Duas matérias
atrás, mostramos a aquisição da Auto Viação São José por Francisco Conte, onde
em 1933 e 1934 duas linhas foram estabelecidas, Realengo x Fazenda Bananal e
Campo Grande x Bangu. Em ambos os termos o nome da empresa já havia sido
trocado para Viação São José. Ou seja, a partir de 1933 a empresa iniciou suas
atividades.
Com o primeiro Termo
Aditivo, assinado em 27 de junho de 1933 por Francisco Conte, proprietário e
razão social da Viação São José, faria a linha Realengo x Fazenda do Bananal e
vice-versa. Essa linha posteriormente transformou-se na S-42, circulando até
1939.
Seu itinerário
era: Estação de Realengo, Rua Bernardo Vasconcellos, Rua Princesa Isabel, Rua
Oliveira Braga, Rua Imperador, Rua Nepomuceno, Largo do Boscus, Rua Limites,
Rua do Governo e Fazenda Bananal, tendo como seções, Estação de Realengo ao
Largo do Boscus, $200 (duzentos réis) e deste ponto à Fazenda Bananal, $200
(duzentos réis) (1).
O segundo Termo
Aditivo, assinado em 19 de janeiro de 1934, também por Francisco Conte, teve
como objetivo a exploração da linha Bangu x Campo Grande, que pode ter se
tornado a S-45, operada a partir de 1940 pela Viação Vera Cruz.
Tinha como
itinerário: Estação de Campo Grande, Rua Coronel Agostinho, Estrada de Santa
Cruz, Estrada Rio - São Paulo, até a Estação de Bangu e vice-versa.
E suas seções
foram: Estação de Campo Grande ao Caroba, $200 (duzentos réis); Caroba à
Estação de Senador Vasconcellos, $200 (duzentos réis); Estação de Senador
Vasconcellos ao Lameirão K. 20, $200 (duzentos réis); Lameirão K. 20 a
Santíssimo, $200 (duzentos réis); Santíssimo à Fazenda do Viegas (poste 104),
$200 (duzentos réis); Fazenda do Viegas à Circular bomba de gasolina, $200
(duzentos réis); Circular à Estação de Bangu, $200 (duzentos réis). A passagem direta
custava 1$000 (hum mil réis) (2).
Sua garagem era
na Estrada Rio - São Paulo, nº 1.173, em Campo Grande.
A próxima
matéria mostra a apreensão de vários veículos das três empresas que circulavam
em Campo Grande, as Viações São José e Mendanha e a Transporte Guaratiba,
devido a vários motivos que ofereciam graves perigos à população.
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(O Globo, 08/03/1937) |
Conforme matéria
anexa, podemos ver a constituição da União das Empresas de Ônibus do Distrito
Federal, com seus principais representantes, e também a relação das empresas
que participavam daquela associação.
Na mesma, na
parte direita em baixo, aparecem duas imagens do mesmo veículo da São José, já
com o letreiro de operação da linha Campo Grande x Ponte Coberta, à época
antigo estado do Rio de Janeiro, mas que detinha o número S-54.
Essa linha, que já
existia em 1939, solicitou permissão para fazer trafegar mais um carro, o que foi
deferido (3).
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(Rio Ilustrado - 1940) |
Já em 1941, é
solicitado o cancelamento da linha Campo Grande x Escola de Agronomia, também
deferido (4). E dessa linha
não temos nenhuma informação, mas como ela era no caminho de Ponte Coberta,
deve ter sido descontinuada devido a este motivo, ou seja, foi coberta pelos
carros da outra linha.
A próxima
matéria mostra o esforço da Prefeitura na recolocação dos trilhos para que os
bondes voltassem a circular até a Pedra de Guaratiba, onde nesse ano de 1943 só
foi atendida pelos ônibus da linha S-51, Campo Grande x Pedra de Guaratiba, da
São José.
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(A Noite, 15/10/1943) |
Essa informação
mostra a aprovação no aumento do preço das passagens de duas empresas, sendo
uma delas a Viação São José, em 1944. O interessante é que aqui ela já aparece
com outra razão social, Viação São José Ltda., mas não sabemos se o antigo
proprietário conseguiu novos sócios ou vendeu para outro(s).
