domingo, 5 de outubro de 2014

Viação Santa Cruz

Através das publicações ‘Guerra de Posições na Metrópole’, PDF – Noronha Santos e site MILBUS, tomamos conhecimento que a Viação Santa Cruz teve o seu primeiro termo de obrigação assinado a 7 de março de 1929, para operar a linha Santa Cruz x Sepetiba. Sua garagem localizava-se à Av. D. Pedro I, nº 24, tel. 75 – Santa Cruz. E em 1933 teve uma segunda garagem, à Rua Pedro Leitão, nº 12 – Sepetiba.

Já a primeira ‘notícia’ que obtivemos sobre a Viação Santa Cruz em antigos jornais foi por meio de uma pequena nota publicada em agosto/1932 no ‘Correio da Manhã’, a respeito de um incidente ocorrido na Estrada de Sepetiba, com um passageiro de um ônibus da empresa, o que ocasionou sua queda e a consequente remoção do mesmo para o hospital da região (Hospital Pedro II). Outros periódicos também divulgaram o mesmo incidente.

(Correio da Manhã, 09/08/1932)

Já em setembro/1933, o mesmo ‘Correio da Manhã’ dava conta de uma permissão que a direção da empresa dava aos chamados mensageiros da então ‘Directoria Regional dos Correios e Telegraphos’, quando em serviço e obedecendo a determinadas regras, para viajarem em seus veículos.

(Correio da Manhã, 08/09/1933)

Em junho/1936, o ‘Jornal do Brasil’ publicava um edital da Diretoria dos Serviços de Utilidade Pública, convidando os proprietários de diversas empresas, inclusive da Viação Santa Cruz, a comparecerem ao escritório daquela Diretoria, “a fim de tratar de assunto pertinente à prorrogação de suas licenças para exploração de serviço de transporte coletivo por meio de ônibus-automóveis” (1).

Através de novo edital da mencionada Diretoria, publicado em dezembro/1937 ainda no JB, tomamos conhecimento do nome do proprietário da empresa, que era o Sr. Ataualpa Pereira da Silva, que na ocasião era convidado “para assinar o termo de prorrogação de licença da referida empresa” (2).

O Termo de Prorrogação de Autorização foi afinal assinado a 14 de dezembro de 1937, pelo qual o citado Ataualpa Pereira da Silva, razão social da Viação Santa Cruz, com sede, garagem e oficinas situadas à Av. Pedro I, nº 24 – Santa Cruz, teve sua licença para exploração das linhas Santa Cruz x Sepetiba e Santa Cruz x Pedra de Guaratiba prorrogada por quatro anos, mas a contar de 29 de dezembro de 1934, ou seja, com um aparente atraso de três anos (!!!).

Itinerário das linhas:

Santa Cruz x Sepetiba – Santa Cruz, Rua Felipe Cardoso, Avenida Isabel, Praça Saldanha da Gama, Rua Auristela, Av. Areia Branca e Estrada de Sepetiba.

Seções dessa 1ª linha – Santa Cruz à Caixa do Socorro, $200 (duzentos réis); Caixa do Socorro a Chico Teixeira, $200 (duzentos réis); Chico Teixeira à Torre da Rádio, $200 (duzentos réis) e Torre da Rádio a Sepetiba, $200 (duzentos réis).

Santa Cruz x Pedra de Guaratiba – Santa Cruz, Rua Felipe Cardoso, Curral Falso, Estrada da Pedra de Guaratiba e Pedra de Guaratiba.

Seções dessa 2ª linha – Santa Cruz à Avenida Carmen, $200 (duzentos réis); Avenida Carmen ao Curral Falso, $200 (duzentos réis); Curral Falso a Caxangá, $400 (quatrocentos réis) e Caxangá à Pedra de Guaratiba, $400 (quatrocentos réis) (3).

Mas pelas notícias a seguir, chegamos à conclusão de que a empresa, pelo menos no período 1939-1940, teve seus carros circulando fora do ‘perímetro’ de Santa Cruz – Sepetiba – Guaratiba, pois nos mostram linhas da Viação Santa Cruz atuando na região de Cascadura – Marechal Hermes – Realengo – Bangu.

(O Imparcial, 25/06/1939)

(Diário de Notícias, 11/04/1940)

Normas referentes à conduta e aos trajes com os quais os passageiros poderiam viajar nos ônibus do Rio de Janeiro e a tolerância com relação à lotação desses veículos, nas quais foi incluída a empresa em questão, foram divulgadas em maio/1940, como o leitor poderá verificar no recorte adiante.

(A Noite, 24/05/1940)

Informações sobre multas, dirigidas a funcionários e/ou ônibus da Viação Santa Cruz, foram registradas pelos periódicos ‘Diário Carioca’, na edição de 01/04/1939 e ‘Correio da Manhã’, em suas edições de 14/09/1940 e 12/01/1941.

E através a notícia a seguir, de um acidente ocorrido com um ônibus da linha Santa Cruz x Sepetiba em outubro/1947, tomamos conhecimento de que a Viação Santa Cruz ainda ‘circulava’ por aquela época, porém daí para frente nada mais encontramos nos jornais antigos sobre ela.

(A Noite, 20/10/1947)

No entanto, por meio da já mencionada publicação ‘Guerra de Posições na Metrópole’, verificamos que a empresa ‘rodou’ com a linha S-57 – Santa Cruz x Sepetiba até 1952, e também explorou a linha S-58 – Santa Cruz x Curral Falso, esta última informação obtida por intermédio do pesquisador Antônio Sérgio, tendo como fonte o Diário Oficial.

Referências:

(1) – Jornal do Brasil, 11 e 13/06/1936.
(2) – Jornal do Brasil, 02/12/1937.
(3) – Jornal do Brasil, 15/12/1937.

[Pesquisa de Claudio Falcão e Eduardo Cunha]

2 comentários:

  1. Prezado Eduardo,
    Os números das linhas exploradas pela Viação Santa Cruz eram: S-57 – Santa Cruz x Sepetiba, e S-58 – Santa Cruz x Curral Falso. Isso entre 1939 e 1952, aproximadamente. Fonte: Diário Oficial. Teria ela tido algum vínculo com a Transportes Santa Cruz, existente na década de 60? Acho que não. Abraços, Antonio Sérgio.

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  2. Caro Antonio Sérgio, grato pelo contato e informações. Eu tinha essas informações e esqueci de pesquisar lá mas ainda bem que temos colaboradores, para nos lembrar, muito obrigado. Foi realmente até 52 quando ela deixou de operar. Quanto a outra Santa Cruz, que você cita, ou teve algum sócio dessa que depois fundou a outra ou não tiveram nada a ver uma com a outra, visto que ela só começou a operar em 64 ou 66. Coincidência ou não a primeira empresa a explorar a 885 - Santa Cruz x Sepetiba, foi a outra Santa Cruz. Forte abraço e volte mais vezes.

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