Com a
proximidade da inauguração da ponte que ligaria a Ilha do Governador ao
continente, em janeiro de 1949, um problema surgiu: de nada adiantaria uma
ponte, se não houvesse um meio de transporte rodoviário ligando a Ilha ao Centro
da cidade. Infelizmente, a empresa que explorava as linhas internas, Empreza E.
L. Freitas, não possuía estrutura suficiente, contentando-se com uma linha
entre Bonsucesso e Freguesia, mas não encontramos qualquer matéria afirmando sua
existência.
A empresa denominada Viação
Continente-Ilha Ltda., chegou até a publicar anúncio em jornal, anunciando para
breve a inauguração de suas três linhas para a Ilha, Galeão, Freguesia e
Ribeira, conforme recorte abaixo.
(Correio da Manhã, 05/02/1949) |
Porém, devido a motivos alheios
aos nossos conhecimentos, nada disso veio a acontecer, e sim que a solução encontrada foi ceder provisoriamente a nova linha a
uma empresa já estabelecida na cidade. Como a Ilha possuía pouquíssimas ruas
pavimentadas e os ônibus urbanos convencionais certamente não iriam resistir
por muito tempo à lama e aos buracos, esta deve ter sido a razão para a cessão
da concessão à EMO, e todo o processo de relacionamento entre ela e a
Continente-Ilha, bem como o início da confecção provisória de uma ata de
constituição, para a futura Transportes Paranapuan S/A.
Foram
então adquiridos da massa falida da Viação Excelsior, dois ônibus Guy, apelidados de ‘Detefon’ – devido ao
excesso de baratas que eram encontradas em seus interiores –, e que seguiriam o
trajeto restante, Galeão x Freguesia, por dois diferentes itinerários. Apesar de somente um veículo em cada linha,
suas enormes rodas passavam por qualquer buraco mais profundo que fosse
encontrado.
A
seguir, duas raras menções aos ônibus da Continente-Ilha, uma foto de um deles
na antiga Praça Carmela Dutra, na Freguesia, em 1949, e a outra um ‘desenho
artístico’, assinado por A. Said, também em 1949, com o veículo trafegando na
orla da Ilha.
Atentem
que, no desenho, os ônibus foram dotados de faróis, coisa que quando circulavam
pela Excelsior, não tinham.
Praça Carmela Dutra - Freguesia (imagem cedida pelo historiador Jaime Moraes) |
Ônibus 'Detefon' da Viação Continente-Ilha - gravura: A. Said (1949) (imagem cedida pelo historiador Jaime Moraes) |
Como relatado na ata de
incorporação da Transportes Paranapuan S/A: “Os fundadores obrigam-se a adquirir acervo da Viação Continente-Ilha
Ltda„ e os direitos da concessão "Ilha do Governador" outorgada à Emprêsa Municipal de Ônibus S.
A.; as importâncias despendidas ou a despender serão as permitidas pela Lei das
Sociedades Anônimas na forma do art. 129, alíneas "d" — "e"
mediante autorização expressa de cada subscritor no ato da subscrição” (1).
Esse descritivo nos informa que
a Continente-Ilha teve sua vida terminada quando da fundação da Paranapuan, o que
ocorreu em 1951.
Referência:
(1) – DOU/DF, 1949
Suas pesquisas vão ao fundo na historia do ônibus parabens
ResponderExcluirGrato pelo seu comentário e elogio. É para isso que pesquisamos, para descobrir e divulgar os achados e compartilhar com o grupo. Abraços, Gusmão.
ExcluirAmigo Eduardo, só tenho a lhe agradecer por nos trazer grandes tesouros das empresas do nosso querido Rio de Janeiro.
ResponderExcluirGrande abraço.
Edvaldo, nós é que agradecemos as visitas de todos vocês e ficamos muito contentes em descobrir essas notícias, que também as vezes nos são novidades. Para nós esses comentários só reforçam nosso interesse em procurar e descobrir mais, para passar a todos os aficionados pelos ônibus do Rio. Forte abraço amigo.
ExcluirInteressante observar que os "Guy-Daimler" ( chassi Guy e motor Daimler) que rodaram na Ilha possuíam farois adaptados, que aliás não adiantavam muita coisa. A forração dos bancos era do tipo que parecia uma pele de onça pintada.
ResponderExcluirO para brisas basculante era outro problema... Uma vez aberto entrava uma poeirada de barro vermelho no interior do ônibus...
Creio que a caixa de mudanças não era sincronizada, considerando o tempo em que o motorista levava para efetuar a troca das marchas.
Jaime, mesmo com tantos problemas, eles rodaram por muito tempo, cumpriram muito bem suas funções e ainda foram reaproveitados até o início da década de 50. Foram fiéis servidores. Abraços.
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