domingo, 12 de outubro de 2014

Empreza de Navegação Fonseca & Martins

A Fonseca & Martins não era meramente uma empresa de transportes marítimos, pois seu início deu-se com a inauguração da 'Garage Governador', na Ribeira, em 1930, conforme matéria comprobatória. Ela não só abrigava carros particulares, como também ônibus da futura concorrente Empreza E. L. Freitas.

Sua próxima atividade foi a obtenção de autorização para a firma explorar linhas marítimas, entre o Cais Pharoux e o Cais da Ribeira, na Ilha. Conforme declaração do historiador da Ilha, Jaime Moraes (http://ilhajaime.nafoto.net/): A família Fernandes da Fonseca (da qual  Leite Martins era genro), moradores da Ribeira, chegou durante um tempo a trafegar com duas pequenas barcas, a ‘Primeira’ e a ‘Segunda’.

A última aventura foi no transporte coletivo urbano, que falaremos a seguir.

(Diário da Noite, 29/01/1930)

'Garage Governador', da Fonseca & Martins
(imagem gentilmente cedida por Marcelo Prazs)

A primeira notícia que temos da empresa, com relação à exploração de linha de transporte coletivo urbano, informa que seria inaugurada uma linha entre Ribeira x Freguesia.

(Diário da Noite, 06/03/1931)

A segunda notícia, já foi uma crítica nas duas principais especialidades da empresa, o transporte de passageiros, com um único ônibus de 21 lugares e duas barcas pequenas e a via crucis dos passageiros.

(Diário da Noite, 17/03/1931)

Aí quando pensávamos que teríamos mais informações da empresa, vem de lá outra matéria com reclamações, um mês depois, quase idênticas, onde cita o alento que aumentaram para dois carros o minguado um. E quase logo depois informa que reduziram para o mesmo um do mês anterior!

(Diário da Noite, 23/04/1931)

E na próxima notícia ainda do mesmo ano, mais reclamações dirigidas à empresa, dessa vez pelo lado náutico.

(Diário da Noite, 07/10/1931)

Passam-se dois anos e aparece uma matéria contando sobre a existência de um Interventor nos transportes da Ilha, agindo nas duas empresas existentes, a E. L. Freitas e a Fonseca & Martins. Há também uma entrevista com um dos proprietários da segunda empresa, sobre como essa intervenção os afetaria, e um dos proprietários cita que estão só aguardando para serem informados, para retirarem de tráfego os veículos terrestres, bem como os marítimos. Ou seja, a empresa terminaria, aliás, ficaria somente com a garagem. E ele ainda se dá ao direito de parafrasear: “serviços que tenho mantido com incontestáveis proveitos para os moradores da Ilha”. Se essa informação, passada por ele, fosse verdadeira, perguntamos: porque houve as matérias anteriores no mesmo periódico?

(Diário da Noite, 20/02/1933)

A próxima matéria comprova que a empresa perdeu a concessão marítima para a Ribeira, mas comprova que ela comprou uma lancha nova chamada ‘Terceira’, moderna e com mais requintes, a qual junto com as duas velhas conhecidas, começaram a explorar linhas turísticas na Baía de Guanabara, todos os domingos. Com quase 100% de certeza, o Interventor da Ilha terminou com o mau serviço no transporte coletivo urbano, restando para a população usuária somente a E. L. Freitas. 

(A Noite, 30/06/1933)

[Pesquisa de Eduardo Cunha e Claudio Falcão] 

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