domingo, 15 de junho de 2014

Viação Carioca


O primeiro registro que temos da Viação Carioca é o termo aditivo do então proprietário da Auto Viação Avenida, Sr. Mário Bianchi, trocando a razão social da empresa para Viação Carioca, em 4 de maio de 1932.

Apesar da falta de documentação sobre o assunto, acreditamos que a empresa ainda estivesse explorando uma linha da Muda para algum local do centro da cidade, que era da Auto Viação Avenida.

(Jornal do Brasil, 07/05/1932)

Temos a referência que um mês antes, a empresa estava explorando uma linha entre a Usina e a Muda da Tijuca.

(Jornal do Brasil, 26/04/1932)

Já em 1933, há informação de um acidente envolvendo e confirmando a presença da empresa operando a linha Tijuca x Leblon, futura linha 11.

(Jornal do Brasil, 21/04/1933)

A seguir, uma homenagem singela pela comemoração dos dois anos de existência da empresa, de um dos seus veículos e ficha, da época.

(Diário Carioca, 01/04/1934)

Ônibus da Viação Carioca - 1936


Termo aditivo para concessão temporária de um serviço especial entre a Muda e o Alto da Boa Vista, prorrogando o mesmo, conforme teor abaixo. Vejam que, na época, a garagem do Grupo Bianchi era na Rua Frei Caneca, nº 134.

DOU, da PDF, de 30-03-1939:
Secretaria Geral de Viação, Trabalho e Obras
Públicas
DIRETORIA DOS SERVIÇOS DE UTILIDADE PÚBLICA
TERMO ADITIVO
“Pelo qual é prorrogado o prazo para execução de um serviço de ônibus, em caráter de emergência, na Estrada Nova da Tijuca, até 31 de março de 1939.
Aos vinte e quatro dias do mês de março do ano de mil novecentos e trinta e nove, na Diretoria dos Serviços de Utilidade pública, da Secretaria Geral de Viação, Trabalho e Obras Públicas, da Prefeitura do Distrito Federal, estando presentes o respectivo diretor Otávio Valdetaro Coimbra, e as testemunhas infra-assinadas, compareceu o Sr. Mário Bianchi, proprietário das Empresas "Viação Carioca", "Brasileira de Ônibus" e "Viação Suburbana", cuja sede à rua Frei Caneca, 134, para firmar o presente termo que, de acordo com o despacho do Sr. secretário geral de Viação, Trabalho e Obras Públicas, exarado em 9 de março de 1939, no processo número 919-39, tem por finalidade especial prorrogar até 31 de março de 1939, sob as condições abaixo estabelecidas, a execução de um serviço especial de transporte de passageiros em auto-ônibus entre a Muda da Tijuca e o Alto da Boa Vista:
Primeira - Fica, pelo presente, prorrogado por mais um período de três (3) meses, a terminar em 31 de março de 1939, o prazo de execução do serviço de auto-ônibus entre a Muda da Tijuca e o Alto da Boa Vista a que se refere o termo de autorização assinado nesta Diretoria em 17 de dezembro de 1938.
Segunda - Continuam em pleno vigor as condições estabelecidas pelas cláusulas primeira, segunda, terceira, quarta, sexta e sétima do termo de autorização assinado em 17 de dezembro de 1938, as quais continuarão a regular a execução do serviço de que trata o presente termo.
Terceira - A verba pela qual deverá correr o pagamento da subvenção, citada na cláusula quarta do termo de autorização assinado em 17 de dezembro de 1938, passará a ser a verba 25 (Código 74) – a Encargos correntes – Transporte e Comunicações – Transporte –Classificação n. 4.100.2 – Anexo n. 8, do orçamento da despesa para o corrente exercício e por conta do empenho n. 8, de 10 de fevereiro de 1939, cuja segunda via já foi enviada ao Tribunal de Contas.
Quarta - O pagamento da subvenção referida na cláusula quarta do termo de autorização assinado em 17 de dezembro de 1938, mantida cai em vigor nas condições da cláusula anterior do presente termo, será feito a contar de 1 de janeiro de 1939, data em que terminou a vigência do termo de 17 de dezembro de 1938, em virtude de ter continuado a ser executado o serviço em apreço sem interrupção
O presente termo aditivo da autorização só entrará em vigor depois de registrado no Tribunal de Contas. E, para firmeza do que acima ficou estabelecido, lavrou-se o presente termo que, depois de lido e achado conforme pelas partes interessadas, é por elas assinado, pelas testemunhas e por mim, Edgard Barbosa, funcionário que o escrevi e subscrevo.
Sobre seis estampilhas municipais no valor total de $72.000 (setenta e dois mil réis),
Rio de Janeiro, 24 de março de 1939”.



