domingo, 28 de setembro de 2014

Auto Viação Vargem Grande

A A. V. Vargem Grande surgiu quando o Sr. Antônio Carvalho Simões assinou a 9 de abril de 1932, junto à Inspetoria de Concessões da PDF, um Termo de Substituição de Denominação, de Empreza Recreio dos Bandeirantes, que já foi motivo de uma postagem aqui no blog, para Auto Viação Vargem Grande (veja http://rionibusantigo.blogspot.com.br/search/label/Empreza%20Recreio%20dos%20Bandeirantes).

(Jornal do Brasil, 14/04/1932)

A linha explorada pela empresa era Palácio Monroe x Recreio dos Bandeirantes.

Através da notícia a seguir, tomamos conhecimento de um elogio dirigido a um motorista da empresa, que encontrou na estrada uma bolsa de senhora, e não mediu esforços para tentar localizar a proprietária do objeto, no que afinal foi bem sucedido.

(Diário Carioca, 17/01/1933) 

E três meses depois, o periódico ‘Diário de Notícias’ publicava uma pequena nota em que era divulgada a cassação da licença da Auto Viação Vargem Grande, por ter interrompido o tráfego por mais de um dia, “sem motivo justificado”.

(Diário de Notícias, 25/04/1933)

Que empresa teria ‘herdado’ a extensa linha da Auto Viação Vargem Grande?

[Pesquisa de Claudio Falcão e Eduardo Cunha]

domingo, 21 de setembro de 2014

Viação Central

Ficha de alumínio da Viação Central

No recorte a seguir, temos a comprovação da existência da Central em 1932. Não se trata de um Termo de Obrigação, mas um acidente com um de seus veículos.

Todavia, mais adiante, através de um outro termo, comprovaremos sua existência nessa época, sob o nome Viação Central, sobre a razão social Neves & Brauer, de Manuel Martins Neves e Ricardo Brauer Filho.

(A Noite, 22/03/1932)

Em uma propaganda, a seguir, sobre marcas de motores e chassis, a constatação da empresa ainda ser dos mesmos proprietários, de ter uma frota nova de veículos e possuir duas linhas claramente descritas: 29 – Lapa x Praça da Bandeira (futura 72) e a Lapa x Saenz Peña, a 73. Ela também explorou a 30 – Lapa x Praça da Bandeira - Francisco Sá, alterada para 29.

Vejam um dos novos veículos, da linha 73, já ‘batizados’. Veículos novos, mecânica ótima, volantes audazes, “acelera Ayrton” ... e cuidado com a grade.

(A Noite, 12/04/1935)

Linha 73, da Viação Central - Lapa x Saenz Peña
(O Globo, 13/01/1938)

Aqui uma imagem de um ônibus da 72 – Lapa x Saenz Peña.

Linha 72, da Viação Central - Lapa x Saenz Peña
(O Globo, 03/09/1938)

Agora sim, temos a comprovação da razão social e da data do primeiro Termo de Concessão, visto saber que naquela época eram renováveis a cada 4 anos.

Como este Termo de Transferência de Obrigações é de 1939, e já foi renovado o Termo de Concessão antes, o mesmo é originalmente de 1932, daí a dedução da primeira concessão à Neves & Brauer ser naquele ano, e agora transferida para a Viação Central Ltda., tendo os mesmíssimos proprietários.

Esse termo cita sua garagem como sendo na Rua Barão de Ubá, nº 35, no Rio Comprido, e as linhas exploradas nessa data: 71 – Lapa x Estrada de Ferro, 72 – Lapa x Francisco Sá e 73 – Lapa x Praça Saenz Peña, que já eram servidas pela antecessora.

