Após um determinado
período de redução na quantidade de empresas de ônibus no Rio e
consequentemente do aumento do domínio dos bondes, o carioca teve a
oportunidade de paulatinamente ir vendo, em novos empresários e concessões, a
criação de algumas linhas na cidade.
Em 1923, o serviço de
ônibus tomou grande impulso com a criação da empresa ‘Bento, Lopes &
Freitas’, Empreza Nacional Auto Viação, em 22 de março. A primeira linha da
empresa foi para Vila Isabel e posteriormente foram criadas outras para
servirem a Tijuca, Andaraí e Leblon.
Em função de
informações que mostraremos adiante, acreditamos que a linha inaugural para a
Vila Isabel, como citado acima, tenha sido mudada para outro itinerário e
posteriormente teria sido criada a outra.
(Livro da Prefeitura do Distrito Federal, 1940) |
O prefeito Alaor Prata,
em 1924, alegando crescimento desordenado do setor, estabeleceu uma nova
padronização para os veículos. Essas padronizações determinaram que os veículos
deveriam ser fechados, com acessos de entrada e saída e bancos de molas com 20
lugares para duas pessoas, o que causou uma grande apreensão nos “ônibus do
Lopes”.
Uma notícia informa o
acidente de um ônibus da empresa na Rua Miguel Lemos.
(Beira Mar, 05/12/1925) |
Como podemos comprovar neste acidente mostrado, a linha que havia
para o Andaraí era da Praça XV. Em conjunto, na matéria, reclamações das
incapacidades e descortesias, de seus motoristas e condutores, entendam-se
cobradores, como eram chamados nos bondes.
(A Manhã, 27/01/1926) |
A seguir uma matéria paga – um verdadeiro ‘testamento’ –, da
direção da empresa ao prefeito do Distrito Federal, Alaor Prata, reivindicando
que a prefeitura levasse em consideração o que ela, empresa, já tinha feito
pela cidade e pela população, ao invés de ouvir solicitação de outras empresas
na concessão de novas linhas, no caso, concorrentes. Cita também haver solicitado
linhas para a Piedade e para São Cristóvão.
(A Manhã, 01/06/1926) |
Em 1927, neste anúncio, podemos ver que a empresa trocou de
razão para Empreza Nacional Auto Viação Ltda., além da inauguração de mais duas
linhas da Nacional, a Vila Isabel x Jardim Botânico – com 10 seções, de $200
(duzentos réis) – e a Andaraí x Balneário da Urca – essa com 11 seções, de $200
(duzentos réis) e também de notificação de modificações nas linhas Muda da
Tijuca x Leblon e Muda da Tijuca x Igrejinha.
A empresa rapidamente
consolidou-se como a maior do ramo, sendo que em 1926 o total de ônibus que
percorria a cidade era de 41 veículos, sendo a maioria deles da Nacional, o que
causou um frisson de preocupação da
Light, que até então só operava o serviço de bondes e estava perdendo espaço.
Porém com os acidentes
dos ônibus da empresa, sua imagem perante a opinião pública foi se
enfraquecendo. A população carioca começou a apelidá-la de “auto viração” e
“auto decapitação”.
Apesar disso tudo a
Nacional, no início de 1927, contava com 102 veículos, um respeitável número de
ônibus em uma única empresa, para as quatro linhas que operava.
(A Noite, 06/08/1926) |
Neste recorte, soubemos que sua garagem, oficinas e
escritório eram à Rua Luiz Barbosa, 72-74, em Vila Isabel, e que já possuía
seis linhas, a saber: Muda da Tijuca x Leblon; Muda da Tijuca x Igrejinha; Vila
Isabel x Jardim Botânico; Andaraí x Balneário da Urca; Club Naval x Laranjeiras
e Club Naval x Igrejinha.
(Jornal do Brasil, anuário de 1927) |
Duas imagens, mostrando modelos dos ônibus usados pela empresa em 1926-1927.
(O Globo, 29/07/1926) |
(Imagem gentilmente cedida por Edson Lucas) |
Aqui a comprovação da
incorporação da empresa em sua nova razão social, Empreza Nacional Auto Viação,
em 22 de março de 1923. Com os “ônibus do Lopes” – como ficaram conhecidos –, o
serviço expandiu-se para a zona norte da cidade. Seu sócio principal era o
empresário Manoel Lopes Ferreira, português, com uma loja de loterias na Rua do
Ouvidor.
(Livro da Prefeitura do Distrito Federal, 1940) |
Mais um exemplo da
imperícia dos motoristas da “Empresa da Morte” é esse caso mostrado de um
veículo da linha Muda x Leblon, acidentado na Av. do Mangue.
O interessante desta
matéria é o que ocorre em paralelo, descrito na matéria do jornal, sobre Luiz
Marinho Freitas, fazendo referência a ser filho do dono da empresa. Esse rapaz,
mais tarde, seria proprietário de uma empresa de ônibus: Auto Viação Cruzeiro.
(A Manhã, 27/01/1927) |
Mais um acidente
envolvendo os ônibus da empresa, desta vez da linha Vila Isabel x Jardim
Botânico, na esquina da Rua Voluntários da Pátria.
(A Manhã, 01/02/1927) |
Novo acidente
envolvendo um carro da Nacional, de linha não identificada, contra um caminhão,
na Av. Rainha Elizabeth.
(Crítica, 11/09/1929) |
Nos primeiros anos da
década de 30, entre 1931 e 1933, houve um grande crescimento no setor, com a
criação de 46 novas empresas. Através do aproveitamento de propagandas
comerciais, no caso da Gasolina Atlantic, a Nacional foi se ‘aguentando’, pois
a concorrência aumentou enormemente.
(A Noite, 17/12/1931) |
O núcleo dos primeiros
se modificou com o crescimento do setor e a empresa símbolo do período anterior
não conseguiu sobreviver à intensa competição da Light e das novas empresas
urbanas, conforme descrito no recorte abaixo, solicitando falência em 1932,
retroagindo legalmente para 29 de setembro de 1931.
Adicionalmente a esses
fatores citados, houve uma circunstância que deve ter afetado a saúde econômica
da empresa, que foi o falecimento prematuro de seu principal investidor, o empresário
Manoel Lopes Ferreira, em 1931.
Triste fim para a
primeira grande empresa carioca...
(A Noite, 14/04/1932) |
Excelente abordagem sobre a antiga Nacional (Nacional Auto Viação Ltda).
ResponderExcluirGrato.
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