domingo, 26 de julho de 2015

Empresa de Transportes Urbanos Turistas Ltda.

Nossa matéria começa com a divulgação, por dois jornais diferentes, da inauguração da empresa com a sua primeira linha, a 101 – Urca x Ipanema, com veículos novos, modelo Chevrolet “Tigre”, movidos a gasogênio e sendo dada ênfase ao horário do término das viagens diárias, às 3 horas da manhã.

A linha tinha características bem marcantes, como o seu nome, os bairros que ligava e o término da última viagem, atingindo diretamente os turistas que frequentavam o Cassino da Urca e os hotéis de toda orla carioca, onde os hóspedes/jogadores pernoitavam.   

(A Manhã, 29/12/1943)

(Diário da Noite, 29/12/1943)

(A Manhã, 31/12/1943)

A próxima imagem mostra dois ônibus – um somente aparecendo parte do seu aparato de gasogênio e o outro com passageiros, muito bem vestidos, aguardando na fila –, provavelmente do último horário. 

Ônibus a gasogênio, da linha 101 - ano de 1944

Neste recorte há uma defesa de outra empresa, no caso a Elite, pela matéria publicada no dia anterior, que cita, provavelmente, ser a linha 20, uma nova linha e também da Turistas, quando na verdade a linha em questão é da Elite, fazendo o percurso Praça Mauá x Grajaú.

(A Noite, 07/03/1946)

Devido ao excesso de fumaça, o Departamento de Concessões decretou a retirada de circulação de vários lotações e ônibus, quer seja de empresas ou individuais. Não fomos informados de quantos, mas a Turistas também foi atingida por essa operação.

(A Noite, 12/09/1955)

Apesar de procurarmos, não encontramos nenhuma informação sobre quando e o porquê da empresa haver terminado, nem também quais linhas ainda mantinha.

Só podemos afirmar que ela não terminou devido ao fim dos cassinos, pois esse fato ocorreu em 30 de abril de 1946. Como operou no mínimo até 1955, deve ter ainda transportado muitos turistas em seus veículos.

[Pesquisa de Eduardo Cunha e Claudio Falcão] 

sexta-feira, 24 de julho de 2015

José Pereira dos Santos Bastos

Em 1917, somente duas empresas foram organizadas. Já publicamos a Empresa de Transporte, Commercio e Indústria e agora citaremos a existência da empresa cuja propriedade era de José Pereira dos Santos Bastos, que aparentemente também circulou pela Avenida Central (Rio Branco).

Apesar de nossas exaustivas pesquisas, nada encontramos, somente a citação de sua existência, tendo seu contrato lavrado com a Prefeitura do Distrito Federal em 29 de dezembro de 1917 (1).

Dentro do nosso conceito, estamos informando a sua existência, e quando conseguirmos mais dados, refaremos a matéria e informaremos os detalhes.

Referência:

(1)Livro da Prefeitura do Distrito Federal, 1934.

[Pesquisa de Eduardo Cunha e Claudio Falcão]

domingo, 19 de julho de 2015

Empreza de Transporte, Commercio e Indústria

Em novembro de 1917, ocorreu o leilão do acervo da Empreza Auto-Avenida, que foi à falência em 1916, e arrematado por Dias Tavares, para utilizá-lo em uma nova empresa, chamada Empresa de Transporte, Comércio e Indústria (1).

A mesma teve seu contrato com a Prefeitura do Distrito Federal lavrado em 27 de dezembro de 1917 (2).

Então, em uma notícia divulgada na imprensa, é comunicado aos interessados o projeto dos estatutos da empresa, como também relaciona seus cinco fundadores e a quais firmas estavam associados.

(A Noite, 03/06/1917)

Em 1918, soubemos ter sido eleito José Dias Tavares à presidência da Empresa de Transporte, Comércio e Indústria.

No próximo recorte, a tão esperada informação, sobre linha e itinerário que a empresa faria. Seria Praça Mauá x Lapa, passando pela Avenida Rio Branco, Avenida Beira-Mar e Rua Teixeira de Freitas, e o preço de sua passagem era de $200 (duzentos réis).

(Gazeta de Notícias, 14/12/1917)

Em nota da Prefeitura, publicada, segue o texto: “A Empreza de Transporte Commercio e Industria, requereu ao Sr. Prefeito licença para fazer trafegar, na Avenida Rio Branco, novos typos de  autoomnibus pequenos, em substituição aos actuaes, não tendo ainda obtido despacho” (3).