D.O.U., 30/03/1939:
DIRETORIA DOS SERVIÇOS DE UTILIDADE PÚBLICA
TERMO DE TRANSFERÊNCIA DE OBRIGAÇÕES
“Pelo qual a Prefeitura do Distrito Federal concede a transferência da licença da Empresa ‘Viação Central’ para a firma Viação Central Limitada.
Aos vinte e quatro dias do mês de março do ano de mil novecentos e trinta e nove, na Diretoria dos Serviços de Utilidade Pública, da Secretaria Geral de Viação, Trabalho e Obras Públicas, da Prefeitura do Distrito Federal, estando presentes o respectivo diretor engenheiro civil Otávio Valdetaro Coimbra, e as testemunhas infra-assinadas, compareceu a firma Neves & Brauer, representada pelos sócios Manuel Martins Neves e Ricardo Brauer Filho, proprietária da Empresa ‘Viação Central’, organizada para exploração da indústria de transporte coletivo de passageiros em auto-ônibus, com sede, garage e oficinas à rua Barão de Ubá n. 35, e a firma Viação Central Limitada, representada pelos cidadãos acima mencionados, devidamente legalizada no Departamento da Indústria o Comércio, conforme registro n. 137.661, para firmar o presente termo que, de acordo com o despacho do Sr. diretor, de 22 de março de 1938, exarado no processo a. 4.914, de 1938, tem por finalidade especial transferir a referida Empresa para a firma Viação Central Limitada.
Primeira - Fica, pelo presente, transferido à ‘Empresa Viação Central’, que explora as linhas de ônibus ns. 71, 72 e 73, respectivamente, ‘Lapa - Estrada de Ferro’, ‘Lapa - Francisco Sá’ e ‘Lapa - Praça Saens Peña’, para a firma Viação Central Limitada, que assume inteira responsabilidade pelo ativo e passivo da empresa que ora lhe é transferida, conforme escritura lavrada no livro número 934, a linha 75, no Segundo Ofício de Notas (tabelião Álvaro Fonseca da Cunha).
Segunda - A firma Viação Central Limitada se compromete, sob pena de nulidade da licença a que se refere este termo a dar cumprimento integral ao regulamento baixado com o decreto n. 3.926, de 23 de junho de 1932, e a todas as leis, derreto; regulamentos, portarias, ordens e avisos emanados da autoridade municipal competente, quer os já em vigor, quer os que venham a ser baixados na vigência do presente termo, e a não causar nenhum embaraço à execução do termo n. 4.804, de 13 de junho de 1934, que determina a divisão da Cidade  em zonas, para efeito da organização do serviço de ônibus, submetendo-se a tudo que nesse sentido ter determinada veia Prefeitura, bem como a fazer, desde que a mesma Prefeitura julgue necessário para conveniência pública, as alterações de itinerários, pontos de estacionamento, secções e cobrança de passagens das linhas mencionadas neste termo, de acordo com a legislação vigente.

Terceira - Fica, também, por este termo, transferida para a firma Viação Central Limitada a caução de 15:000$000 (quinze contos de réis) das taxas nos cofres municipais nas datas indicadas do modo seguinte: 2:000$000 (dois contos de réis), em moeda corrente, pela guia n. 1.191/31, desta Diretoria, em 31 de dezembro de leal; 3:000$000 (três contos de réis), em apólices municipais, pelo talão n. 4.466/37, da Secretaria de Finanças, em 6 de janeiro de 1937 (feita em substituição ao talão de n. 3.559, depositado em 31 de dezembro de 1931, por ter sido sorteado um dos títulos); 5:000$000 (cinco contos de réis), em moeda corrente, pela guia n. 2.481/33, desta Diretoria, em 6 de dezembro de 1934; 2:000$000 (dois contos de réis), em moeda corrente, pela guia n. 2.495/33, desta Diretoria e 3:000$000 (três contos de réis), em apólices municipais, pelo talão n. 3.841/33, da Diretoria de Fazenda, ambos em 29 de dezembro de 1933. De acordo com o que estabelece o artigo baixado com o decreto n. 3.926, de 23 de junho de 1932, garantirá o presente termo a caução de 9:000$000 (nove contos de réis), representada por parte dos talões acima enumerados, podendo ser retirada a parte restante, isto é, 6:000$000 (seis contos de réis), em apólices municipais.
Quarta - A Prefeitura tem a faculdade de vender administrativamente os títulos caucionados, sempre que se tornar necessário a qualquer importância, descontar dos mesmos.

Quinta - Continuam em pleno vigor as demais disposições contidas no termo de prorrogação assinado em 14 de abril de 1937, fls. 130. livro n. 6, a fls. 105 v. a 107, bem como as do termo aditivo assinado em 14 de outubro de 1937, no livro fls. 120 a 121, que ficam fazendo parte integrante do presente.