Na década de 40, a Viação Carioca adquiriu a Empresa Brazileira de Omnibus e a Viação Cruzeiro do Sul.

Em 1941, um anúncio indicativo do local de venda de passagens das empresas, e também um ônibus da frota, já na linha 111.


(Anúncio publicado em 'A Noite' - fevereiro/1941)


Ônibus 111 - Viação Carioca - 1941



E finalmente, em 1941, é oficialmente inaugurada a linha entre a Muda x Usina – Alto da Boa Vista, conforme nos mostra a matéria a seguir.


(Notícia publicada em fevereiro/1941)



Em 1944 é aberto um trecho da Av. Pres. Vargas, e na foto podemos ver, abrindo a fila, um veículo da Carioca, na linha 11, seguido de um da Metropolitana, na linha 14 e mais atrás um carro da Excelsior.


Inauguração da Av. Presidente Vargas - 1944

Em entrevista concedida, o Sr. Mário Lopes de Oliveira Júnior, presidente do Sindicato de Veículos Rodoviários e Anexos, comenta a situação financeira das empresas cariocas, e de passagem cita o caso da venda da Viação Carioca, o que caracteriza que após o falecimento de Mário Bianchi em 1940, a empresa toma novos rumos. Nesse caso, a transferência da empresa foi mera formalidade, mediante seus bens estarem em espólio, e a caracterização da nova razão social da empresa, iniciada e administrada pela viúva Prazeres Bianchi e Amorim Godinho de Almeida, adotada em 14/10/1943, foi Viação Carioca Ltda.


(Diário Carioca, 24/06/1945)


Ônibus 11 - Tijuca x Ipanema - Viação Carioca - 1949


Ônibus Tijuca x Ipanema - 1940

Imagens de 1950 e 1951, comprovando a existência das linhas 11, 29 e 111, sendo duas delas na nova garagem da Rua Conde de Bonfim, nº 821, Tijuca.


(A Noite, 08/05/1950)


Garagem com ônibus da linha 29 - 1950


Garagem da Viação Carioca - 1951

Temos a comprovação da razão social para Viação Carioca Ltda., numa homenagem pela comemoração do 77º aniversário da ‘Gazeta de Notícias’, em 1952.

E uma curiosidade para todos, principalmente para os que se preocupam com números das linhas exploradas, segue uma informação nova, a linha 223 – Praça Paris x Muda, operada pela Carioca, em 1953 e indevidamente identificada no recorte, como Praça Mauá x Muda.

(Gazeta de Notícias, 05/08/1952)


Ônibus da linha 223 - Muda x Mauá - Viação Carioca
(Gazeta de Notícias, 16/03/1956)

Já em 1956 podemos observar a queda financeira das empresas cariocas, onde a Carioca se inclui e não destoa. Ainda operando suas três linhas, 11, 29 e 223, a crise já a atingiu e mantém sequelas.


(Gazeta de Notícias, 09/08/1956)

Agora temos 3 “modelitos” de exuberantes Carbrasa, utilizados pela empresa na década de 60. O primeiro é na garagem da Conde de Bonfim, na Tijuca.


Garagem da Viação Carioca - 1960
(Acervo de 'O Globo')


Viação Carioca - 1961


Viação Carioca - 1962

A Carioca, acabou sendo arrematada pela Auto Viação Alpha S/A, mesmo depois da própria Alpha ter ‘emprestado’ a linha 415 para a Carioca sair da crise em que se encontrava. Não teve outro jeito senão a Alpha, que era parceira, ter a preferência da aquisição em 1981.

Nota: Informações adicionais oriundas do site da MILBUS, do livro ‘Guerra de Posições na Metrópole’ e livro da Prefeitura do Distrito Federal, Noronha Santos, 1934.