No FÔRO, transcrevemos o que foi encontrado: “Patente de invenção - Infracção de privilegio - Queixa crime - Condemnação - ... José Dias Tavares, Presidente da Empreza de Transporte, Commercio e Industria... Com relação ao accusado José Dias Tavares, o Juiz julgou-o isento de pena e culpa, por não ter ficado provado o fabrico e uso do apparelho patenteado” (4).

Nosso entendimento é que a empresa era mais voltada para o transporte de cargas do porto do Rio, mas que em alguma época fez também transporte de passageiros.

Em outras palavras, temos muito poucas referências desta empresa, não sabemos até quando circulou, mas fazemos questão de postar esse pouco material, para não deixar passar em branco parte da história dos transportes da antiga capital federal.

Referências:

(1)Site MILBUS;
(2) – Livro da Prefeitura do Distrito Federal, 1934;
(3) – Jornal do Brasil, 16/01/1919 e
(4) – Jornal do Brasil, 13/02/1919.

[Pesquisa de Eduardo Cunha e Claudio Falcão] 

H. L. Wheatley

O terceiro termo de contrato com a Prefeitura foi assinado em 27 de novembro de 1916, por H. L. Wheatley, engenheiro domiciliado no Rio de Janeiro.

Comprometeu-se a manter um serviço de ‘auto-omnibus’ por toda a extensão da Avenida Central, da Praça Mauá x Palácio Monroe.

Esses ônibus seriam de tração elétrica, movidos a baterias e fabricados nos Estados Unidos, e levariam um tempo para fabricação e para entrada em circulação da linha. Esses veículos foram recebidos e utilizados em 1918.

A licença para estabelecimento da empresa foi dada em 21 de maio de 1918, a título de experiência e sem passageiros, junto com o DOU/DF, em nome de Henry Lawrence Wheatley, tendo em agosto o serviço sido inaugurado.

Aqui temos o Termo de Obrigação, citado no item anterior. Tinha como itinerário a Praça Mauá, Avenida Rio Branco até a Rua Joaquim Nabuco, esquina com a Rua Luiz de Vasconcellos, de onde retornava pela Avenida Rio Branco até a Praça Mauá.

A linha tinha uma única seção, de ida ou de volta, de $200 (duzentos réis).


(Livro 'Auto-Ônibus, Legislação - Autorizações', Light - 1940)

Seguem imagens dos ônibus elétricos adquiridos pela empresa para tráfego por toda a Avenida Rio Branco. Aparentam mais um bonde do que propriamente um ônibus.



Imagens dos ônibus elétricos da linha Mauá x Monroe - 1918

Poucos meses depois da inauguração da linha, conforme Termo de Transferência de 5 de dezembro de 1918, a empresa é passada para a The Rio de Janeiro, Tramway, Light and Power Company Limited, que ainda não era chamada de Viação Excelsior.

Esta foi uma forma “maquinada” para passar pela Avenida Rio Branco, pois na mesma era proibida a passagem de bondes, e assim ela começou a marcar seu território.

(Livro 'Auto-Ônibus, Legislação - Autorizações', Light - 1940)

Essa empresa posteriormente, quando a Light começou a operar ônibus, transformou-se na The Rio de Janeiro, Tramway, Light and Power Company, Ltd., a ser mostrada em outra postagem.


[Pesquisa de Eduardo Cunha e Claudio Falcão]

domingo, 12 de julho de 2015

Transportes Urbanos, Rurais e Interestaduais Ltda. - TURI

A empresa TURI tem seu ‘sobrenome’ Interestaduais devido à sua origem, pois era uma empresa mineira que fazia uma linha entre Rio e Belo Horizonte, com linha intermediária e uma parada em Juiz de Fora, na década de 40.

Vejam um ônibus dela utilizado já na década de 50, quando ainda ela operava este trajeto.


Ainda na década de 40, ela aderiu a parte da sua denominação aqui no Rio de Janeiro, quando operou linhas urbanas a partir de 1946. Sua primeira linha urbana foi a 10 – Praça Mauá x Aeroporto, com nove micro-ônibus importados, modelo Transit-Bus-Universal, com capacidade para 23 passageiros sentados, com duas portas, e carinhosamente apelidado pela população carioca de “Gilda”. Ainda faltavam receber mais alguns veículos iguais a estes, em outra remessa.

Seu itinerário era Av. Rio Branco, Av. Beira-Mar e Aeroporto tendo como retorno pela Av. Pres. Antonio Carlos, Av. Pres. Wilson e Av. Rio Branco.

Sua apresentação era muito bonita, e suas cores suaves, em tons de azul claro e creme, faziam um contraste harmonioso.

(A Noite, 16/10/1946)

Como eram 9 ônibus inicialmente, as fichas mandadas fazer pela TURI tinham a numeração de 1 a 9, conforme o carro usado. Vejam o exemplo.