E, para firmeza do que acima ficou estabelecido, lavrou-se o termo, que, depois de lido e achado conforme pelas presentes partes interessadas, é por elas assinado, pelas testemunhas e por mim, Edgard Barbosa, funcionário que o escrevi e subscrevo. Pela guia n. 3.844, desta Diretoria, foi pago o imposto de expediente relativo ao presente termo, na importância de 40$000 (quarenta mil réis)”.

Nesse documento seguinte, um novo Termo de Transferência de Autorização, transformando a Viação Central Ltda. em Viação Central, com razão social Salim Salles e ainda explorando as mesmas linhas 71, 72 e 73.

D.O.U., 14/07/1942:
Departamento de Concessões
TERMO DE TRANSFERÊNCIA DE AUTORIZAÇÃO
“Pelo qual a Prefeitura do Distrito Federal concede a transferência da Empresa ‘Viação Central’ para a firma individual Salim Salles.
Aos quatro dias do mês de julho do ano de mil novecentos e quarenta e dois, no Departamento de Concessões, da Secretaria Geral de Viação e Obras, da Prefeitura do Distrito Federal, estando presentes o respectivo diretor, engenheiro civil, Octavio Valdetaro Coimbra e as testemunhas infra assinadas, compareceram a firma Viação Central Limitada, representada pelos Srs. Manuel Martins Neves e Ricardo Bauer, proprietária da Empresa ‘Viação Central’, que explora a indústria de transporte coletivo de passageiros em auto-ônibus, com sede a rua Barão de Ubá n. 133, e a firma individual Salim Salles, devidamente legalizada no Departamento de Indústria e Comércio, conforme registo n. 93.863, para firmar o presente termo que, de acordo com o despacho do Sr. diretor, de 15-4-42, exarado no processo n. 400.443, de 1942, tem por finalidade especial transferir a referida Empresa para a firma individual Salim Salles, sob as condições abaixo estabelecidas:
Primeira - Fica, pelo presente, transferida a Empresa ‘Viação Central’, que explora as linhas de ônibus ns. 71, 72 e 73, respectivamente, ‘Largo da Lapa-Estrada de Ferro’, ‘Lapa-Francisco de Sá’ e ‘Lapa-Praça Saenz Peña’, para a firma individual Salim Salles, conforme certidão de escritura de venda, lavrada no livro n. 732, a fls. 78, no 5.° Ofício de Notas (tabelião Fausto Werneck), que apresentou em anexo ao processo protocolado neste Departamento sob n. 504.586-42.
Segunda - O Sr. Salim Salles, se compromete, sob pena de nulidade da licença e 9:000$00 (nove contos de réis), depositados nos cofres municipais nas datas indicadas e do modo seguinte: 5:000$00 (cinco contos de réis), em moeda corrente, pela guia n. 2.484, deste Departamento, em 6 de dezembro de 1933; 2:000$00 (dois contos de réis), em moeda corrente, pela guia n .2.495, deste Departamento, em 29 do dezembro de 1933; 2:000$00 (dois contos de réis), em moeda corrente, pela guia n. 1.494, deste Departamento, em 31 de dezembro do 1931, que ficam, também, por este termo, transferidos para o nome da firma individual Salim Salles.
Quarta - Continuam em pleno vigor as demais disposições contidas no termo de transferência do obrigações assinado em 24 de marco de 1939, no Livro 7, a fls. 14 a 16 v, que ficam fazendo parte integrante do presente termo.
E, para firmeza do que acima· ficou estabelecido, lavrou-se o presente termo, que, depois de lido e achado conforme pelas partes interessadas, e por elas assinado, pelas testemunhas e por mim, Edgard Barbosa, funcionário, que o escrevi e subscrevo. Pela guia n. 4.887, foi pago em 19-9-40 o imposto de expediente no valor de 872$00. Sobre três estampilhas municipais no valor total de 27.000$00 (vinte e sete mil réis).
Rio do Janeiro, 4 de julho de 1942: Octavio Valdetaro Coimbra, diretor, Manoel Martins Neves, Ricardo Brauer Filho, Salim Salles, Luiz Fernandes de Oliveira, Eduardo de Oliveira, testemunhas,
Edgard Barbosa, oficial administrativo, classe 73, matrícula 4.598. Visto: João Baptista Godinho Drummmul, chefe de Servico, da 8-CS”.

