(6) – Jornal do Brasil, 13/04/1934.
(7) – Jornal do Brasil, 24/12/1937.

[Pesquisa de Claudio Falcão e Eduardo Cunha]

2 comentários:

  1. Muito bom, me tirou uma dúvida que eu estava hoje em relação a essa empresa Jardim Guanabara!!!
    (Emilson França)

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    1. Ótimo termos tirado tua dúvida, mas conte para nós qual era!!!

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