Devido a dois motivos, o fato de ter ônibus importados e por solicitação da Panair, a TURI iria alterar seu itinerário até o Mercado Municipal, onde seus hidroaviões faziam terminal, para facilitar o acesso dos seus passageiros. Esses motivos, associados a um decreto em vigor, autorizaram a aumentar suas passagens em Cr$ 0,20 (vinte centavos).

(A Noite, 26/01/1948)

Aproveitando a comemoração de aniversário do ‘Diário da Noite’, algumas empresas cariocas se comprometeram junto a autoridades do Distrito Federal, a cumprirem certos procedimentos, conforme mostra essa página do citado jornal.

No clipe a parte, o comprometimento da TURI, onde informa a localização de sua garagem, à Rua Gonzaga Bastos, nº 290, em Vila Isabel e uma linha extraordinária que realizava nos finais de semana.

(Diário da Noite, 01/11/1948)

(Diário da Noite, 01/11/1948)

Já entrando pela década de 50, vemos imagens de vários ônibus seus, enfileirados e estacionados, possivelmente em frente à sua garagem de Bonsucesso, na Av. Guilherme Maxwell, nº 210. As fichas a seguir foram usadas neles.








Algo curioso da época, passagem grátis dada por políticos durante o período de votação, para os passageiros irem às eleições em 3 de outubro de 1950, e com propaganda do próprio político, emitidas para uso na EMO e TURI.


A próxima matéria cita a posse da diretoria do Sindicato das Empresas de Transportes de Passageiros, cujo presidente, no caso, era também o presidente da TURI, da EMO e da Companhia de Transportes Campo Grande.

(Diário da Noite, 11/07/1952)

Uma ação em vara cível fez alguns bens da empresa serem penhorados e leiloados, conforme notícia, onde há um ônibus incluído.

(Gazeta de Notícias, 20/05/1954)

Temos aqui três modelos distintos de ônibus utilizados pela empresa, sendo o primeiro um Cermava e os outros dois, diferentes Caio.

Ônibus Cermava - década de 60
(Cia. de Ônibus - acervo Antônio Sousa Guedes)

Ônibus Caio - década de 60

Ônibus Caio - década de 60

A empresa operou somente a linha 10, por muito tempo, e só de 1957 até 1963 passou também a operar a linha 102 – Saenz Peña x Largo do Machado, que anteriormente foi da Relâmpago, junto com a EMO, quando houve a troca de numeração para 405, até 1969.

De 1962 até 1963, operou a 115 – Estrada de Ferro x Laranjeiras, que era da Lubrasa e  transformou-se na 184 até 1969, quando a empresa acabou e ambas as linhas foram passadas para a EMO, empresa do grupo, devido à obrigatoriedade de uma quantidade mínima de ônibus.

[Pesquisa de Eduardo Cunha e Claudio Falcão]

domingo, 5 de julho de 2015

Transportadora Lubrasa S.A.

Ficha da Lubrasa (anos 1949-1950)

Em anúncio publicado na imprensa em outubro de 1946, a Transportadora Lubrasa S/A comunicava ao público ter adquirido a empresa ‘Independência Auto Ônibus Ltda.’, bem como todo o acervo correspondente às linhas de ônibus 81 e 82 – Grajaú x Santa Rita, que pertenciam à Viação Cruz de Malta, como veremos adiante.

(A Noite, 30/10/1946)

No início do mês seguinte, a Lubrasa divulgava novo anúncio, desta vez comunicando ter comprado à Viação Cruz de Malta as linhas acima mencionadas, 81 e 82, além de ter adquirido à firma Castro e Silva Cia. Ltda. “uma frota de dez modernos ônibus”.

(A Noite, 08/11/1946)

Mais adiante, em janeiro de 1948, outro aviso da Lubrasa era divulgado na imprensa, agora a respeito da inauguração, no dia 20 daquele mês, da linha 107 – Grajaú x Laranjeiras, com o seguinte itinerário: Rua Caruaru (esquina de Canavieiras), Av. Júlio Furtado, ruas Borda do Mato, Bambuí, Rosa e Silva, Praça Nobel, ruas Sá Viana, Barão de Mesquita, Uruguai, Conde de Bonfim, Almirante Cochrane, Mariz e Barros, Av. Presidente Vargas, Av. Rio Branco, Av. Beira-Mar, Rua do Catete, Praça Duque de Caxias (Largo do Machado), Rua das Laranjeiras e Praça General Glicério.