Através de uma comunicação à praça, a Viação Central manteve seu nome, mas trocou novamente sua razão social para Sociedade Auto Victoria Ltda. Nada tinha a ver com a nossa conhecida Viação Victoria. Ou era uma empresa muito cobiçada ou exatamente o oposto e não pararemos aqui na troca de nomenclatura dela.

Não localizamos o Termo de Transferência de Autorização para esta mudança, e sendo assim, não sabemos quais linhas ela operava, somente sua localização na Rua Barão de Ubá, nº 33, no Rio Comprido e demais atividades da companhia em si.

(A Noite, 20/04/1943)

Uma notícia interessante, a classe feminina em entrevista com o repórter do jornal,  manifestando seu interesse em trabalhar fora dos escritórios da empresa e sim nos ônibus, como trocadoras. Na foto, um carro da linha 73 provavelmente na garagem, com letreiro errado Praça da Bandeira em relação à linha. Nessa época a empresa já tinha outra razão social, Ônibus Central Ltda., com garagem na Rua Barão de Ubá, nº 138, Rio Comprido. Teve também outra garagem a partir de 1954, na Estrada do Quitungo. Nº 1438, Braz de Pina.

(A Noite, 02/06/1944)

Aqueles Chevrolet novinhos, da propaganda de 1935 e agora ‘canibalizados’, criando um cemitério em plena garagem da empresa, com capelinha da 72, provavelmente última linha operada por eles.

(A Noite, 09/01/1946)


Em 1947 a PDF autorizou a extensão da linha 72 para Candelária x Grajaú, conforme anunciado abaixo, com o seguinte itinerário bem abreviado, Av. Presidente Vargas, Praça Saenz Peña, Rua Pinto Figueiredo, Rua Barão de Mesquita, Rua Barão de Bom Retiro, Av. Conselheiro Richard, Rua Canavieira, Rua Grajaú e vice-versa, porém sem qualquer informação dos preços e seções.

(A Noite, 12/02/1947)

A notícia a seguir, do mesmo jornal anterior, completa mudança da linha 72, citando desta vez as seções e preços. São elas: Candelária a Afonso Pena, Cr$0,60 (sessenta centavos), Afonso Pena ao Grajaú, Cr$0,60 (sessenta centavos) e direta, Cr$1,20 (um cruzeiro e vinte centavos).

(A Noite, 13/02/1947)

Em frente à Praça Saenz Peña, já arborizada e ajardinada, um ônibus da linha 73, ainda Chevrolet.

Ônibus da linha 73, na Praça Saenz Peña - 1949 (c.)
(Foto Postal Colombo)

Duas fotos, complementando-se com a matéria descrita e com duas informações interessantíssimas. A linha 105 – Grajaú x Copacabana, antes e após 1949, foi operada em conjunto pelas empresas Relâmpago e Nacional até 1952, somente em 1949 a Central operou-a.

A segunda coisa interessante é o caminhão e o ônibus, que bateram. Um caminhão particular, chamado pelo jornal de caminhão-lotação (?!?!?!), com itinerário definido Parada de Lucas x Av. Presidente Vargas, com itinerário no para-brisa, que particularmente desconhecíamos este tipo de meio de transporte público, autorizado !!!   

(A Noite, 08/06/1949)

Iniciamos a década de 50 e ainda vemos a Central usar seus veículos dos anos 30, na linha 72 – Candelária x Grajaú, sem contar a espera na fila e provavelmente sem a necessária mecânica.

Linha 72, Candelária x Grajaú, da Viação Central
(Correio da Manhã, 29/01/1950 - cortesia de Hugo Caramuru)

Eis que agora temos um acidente relativamente sério com um ônibus da linha 73 – Lapa x Saenz Peña, com 11 passageiros feridos.


(A Noite, 03/07/1950 - cortesia de Hugo Caramuru)

Não sei se mediante os acidentes ocorridos ou atitude da PDF, a empresa compra veículos zeros da CAIO, conforme foto.


