domingo, 12 de janeiro de 2014

Auto Viação Brasil



Em 26 de outubro de 1927, começa a operar a Auto Viação Brasil, com razão social de F. Lucas & Cia. Ltda., com oito ônibus fabricados na Garage Royal, nas linhas Largo de São Francisco x Engenho de Dentro, Palácio Monroe x Muda da Tijuca e Clube Naval x Balneário da Urca. Devido à má conservação das ruas que conduziam ao Méier, conforme notificação da própria empresa, a linha para este bairro teve seu itinerário reduzido e passou a ser Largo de São Francisco x Praça 7 de Março, com promessa de retorno tão logo recebessem ônibus novos encomendados à Alemanha.

(Revista 'O Malho', 12/11/1927)

(O Globo, 02/11/1927)

Pelo que é mostrado no documento a seguir, a empresa também explorava, com certeza em 1928, a linha Méier x Monroe.

Essa concessão foi substituída por Cascadura x Monroe, obedecendo ao seguinte itinerário: Rua Nerval de Gouvêa, Rua Elias da Silva, Rua Manuel Victorino, Av. Amaro Cavalcanti, Rua Dias da Cruz, Rua Lins de Vasconcellos, Rua 24 de Maio, Rua São Francisco Xavier, Rua Mariz e Barros, Rua São Cristóvão, Rua Visconde de Itaúna, Praça da República, Rua Marechal Floriano, Rua Visconde de Inhaúma, Av. Rio Branco e Palácio Monroe. Na volta era usada a Rua Senador Eusébio, ao invés de Visconde de Itaúna.

Suas seções eram: Cascadura a Piedade, $200 (duzentos réis); Piedade ao Engenho de Dentro, $200 (duzentos réis); Engenho de Dentro ao Méier, $200 (duzentos réis); Méier ao Sampaio, $200 (duzentos réis); Sampaio a São Francisco Xavier, $200 (duzentos réis); São Francisco Xavier à Rua Dona Zulmira, $200 (duzentos réis); Dona Zulmira à Afonso Pena, $200 (duzentos réis); Afonso Pena à Rua Machado Coelho, $200 (duzentos réis); Machado Coelho à Camerino, $200 (duzentos réis); Camerino ao Monroe, $200 (duzentos réis); com as diretas, Monroe ao Méier, 1$200 (hum mil e duzentos réis) e Monroe a Cascadura, 1$800 (hum mil e oitocentos réis).

(Jornal do Brasil, 27/07/1928)

Em 1928, houve uma troca no nome fantasia da empresa, de Viação Brasil para Viação Geral (nota: ver http://rionibusantigo.blogspot.com.br/2014/02/viacao-geral-viacao-imperio.html). 

(Jornal do Brasil, 31/10/1928)

Apesar do problema “dos caminhos que levam ao Méier”, a empresa, ao ser fundada, teve sua localização e garagem à Rua Ana Leonídia, nº 217, no Engenho de Dentro, tendo assim que diariamente conviver com seus veículos passando pelas más conservadas ruas do bairro vizinho.

Mais uma vez, em 1933, a empresa retornou ao nome fantasia de Viação Brasil, desta vez na propriedade de Christiano Siemsseni.

Ainda em 1933, a garagem e oficina de consertos teve sua localização mudada para a Av. Amaro Cavalcanti, esquina com a Rua Curupaity, também no Engenho de Dentro, local onde nos dias de hoje existe um grande posto de gasolina da Shell.

(O Globo, 18/03/1933)

Pelo que aparenta, àquela época já havia animosidades entre motoristas de ônibus, em busca de passageiros, e é o que parece retratar a notícia que se segue, entre um veículo da Brasil e um da Glória. No ano da matéria, 1934, a Brasil operava a linha 35, Palácio Monroe x Engenho de Dentro, com variantes para Praça Mauá x Engenho de Dentro, os dois extremos da Av. Rio Branco.

(O Globo, 05/12/1934)

Aqui temos o termo de prorrogação para exploração da linha Monroe x Engenho de Dentro, por quatro anos.

Essa linha manteve seu itinerário, Palácio Monroe, Av. Rio Branco, Rua Visconde de Inhaúma, Av. Marechal Floriano, Praça da República, Rua Senador Eusébio (ida) e Rua Visconde Itaúna (volta), Av. do Mangue, Av. Lauro Müller, Praça da Bandeira, Rua Mariz e Barros, Rua São Francisco Xavier, Rua 24 de Maio, Rua Dias da Cruz, Rua do Engenho de Dentro até a Estação do Engenho de Dentro.

