Motivo
da primeira postagem do RiÔnibusAntigo, aqui os leitores poderão encontrar
alguns detalhes importantes da empresa pioneira na exploração do transporte
coletivo urbano no Rio de Janeiro. Seu endereço era a Rua Camerino, nº 39 (1), Centro do Rio.
Assim
o ‘Correio da Manhã’, periódico da então capital da República, noticiou em
julho de 1908 o passo inicial para a implantação do transporte urbano coletivo
no Rio de Janeiro, com a Empreza Auto-Avenida, há mais de um século.
Seu
primeiro proprietário e razão social foi Gastão Ferreira de Almeida Dantas,
e sua linha inicial foi Praça Mauá x Passeio Público, e também uma linha
extraordinária, Avenida Central x Praia Vermelha, onde foi instalada a
Exposição Nacional, comemorativa da abertura dos portos.
(Correio da Manhã, 04/07/1908) |
Como
ilustração, temos uma imagem de uma miniatura moderna de um modelo de ônibus da
empresa, apenas com o erro no nome, VIAÇÂO ao invés de EMPREZA. Observem o
balcão traseiro para embarque e desembarque, bem como a manivela para ativação
do motor, na frente do veículo.
Neste mesmo 1908, a
empresa é passada para Octávio da Rocha Miranda (2).
Tomamos
conhecimento de mais um serviço prestado pela empresa para quem viajava de
barcas – de Paquetá e de Governador –, e chegava à Prainha, antiga denominação
do atracadouro de barcas no centro do Rio e desejava pegar bondes no Centro da
cidade, provavelmente no Edifício Avenida Central.
(Correio da Manhã, 22/11/1908) |
Informativo
sobre a mudança de itinerário durante o Carnaval, de uma linha da empresa, conforme
a matéria a seguir.
(Jornal do Brasil, 17/02/1909) |
E
assim o ‘Jornal do Brasil’ publicava anúncio da Empreza Auto-Avenida,
‘convidando’ a população do então Distrito Federal para o espetáculo inaugural
do Theatro Municipal.
Não
era uma linha extraordinária como foi a da Exposição, mas de alguma forma
também era, pois presume-se que só circularia quando houvessem espetáculos no Teatro
Municipal.
(Jornal do Brasil, 14/07/1909) |
Conforme balanço
financeiro da empresa, aprovado em 1910, a M. Buarque & Comp., comprova ser
uma empresa sadia.
(Gazeta de Notícias, 25/05/1911) |
Em
26 de dezembro de 1911, é firmado o primeiro contrato com a Prefeitura do
Distrito Federal, estabelecendo o serviço definitivo entre a Avenida (canto da
Rua do Hospício) x Praia Vermelha.
Aqui
a razão social da empresa torna-se Octávio da Rocha Miranda e Octávio Mendes de
Oliveira Castro. O preço da passagem, por seções, não ultrapassaria $200 (duzentos
réis), podendo ser cobradas passagens a $500 (quinhentos réis) se abrangessem
três seções. Já para ida e volta, seriam $800 (oitocentos réis) (3).
Nos
recortes a seguir, a empresa notifica ao público, horários, seções e
itinerários das suas duas novas linhas, 1 – Mauá x Largo dos Leões e 2 – Mauá x
Laranjeiras (Hotel Metrópole) e também o aumento dos preços de suas
passagens.
Informa
também a futura inauguração de uma linha na Muda da Tijuca.
(Correio da Manhã, 07/07/1912) |
(O Paiz, 23/03/1913) |
Neste
mesmo 1913, a empresa inaugura uma nova linha, conforme anunciado no recorte
anterior, ligando Muda da Tijuca x Barcas. Essa linha obedeceria ao seguinte
itinerário, Caes Pharoux, Assembleia, Carioca, Largo do Rocio, Constituição,
Praça da República, Senador Eusébio, Av. do Mangue, Machado Coelho, Haddock
Lobo, Conde de Bonfim e Muda da Tijuca. Seriam duas seções, sendo a primeira
até o Estácio e a segunda até a Muda, por $200 (duzentos réis) e a direta $400
(quatrocentos réis), com horários entre 07:30 e 21:30 hs.
(O Paiz, 14/05/1913) |
Como tudo que é
bom e se preza tem concorrência, e inveja..., a Light, sentindo-se
eminentemente arriscada a perder sua hegemonia, usa suas artimanhas para ficar
no negócio e no poder. Adicionalmente causa morte a pedestres que nada têm a ver
com a concorrência dela com a Auto-Avenida.
(A Noite, 22/05/1913) |
Nestes
próximos recortes, descobrimos a existência de uma linha que já circulava –
Praça Mauá x Laranjeiras – e a inauguração de uma nova linha, Praça Mauá x
Igrejinha.
Nos recortes,
temos itinerário, seções e horários.
(A Imprensa, 16/08/1913) |
(O Imparcial, 16/08/1913) |
Começam
a perceber que os ônibus também fazem vítimas fatais. Vejam o caso.
(A Imprensa, 17/10/1913) |
Através
do próximo recorte, que anuncia a venda de um carro, identificamos a garagem da
empresa que ficava localizada na Av. da Ligação, nº 73 – atual Av. Oswaldo
Cruz, no Flamengo.
(O Imparcial, 07/07/1914) |
Já
nessa época havia movimentos para mudança do tipo de combustível usado pelos
ônibus, e a Auto-Avenida foi uma das que introduziu parcialmente esta técnica,
e acreditem, usando álcool em seus ônibus. Leiam a matéria.
(A Rua, 20/02/1915) |
O
Museu Nacional reabriu, e a Avenida provavelmente iria solicitar pedido de
concessão para uma nova linha, ligando algum ponto da Cidade à Quinta da Boa
Vista.
(A Noite, 23/08/1915) |
Após
oito anos de atendimento à população, a empresa notifica ao público a
informação a seguir, onde se subentende ter sido feito um pedido de concordata
ou falência anteriormente.
(O Paiz, 05/08/1916) |
A confirmação
deste pedido vem através desta convocação para leilão, no qual são relacionados
os itens constantes da empresa.
Foi arrematado
por Dias Tavares, que iria utilizá-lo em uma nova empresa, chamada Empresa de
Transporte, Comércio e Indústria (2).
(Jornal do Commercio, 08/08/1917) |
(1) –
Jornal do Brasil, 05 e 06/06/1911.
(2) – Site MILBUS.
(3) –
Livro da Prefeitura do Distrito Federal – 1934.
[Pesquisa de Eduardo
Cunha e Claudio Falcão]
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