(Imagem: arquivo CAIO - outubro/1952)

O artigo a seguir mostra a linha 73, passando a ir até o Aeroporto e o retorno da linha 30 – Lapa x Praça da Bandeira.


(A Noite, 30/06/1953)

Temos um outro exemplar CAIO, trafegando na área da Tijuca, já com a primeira numeração prefixal 73.0X.


Viação Central - ano: 1954

Aqui temos a comprovação da linha 77 – Rio Comprido x São Salvador, operada pela Continental, passar para as mãos da Central. E, junto, uma segunda comprovação.


(A Noite, 31/03/1954)


Linha 77, da Viação Central
(acervo Marcelo Prazs)

Mais uma batida dos ônibus da Central, desta a vez a linha campeã 71 – Lapa x Irajá.


(A Noite, 29/04/1954 - cortesia de Hugo Caramuru)

Matéria muito interessante essa a seguir, apesar de ser um achaque ao bolso do povo, mostra também a nova e primeira linha 80 existente, Castelo x Vila da Penha, operada pela Central.


(Diário da Noite, 04/04/1955)

Aqui a primeira aparição da linha 171 – Praça Tiradentes x Avenida das Bandeiras, uma extensão da 71 – Tiradentes x Irajá.


(Gazeta de Notícias, 10/04/1955 - cortesia de Hugo Caramuru)

A época da queda das antigas grandes empresas, como a Central, começa nessa ocasião, e é parcialmente explicada na matéria a seguir.


(Gazeta de Notícias, 28/05/1955 -
cortesia de Hugo Caramuru)

E após um descanso de batidas, aqui está a nossa campeã, a linha 71 – Lapa x Irajá.


(A Noite, 21/11/1955 - cortesia de Hugo Caramuru)

E olha ela aí de novo, para fechar a década de 50.


(A Noite, 10/02/1956 -
cortesia de Hugo Caramuru)

Entramos na década de 60 e parece-nos que foi o ano mais propício para as batidas de ônibus da nossa cara colega Viação Central. Só neste período entre 1960 e 1961, temos nos primeiros recortes, quatro batidas de ônibus das linhas 71 e 171, desta vez a 171 tentando tirar a hegemonia da 71. Interessante na matéria da primeira batida é a imagem na foto de um CAIO que foi usado por poucas empresas cariocas. As duas últimas batidas, curiosamente no mesmo dia e um dos carros, já identificado com o novo prefixo, 31.0XX.


(Correio da Manhã, 22/03/1960 - cortesia de Hugo Caramuru)


(Jornal ?, 06/11/1961 -
cortesia de Hugo Caramuru)


(Correio da Manhã, 07/12/1961)


(Diário Carioca, 07/12/1961)

Provavelmente em função das batidas todas notificadas por nós, além da matéria de 28/05/1955, podem ser explicados esses dois recortes a seguir, onde são referenciadas a linha 71, na sua versão antiga e já a linha 350, renumeração da 71, e seu novo destino Irajá x Passeio e a crítica do estado de seus veículos.


(Última Hora, 17/02/1962)


(Última Hora, 31/08/1965)

Depois da matéria citada em 08/06/1949, sobre caminhão-lotação, temos um outro aqui, porém com outro motivo e razão. Tratava-se de uma greve de rodoviários, onde a Prefeitura disponibilizou caminhões faixa amarelas gratuitos, por Região Administrativa, transporte dos passageiros que desejavam ir trabalhar.

Entre 1964 e 1966, uma outra garagem na Rua Capitão Vicente, nº 85, Circular da Penha e em 1965, Avenida Braz de Pina, nº 148, Penha.


(Diário de Notícias, 11/03/1964)

Até onde temos conhecimento, a empresa operou e/ou continuou ativa, até 1968, quando foi comprada pela Viação Carioca, mas não sei se por “vício” do usuário ou por erro do periódico, a notícia abaixo cita a empresa, muitos anos após sua inexistência. A linha e sua numeração estão corretas, mas ... Leiam a pequena matéria a seguir.


(O Globo, 24/09/1971)

As linhas da Central que ainda operaram, 350 e 401, foram operadas após seu término pelas empresas Três Amigos, Forte e Federal, na 350, a partir de 1964 e a Carioca, na 401, em 1968. Quando a Central ficou somente com a linha 401, transformou-se em Ônibus Central S/A.   