No mesmo anúncio a empresa aproveitava para comunicar que, a partir de 21 de janeiro, as linhas 81 e 82 passariam a ter o seu ponto terminal à Praça da Candelária.

(Diário da Noite, 21/01/1948)

Ainda no mesmo mês, a firma ‘PROPAC’ divulgava um anúncio comercial, apregoando que uma frota de Pusher Bus Reo, estava em serviço na já mencionada linha 107, da Transportadora Lubrasa S/A. Eram ônibus com diversas ‘modernidades’, tais como: teto duplo, “para isolamento térmico e refrigeração interna e do motor”; carroceria inteiriça de aço, “para maior segurança e durabilidade”; portas de comando pneumático e freios Westinghouse (ar comprimido) nas 4 rodas.

Correio da Manhã, 25/01/1948)

Ônibus da Lubrasa (linha 107 - Grajaú x Laranjeiras)
(Cia. de Ônibus - acervo Leonardo Roseira) 

Agora, em maio de 1948, mais uma inauguração era anunciada pela empresa. Tratava-se da linha 115 – Grajaú x Cosme Velho, com o seguinte itinerário: Rua Mearim, Rua Araxá, Av. Júlio Furtado, Rua Caruaru, Rua Barão de Mesquita, Praça Saenz Peña, ruas Conde de Bonfim, Haddock Lobo, Machado Coelho, Av. Presidente Vargas, Av. Rio Branco, Praça Paris, Rua do Catete, Rua Bento Lisboa, Largo do Machado, Rua das Laranjeiras e Cosme Velho.

Suas seções: Grajaú à Afonso Pena, Cr$1,00 (hum cruzeiro); Afonso Pena à Lapa, Cr$1,00 (hum cruzeiro); Estrada de Ferro ao Cosme Velho, Cr$1,00 (hum cruzeiro) e direta, Cr$2,50 (dois cruzeiros e cinquenta centavos).

(A Noite, 17/05/1948)

Segue a imagem de um recorte de jornal, de novembro de 1948, com a relação das linhas exploradas pela empresa.

(Diário da Noite, 01/11/1948)

E através da notícia de um acidente ocorrido ainda em novembro de 1948, confirmamos a existência de uma das linhas então exploradas pela Lubrasa, a 48 – Clube Naval x Laranjeiras, como os leitores poderão verificar a seguir. Esta linha pertencera à Viação Excelsior.

(Diário da Noite, 03/11/1948)

Menos de um ano depois, um grave incêndio ocorreu na garagem da empresa, à Rua Engenheiro Richard, nº 21 – Grajaú. Leiam adiante.

(Diário Carioca, 07/10/1949)

(Diário da Noite, 07/10/1949)

Em abril de 1950 a Lubrasa mandou publicar, no periódico ‘Diário Carioca’, seu relatório e contas da gestão, relativos ao ano de 1949.

(Diário Carioca, 19/04/1950)

Passando os olhos por esse relatório, verificamos que a situação da empresa já não era das melhores, tendo inclusive sido paralisadas, em junho de 1949, a circulação das linhas 48, 82 e 107, permanecendo em operação com a linha 115, porém com o mesmo trajeto da 107. E mais adiante foi paralisada também a linha 81.

Em maio de 1950 começaram a circular notícias da reintegração de posse dos ônibus ‘gostosões’, de marca Reo, da linha 115, contra a Lubrasa, que “não pagou as duplicatas” junto ao Banco da Prefeitura.

Na notícia a seguir, vejam que após o incêndio ocorrido na garagem do Grajaú, em outubro de 1949, os ônibus da empresa, que eram pintados de cinzento, passaram a circular com a cor verde, e suas linhas não mais partiam daquele bairro, mas sim da Central, indo até o Cosme Velho.

(Diário Carioca, 18/05/1950)

A Transportadora Lubrasa S/A acabou por ter sua falência decretada em junho de 1950.

(A Noite, 30/06/1950)

(Diário da Noite, 30/06/1950)

Ainda houve tempo para que ocorresse um acidente com um carro da empresa, da linha 155 (um equívoco, pois certamente era 115), Estrada de Ferro x Laranjeiras, como poderão verificar pela notícia adiante.

(A Noite, 16/08/1950)

E também a divulgação da reclamação dos moradores do Grajaú, bairro eminentemente residencial, com relação à falta de higiene, ao barulho (sobretudo o noturno) e às ameaças de incêndio, na garagem da Lubrasa.

(Correio da Manhã, 05/11/1950)

Cabe-nos aqui informar que a linha 115 passou em 1951 para a T.U.R.I. Ltda., a qual ainda será motivo de postagem aqui no blog.

[Pesquisa de Claudio Falcão e Eduardo Cunha]