Suas seções: Monroe x Camerino, $200 (duzentos réis), Camerino x Afonso Pena, $400 (quatrocentos réis), Afonso Pena x São Francisco Xavier, $400 (quatrocentos réis), São Francisco Xavier x Meyer, $400 (quatrocentos réis) e Meyer x Engenho de Dentro, $200 (duzentos réis), com as diretas, Monroe x Meyer, 1$200 (hum mil e duzentos réis) e Monroe x Engenho de Dentro, 1$400 (hum mil e quatrocentos réis).

Associado à prorrogação, há a transferência e troca da razão social para M. P. Salgado.

(Jornal do Brasil, 02/06/1937)

Nessa matéria paga a seguir, poderemos ver que a “boa filha à casa torna”, ao inaugurarem a garagem da Rua Ana Leonídia, nº 217, telefone 29-0765, que provavelmente passou por uma grande reforma.

(A Noite, 31/01/1939)

Em maio de 1942 a empresa recebeu a denominação de Viação Brasil Ltda.

Com a abertura da Av. Presidente Vargas, em 1944, pudemos comprovar a diminuição no tempo de viagem para o centro da Cidade, conforme depoimentos de vários motoristas, inclusive da Viação Brasil. Naqueles tempos, como hoje – veja BRSs e corredores expressos atuais –, a procura pela redução do tempo nas viagens é a mesma, na busca constante por um melhor serviço.

(A Noite, 08/09/1944)

A notícia aqui divulgada mostra a situação de um inventário do espólio do proprietário M. P. Salgado. Esse documento deixa claro que as operações da empresa continuariam ocorrendo.

(Jornal do Brasil, 06/08/1946 -
acervo Marcelo Prazs)

Conforme determinação do Departamento de Concessões da Prefeitura foi autorizada a instalação, após o término da construção da ponte para a Ilha do Governador, das linhas Praça XV x Ribeira e Praça XV x Freguesia, como mostra o recorte a seguir.

Como sabemos hoje, essas concessões devem ter sido repassadas para a Transportes Paranapuan Ltda., após sua inauguração em 1949, devido a Brasil não ter operado essas duas linhas.

(Diário da Noite, 31/03/1948 - acervo Jaime Moraes)

Devido ao mau atendimento prestado pela linha S-5 – Engenho de Dentro x Piedade - Cascadura, explorada pela Viação Cruz de Malta, a Brasil recebeu autorização para explorar a mesma e logo a transformou em Meyer x Cascadura, aproveitando assim para aumentar o preço das passagens, devido ao aumento do itinerário, o que diretamente veio a prejudicar seus usuários.  

A partir daí temos outra matéria sobre reclamação do abuso na “malandragem” para a cobrança nos preços das passagens.

(Correio da Manhã, 10/09/1950)

(Diário Carioca, 27/12/1951)

Na matéria, a comprovação da existência da linha Engenho de Dentro x Lapa, a conhecida linha 135.

(Correio da Manhã, 04/08/1953)


Ônibus da linha 135
(Arquivo Público do Estado de São Paulo;
imagem cedida por Marcelo Prazs)

Nessa década de 50, a empresa sofreu fortes pressões para continuar exercendo suas atividades, mais especificamente em 1953, como comprova a reportagem, quando a Fábrica Nacional de Motores pediu a apreensão de seus veículos, alegando falta de pagamento das prestações. Nessa época, sua garagem era na Rua Dr. Niemeyer, nº 72, no Engenho de Dentro e ela operava a linha 135 (antiga 35), Engenho de Dentro x Lapa, que tinha uma variante, Engenho de Dentro x Forte Copacabana, mais uma concorrência com a Viação Glória.

(O Globo, 28/10/1953)

Na publicação abaixo, a solicitação de um usuário do retorno de uma linha 135 - Engenho de Dentro x Forte de Copacabana.

(Correio da Manhã, 29/07/1954)

Mesmo não tendo como comprovar, a empresa continuou operando durante a década, aproximadamente até 1957.  

Nota: Informações adicionais oriundas do site da MILBUS, do livro “Guerra de Posições na Metrópole” e livro da “Prefeitura do Distrito Federal, Noronha Santos, 1934”.

[Pesquisa de Eduardo Cunha e Claudio Falcão]

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