Resumo das linhas operadas pela Central:

- Em 1934 e 1935, linha 30 – Lapa x Praça Bandeira - F. Sá, retornando a Lapa x Praça da Bandeira em 1953
- Em 1935, linha 29 – Praça da Bandeira x Lapa
- De 1937 a 1947, linha 71 – Lapa x Praça XV - Est. de Ferro e depois até 1964, Lapa x Vila da Penha - Irajá, substituída pela 350, em 1964
- De 1937 a 1947, linha 72 – Lapa x F. Sá e depois até 1952, Largo Candelária x Grajaú
- De 1935 a 1951, linha 73 – Lapa x Praça S. Peña, depois 1952, Praça XV x Praça S. Peña e depois 1953, Aeroporto x Praça S. Peña 
- Em 1949, linha 105 – Grajaú x Copacabana
- De 1951 a 1952, linha 94 – Largo Candelária x Irajá
- De 1954 a 1963, linha 77 – Rio Comprido x Praça S. Salvador, substituída pela 401, de 1964 a 1967
- De 1958 a 1960, linha 63 – Lapa x Praça XV - Est. de Ferro
- De 1962 a 1963, quando foi extinta, linha 171 – Praça Tiradentes x Av. Bandeiras

[Informações do site MILBUS e livro 'Guerra das Posições na Metrópole'.]

Resumo das razões sociais da Central:

- De 1932 a 1940 è Viação Central (Neves & Brauer, de Manuel Martins Neves e Ricardo Brauer Filho);
- De 1940 a 1942 è Viação Central Ltda;
- De 1942 a 1942 è Viação Central (Salim Salles);
- De 1942 a 1944 è Viação Central (Sociedade Auto Victoria Ltda.);
- De 1944 a 1964 è Viação Ônibus Central Ltda. e
- De 1964 a 1968 è Viação Ônibus Central S/A.

[Informações do site MILBUS, livro ‘Guerra das Posições na Metrópole’ e PDF.]

Nota (1): “Haviam ‘Aclo’ e ‘White’, americanos, pintados de verde e bege, na linha 71, com câmbio automático e motor na traseira, que iam da estação de Olaria até a Praça General Osório. Por algumas vezes, pegávamos um e íamos até o final da linha, sob o pretexto de tomar sorvete no Leblon. Sentíamos como se estivéssemos em outro país, vendo a praia e os edifícios desfilarem ao nosso lado, no mais perfeito silêncio e sem qualquer solavanco. Andar de ônibus era coisa bem diferente de hoje em dia: para começar, os motoristas trajavam invariavelmente camisas brancas, gravata preta e um quepe. Algumas linhas, como a 71, incluíam até o paletó. Os passageiros eram recebidos pelo trocador, que os encaminhavam a algum lugar vazio, ou então organizava a entrada no veículo nos pontos finais. Era proibido exceder 20 passageiros em pé, o que era seguido à risca”.

(1) – Depoimento do pesquisador Jaime Morais.

[Pesquisa de Eduardo Cunha e Claudio Falcão]

domingo, 14 de setembro de 2014

Viação Santa Cecília

A 22 de outubro de 1931, compareceram à Inspetoria de Concessões do então Distrito Federal os Srs. Dionel Vieira de Souza e Alfredo Vieira – razão social da Viação Santa Cecília – e por meio da assinatura de um termo de obrigação, comprometeram-se a implantar um serviço de transporte de passageiros por meio de “auto-lotações” entre a Estação de Bonsucesso e a Estrada do Apicu.

Era este o itinerário da linha, muito curta, por sinal: Estação de Bonsucesso, Estrada do Norte e Estrada do Apicu.

A tarifa era unicamente de $200 (duzentos réis) (1).

Já em abril do ano seguinte, o ‘Jornal do Brasil’ nos dava ciência de multas recebidas pela Viação Santa Cecília, por excesso de lotação em seus veículos (2).

Duas notícias encontramos sobre a circulação de ônibus de uma outra linha da Viação Santa Cecília, Olaria x Porto Maria Angu, uma em agosto/1934, mais uma vez uma multa por trafegar “com excesso de lotação”, e outra em junho/1939, esta última uma reclamação com relação aos “maus serviços” prestados pela empresa (3).

