Pelo mês de
junho de 1926, a Companhia Santa Cruz passou a anunciar em jornais do Rio de
Janeiro a venda de terrenos em um grande loteamento na Ilha do Governador, no
que viria a se constituir no bairro de Jardim Guanabara.
Naquela ocasião
a empresa mantinha seus escritórios à Rua do Ouvidor, nº 61 – centro da cidade,
e era voltada basicamente para a venda de terrenos nesse loteamento, bem como
na abertura de ruas e na implementação de infraestrutura para a edificação de
casas naquela região (1).
Seu endereço na
Ilha do Governador, por essa época, era à Praia da Bica, nº 424 e, pelo menos
até abril de 1937, ainda permanecia no mesmo local (2). Posteriormente passou para o nº 448 da
Praia da Bica – telefones: Gov. 239 e Gov. 67 (3).
Porém em 1936 a
sede da empresa, no centro do Rio de Janeiro, foi transferida para a Av. Rio
Branco, nº 138 – 1º andar (4).
Já em 28 de maio
de 1936, era assinado, junto à Inspetoria de Concessões da PDF, um termo de
transferência de obrigações, no seguinte teor:
“Pelo qual o Sr.
Emídio Luís de Freitas, proprietário da Empresa E. L. Freitas, cede e transfere
à Companhia Santa Cruz S.A. [representada pelo seu Diretor, João Ferreira de
Morais Júnior] a linha ‘Ribeira-Jardim Guanabara’, constante do termo de
obrigações assinado com a Prefeitura do Distrito Federal, em 12 de abril de
1934” (5).
Com tal medida,
a Companhia Santa Cruz procurou tomar sob sua responsabilidade a oferta de
transporte coletivo para a região do Jardim Guanabara, onde seus clientes
construíam novas moradias.
Era este o
itinerário da linha: Ponte da Ribeira, Rua Maldonado, Praia do Jequiá, Ponte da
Estrada da Radiotelegrafia da Marinha, Estrada da Radiotelegrafia, Praia da
Bica e Jardim Guanabara.
Compreendia duas
seções: da ponte da Ribeira ao entroncamento da nova Estrada Radiotelegráfica
com a da Bica, $200 (duzentos réis) e deste ponto ao Jardim Guanabara, $200
(duzentos réis), e vice-versa (6).
Logo a seguir,
começaram a ser veiculados na imprensa grandes anúncios, que procuravam mostrar
os progressos que já eram notados naquele bairro, dentre os quais a existência
da mencionada linha de ônibus, agora sob a gerência da Companhia Santa Cruz.
Veja adiante.
(Correio da Manhã, 12/07/1936) |
O ônibus do anúncio acima, em destaque |
O presidente da
empresa era o Dr. Sampaio Vidal, ex-ministro da Fazenda. E observe também, na
matéria a seguir, que o Jardim Guanabara era citado como “um outro bairro
semelhante a Copacabana”.
(Correio da Manhã, 23/08/1936) |
Em dezembro de
1937, a Diretoria de Serviços de Utilidade Pública da PDF tornava público um
edital, datado do dia 23, pelo qual convidava representantes da Companhia Santa
Cruz a comparecerem àquela repartição para tratarem de providências para a
substituição da denominação de sua empresa de transporte de passageiros, como o
leitor poderá verificar adiante:
“Fica convidada
a Companhia Santa Cruz, concessionária da linha de ônibus ‘Ribeira-Jardim
Guanabara’ (Ilha do Governador), a comparecer na Contabilidade desta Diretoria,
a fim de tratar de assunto urgente relativo à mudança de denominação da
referida linha para ‘Empresa Jardim Guanabara’” (7).
No anúncio a
seguir, de outubro de 1940, o leitor tomará conhecimento dos horários de
partida das barcas, bem como dos ônibus, horários que, pelo menos na teoria,
mantinham uma correspondência.
(Gazeta de Notícias, 20/10/1940) |
Mais uma vez,
agora em maio de 1941, era realizada a mudança do escritório central da firma,
que passava a funcionar à Av. Rio Branco, nº 108 – 13º andar – Edifício
Martinelli, como pode ser confirmado pelo recorte que se segue.
(Correio da Manhã, 11/05/1941) |
E ainda pelo ano
de 1945, encontramos notícias nos periódicos fazendo menção à Empresa Jardim
Guanabara: uma, relativa a um atropelamento (mês de fevereiro) e outra, onde
lê-se que “três dessas quatro linhas [da Ilha do Governador] foram suspensas,
permanecendo em atividade apenas a que a empresa do Jardim Guanabara mantém em
atenção ao compromisso que assumiu com os compradores dos seus terrenos” (mês
de dezembro).
(Diário da Noite, 19/02/1945) |
(A Manhã, 29/12/1945) |
Por informação
colhida na publicação ‘Guerra de Posições na Metrópole’, verificamos que a
linha Ribeira x Jardim Guanabara, que recebera a numeração S-84, circulou até
1952.
Referências:
(1) – Jornal do
Brasil, 19/09/1926.
(2) – Jornal do
Brasil, 14/10/1926, 15/01/1937 e 10/04/1937.
(3) – Jornal do
Brasil, 10/01/1951.
(4) – Jornal do
Brasil, 16/04/1936.
(5) – Jornal do
Brasil, 31/05, 03/06 e 04/06/1936.
(6) – Jornal do
Brasil, 13/04/1934.
(7) – Jornal do
Brasil, 24/12/1937.
[Pesquisa de
Claudio Falcão e Eduardo Cunha]
Muito bom, me tirou uma dúvida que eu estava hoje em relação a essa empresa Jardim Guanabara!!!
ResponderExcluir(Emilson França)
Ótimo termos tirado tua dúvida, mas conte para nós qual era!!!
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