[Pesquisa de Eduardo Cunha e Claudio Falcão]

12 comentários:

  1. Muito bom o histórico da Viação Carioca. Gostei muito da foto da garagem da Conde de Bonfim 821. Existem relatos que a primeira garagem da Carioca teria sido na Conde de Bonfim esquina com a rua Santa Carolina, onde hoje é utilizado pela Fabios. Também desconhecia a 223, mas acho que em 1958 a linha já havia sido extinta. Sds, Antonio Sérgio.

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  2. Antonio Sérgio, mais uma vez grato pela participação e comentários.A Carioca, teve uma garagem em um terreno muito grande, a direita de quem sobe a Conde de Bonfim, que dá entrada pela Maracanã, atravessa ela e acaba na São Miguel. Esse terreno fisicamente é abaixo de onde hoje a Fabios garageia. Essa garagem enorme era da época que existiam também além da Carioca, a EBO, e a Cruzeiro do Sul. Posteriormente foi usada pela Nacional e depois pela Alpha bem como por último pela Catumbi. Como era espólio do Bianchi, parece ter sido tomado conta pela Prefeitura, assim como o casarão da esquina da Garibaldi - onde residiam -, e hoje é um depósito da Prefeitura em parte e arrendado o resto. Saudações.

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  3. Valeu Eduardo pelos esclarecimentos. Grato, Antonio Sérgio.

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  4. Olá!

    Meu avô, Fernando de Amorim Tavares, foi sócio da Carioca na década de 50, 60, acredito. Trabalhou na empresa durante 30 anos. Acho que tenho inclusive alguns documentos da empresa aqui em casa. Vocês teriam alguma informação sobre meu avô?

    Grato, Leandro Bernardes.

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  5. Leandro, grato pelo contato e informação. Gostaria que falássemos sobre esse assunto em particular, por favor mande um email para mm: ecunha2@bol.com.br, que conversaremos, OK? Grato e aguardo contato. Eduardo.

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  6. Morei na muda onde a viação carioca explorava a linha 413 lembro que na década de 70 os ônibus desta linha quebravam a todo instante e logo depois q foi adquirida pela alpha começaram a implantação de novas carrocerias lembro muito da vi geral e depois. Ciferal Paulista e a lista azul nas carrocerias passaram a ser vermelha.

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    1. Jorge, boa tarde. Obrigado pelo contato e comentário e pelo seu email que guardei para mim e não divulguei. A Carioca foi uma verdadeira potencial mas depois que saiu das mãos do Bianchi, devido a sua morte e das do Godinho que junto com a viúva, ficou de administrador, a empresa começou a cair em parafuso e não teve o que a levantasse, a não ser a compra pela Alpha. Eu moro na Muda e até hoje a Alpha presta um ótimo serviço na 413. Segue meu email, ecunha2@bol.com.br e volte sempre.

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  7. Linha 413 muda faz parte da historia da tijuca. Existiu também a linha 412 muda-Leme mas durou pouco tempo.a garagem da carioca ficava ao lado esquerdo na Conde de Bomfim próximo a Garibaldi sentido usina.

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    1. Jorge, a casa na esquina da Conde de Bonfim com Garibaldi, ficou por muitos anos em inventário e como não foi acertado com a Prefeitura foi reformada pelo município e hoje, após reformas, transformada em Centro Cultural da Música Brasileira. Outro terreno que era dele que foi Garagem da Nacional e depois da Catumbi, foi também tomada pela Prefeitura e transformada em depósito, isso na São Miguel.

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  8. Cunha na foto da garagem em 1960, certamente não há 'Carbrasas', temos dois 'Cermavas' ao fundo e um modelo em destaque (a saber) veja o nome na grade, parece ser Vieira. Mas eu pensava ser Cirb. Excelente matéria!!!

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    1. Prazs, quando me refiro há "Agora temos 3 “modelitos” de exuberantes Carbrasa, utilizados pela empresa na década de 60. O primeiro é na garagem da Conde de Bonfim, na Tijuca.", e claro que há 2 outros Carbrasa, pois estou fazendo referência a 1 Na foto e a 2 nos desenhos, que estão a seguir totalizando 3 e não aos 3 veículos da primeira foto. O que me enganei foi ter chamado de Carbrasa ao Vieira que está em primeiro plano, na foto, que irei corrigir. Abraços.

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