Informações confirmam que a Santa Cecília, ficou com a garagem da Viação Cruzeiro, à Rua Nicarágua, nº 149 – Penha, e também algumas das suas linhas (4).

(A Noite, 23/06/1939)

E confirmando a relação entre Dionel Vieira de Souza e Alfredo Vieira com a referida empresa, uma referência do ‘Jornal do Brasil’, em fevereiro/1935, menciona que ambos eram os proprietários da Viação Santa Cecília (5).

Por essa época, mais uma linha foi explorada pela empresa: Penha x Praça do Carmo (6).

Já em 4 de abril de 1935, o senhores acima citados compareceram à mesma Inspetoria de Concessões da PDF, para assinarem um termo aditivo de transferência da Viação Santa Cecília para a firma Dionel & Alfredo, cujos sócios eram ninguém menos do que os senhores Dionel Vieira de Souza e Alfredo Vieira (7).

Ainda em 1935, no mês de setembro, encontramos notícia de multa para mais uma linha desta empresa: Ramos x Engenho da Pedra (8), uma estrada na Penha, ainda nos dias atuais.

E no mês seguinte foi assinado um termo de transferência de obrigação, da firma Dionel & Alfredo unicamente para o Sr. Alfredo Vieira (9).

Outra linha da empresa, ainda em 1935: Penha x Vila da Penha, localizada mais uma vez através de uma multa, levada a efeito em dezembro daquele ano (10).

Uma reclamação de moradores daquela região, publicada em edição do ‘Jornal do Brasil’ de agosto/1939, nos deu conhecimento de que a linha Praça das Nações x Praia de Maria Angu (Penha), da Viação Santa Cecília, estava deixando a desejar na prestação de serviços (11).

E mais uma linha foi explorada pela empresa, pelo menos entre fevereiro/1940 e abril/1942: Penha x Praça Portugal, também na Penha.


(A Noite, 28/02/1940)


(Diário Carioca, 08/06/1941)


(A Noite, 25/04/1942)

Aparentemente, as reclamações surtiram efeito, pois o seu proprietário Alfredo Vieira transferiu a empresa para os novos sócios, José Antonio Moreira e Julio Luiz de Gouvêa Rego, através da razão social Viação Santa Cecília Ltda.

D.O.U.  12/06/1942
Secretaria Geral de Viação e Obras 
Departamento de Concessões

TERMO DE TRANSFERÊNCIA DE AUTORIZAÇÃO
“Pelo qual, é transferida a licença da Empresa ‘Viação Santa Cecília’, para a firma Viação Santa Cecília Limitada. Aos dez dias do mês de junho do ano de mil novecentos e quarenta e dois, no Departamento de Concessões da Secretaria Geral de Viação e Obras da Prefeitura do Distrito Federal, estando presentes o respectivo diretor — engenheiro civil Octavio Valdetaro Coimbra e as testemunhas infra-assinadas, compareceram o Sr. Alfredo Vieira, proprietário da Empresa ‘Viação Santa Cecília’, que explora a indústria de transporte coletivo de passageiros em auto-ônibus, com sede, garage e oficinas à rua Nicarágua, n. 149, e a firma Viação Santa Cecília Limitada, representada pelos sócios José Antonio Moreira e Julio Luiz de Gouvêa Rego, devidamente legalizada no Departamento Nacional da Indústria e Comércio, conforme registro n. 141.929, para firmar o presente termo que, de acordo com o despacho do Sr. diretor, de 19 de novembro de 1940, exarado no processo n. 504.811, dc 1940, que se acha anexo ao processo n. 2.377, de 1935, tem por finalidade especial transferir a referida empresa para a firma Viação Santa Cecília Limitada.

Primeira — Fica, pelo presente, transferida a Empresa ‘Viação Santa Cecília’, para a firma Viação Santa Cecília Limitada, conforme translado de escritura de venda, lavrada no livro 251, folhas 66, no Cartório do Dr. Luiz Cavalcanti que apresentou em anexo ao processo protocolado neste Departamento, sob n. 504.841-40.