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(A Noite, 12/02/1944) |
Agora vemos uma
faceta desconhecida, pois entendemos que até então a linha era Campo Grande x
Pedra de Guaratiba, a S-51, que também atendia a população de Guaratiba. Aqui,
porém, mostra que alguma alteração aconteceu, pois narra a existência de uma
linha Guaratiba x Pedra de Guaratiba e depois então a da Pedra de Guaratiba x
Campo Grande, ou seja, para se deslocar até Campo Grande, havia a necessidade
de dois ônibus de duas linhas/empresas (?) diferentes.
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(A Noite, 02/03/1944) |
Uma ótima notícia
para os moradores da região é que no dia após esta matéria, os bondes
retornariam a funcionar de Santa Clara à Pedra de Guaratiba. Vejam quantos
passageiros transportavam por viagem os ônibus, com a ausência dos bondes!
A má notícia é
que talvez os ônibus deixassem de rodar nesta linha, corre notícia. Atentem
para o que está escrito na capelinha do ônibus: “ÔNIBUS URBANO”, ao invés do
número da linha, pois a São José também fazia linhas interestaduais.
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(A Noite, 08/03/1944) |
Aqui uma notícia
sobre duas multas aplicadas pela PDF, uma delas para a São José. Nessa parte,
há um engano do noticiário, pois a multa foi atribuída à linha S-55, a qual fazia
Campo Grande x Ilha – Barra de Guaratiba, que foi extinta em 1959, e não Pedra,
que era a S-51. A confusão da numeração pode ser óbvia, pois além de Guaratiba,
há Pedra de Guaratiba, Barra de Guaratiba, Ilha de Guaratiba e Fazenda de
Guaratiba, localidades vizinhas.
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(Diário da Noite, 05/05/1944) |
Temos uma
notificação da empresa, avisando aos moradores que provisoriamente suspenderia
a linha Campo Grande x Ilha de Guaratiba, a S-55, devido a dificuldades
técnicas e econômicas.
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(A Noite, 09/10/1945) |
A seguir,
reclamações formais de um padre da paróquia local e de moradores, sobre o mau
atendimento da empresa.
Em
contraproposta vemos que, por sua vez, os bondes ainda não estão atendendo a
toda população das cercanias de Guaratiba.
Interessante é
que ainda há quem reclame da falta da ‘carne seca’...
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(A Noite, 02/09/1946) |
Em 1946/47, a
empresa operou linhas para Barra do Piraí, Barra Mansa e Angra dos Reis,
partindo da Praça Mauá (5).
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(A Noite, 09/10/1946) |
Segue a
decretação de falência da empresa, solicitada pelo juiz da Segunda Vara Cível.
Nesse ano a sua garagem era na Estrada da Caroba, nº 1.065, em Campo Grande.
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(A Noite, 28/07/1950) |
Já neste próximo
recorte, temos o mesmo juiz deferindo o pedido de continuação da falida, ou
seja, autorizando que a empresa continuasse em operação, só não sabemos em que
bases.
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(A Noite, 05/08/1950) |
Agora temos três
imagens de um mesmo ônibus da empresa, na década de 50, fazendo a linha S-55. A
foto é posterior a 1954, pois o número de ordem do veículo é da primeira série
numérica adotada pela Prefeitura, no caso 116.5X (11653).
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Três imagens de ônibus da linha S-55 (acervo do pesquisador Luís Damásio) |
Um dos muitos
modelos de fichas utilizadas pela empresa, por volta de 1956.
A população
reclama dos veículos que circulam na linha para Ponte Coberta, devido aos seus
estados de deterioração e solicitam a criação de uma linha de lotações, que
atendesse o percurso.
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(Diário da Noite, 11/09/1956) |
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(A Noite, 11/10/1956) |
Só temos
informações da empresa circulando até 1958, porém a ficha mostrada agora é de modelo/fabricação
de 1964, o que garante sua circulação até esse ano. Pelos dizeres/seção da
ficha, GUANDU, a linha é com grande certeza a Campo Grande x Ponte Coberta.
Outras linhas operadas pela São José (6):
S-52 – Campo
Grande x Carapiá, de 1939 a 1943 e
S-56 – Campo Grande x Barra
de Guaratiba - Sepetiba, de 1939 a 1958, extinta em 1959.
Referências:
(1) – Jornal do
Brasil, 28/06/1933.
(2) – Jornal do
Brasil, 20/01/1934.
(3) – DOU/DF, 11/1940.
(4) – DOU/DF, 02/1941.
(5) – DOU/DF, 1947.
(6) – Livro ‘Guerra
de Posições na Metrópole’.
[Pesquisa de Eduardo
Cunha e Claudio Falcão]