Segunda — A firma Viação Santa Cecília Limitada, se compromete, sob pena de nulidade da licença a que se refere este termo, a continuar a dar cumprimento integral ao Regulamento baixado com o decreto n. 3.926, de 23 de junho de 1932, e a todas as leis, decretos, ordens e avisos e mais regulamentos, portarias da autoridade municipal competente, quer os já em vigor, quer os que venham a ser baixados na vigência do presente termo, e a não causar nenhum embaraço à execução do decreto n. 4.864, de 13 de junho de 1934, que determina a divisão da Cidade em zonas, para efeito, a organização do serviço de ônibus, a tudo que nesse sentido for submetendo-se determinado pela Prefeitura, bem como a fazer, desde que a mesma Prefeitura ache necessário para conveniência pública as alterações de itinerários, pontos de estacionamento, secções e cobranças de passagens das linhas mencionadas neste termo, fiel acordo com a legislação vigente.

Terceira — A firma Viação Santa Cecília Limitada continuará a explorar as seguintes linhas suburbanas: S-61 — Bonsucesso — Porto de Inhaúma, S-62 — Bonsucesso — Fábrica de Máscaras, S-63 — Ramos — Praia do Apicu, S-65 — Olaria — Porto de Maria Angu, S-71 — Penha — Companhia Brasileira, S-72 — Penha — Praça Portugal, S-77 — Circular da Penha — Praça Ramalho Ortigão, S-79 — Braz de Pina — Vila Kosmos, e as linhas auxiliares S-65A — Olaria — Praia de Maria Angu e S-72A — Penha — Braz de Pina”.

Por necessidade de guerra, em 1943 a empresa foi obrigada a manter, no mínimo, dois veículos movidos a gasogênio (12).

O recorte seguinte mostra a localização, da nova garagem da empresa à Rua Uranos, 1563, na Penha.


(Diário da Noite, 28/07/1944)

A última informação obtida, em 1946, mostra uma tabela de preços nova para as linhas circulantes na cidade e podemos observar que a única linha ainda em operação da empresa é a S-65 – Olaria x Praia de Maria Angu.

Acreditamos que a empresa não tenha chegado à nova década.


(A Noite, 04/07/1946)

Relação alfanumérica de algumas linhas operadas pela Santa Cecília:

S-61 – Bonsucesso x Porto de Inhaúma – de 1939 a 1942;
S-62 – Bonsucesso x Fábrica de Máscaras – de 1939 a 1943;
S-63 – Ramos x Praça do Apicu, via Cardoso de Morais – de 1939 a 1943; 
S-63A – Ramos x Praça do Apicu, via P. Landim – 1939;
S-65 – Olaria x Praia de Maria Angu – de 1939 a 1946 (13);
S-65A – Olaria x Praia de Maria Angu – 1943;
S-71 – Penha x Cia. Brasileira – de 1939 a 1943;
S-72 – Penha x Praça Portugal – de 1939 a 1942;
S-72A – Penha x Braz de Pina, depois Vila Kosmos – de 1942 a 1943;
S-77 – Circular da Penha x Praça Ramalho Ortigão – de 1939 a 1942 e
S-79 – Braz de Pina x Vila Kosmos – 1942.

Referências:

(1) – Jornal do Brasil, 24/10/1931.
(2) – Jornal do Brasil, 12/04/1932.
(3) – Jornal do Brasil, 05/08/1934 e A Noite, 23/06/1939.
(4) – Informações do pesquisador Antônio Sérgio.
(5) – Jornal do Brasil, 21/02/1935.
(6) – Jornal do Brasil, 09/03/1935.
(7) – Jornal do Brasil, 12/04/1935.
(8) – Jornal do Brasil, 12/09/1935.
(9) – Jornal do Brasil, 12/10/1935.
(10) – Jornal do Brasil, 04/12/1935.
(11) – Jornal do Brasil, 20/08/1939.
(12), (13) – Informações do pesquisador Antônio Sérgio.

Nota: O leitor pode verificar nesta postagem um grande número de referências sem as respectivas ilustrações. O motivo é que determinados periódicos adotaram mecanismos que não nos permitem digitalizar suas notícias / imagens.

[Pesquisa de Claudio Falcão e Eduardo Cunha]