domingo, 27 de outubro de 2013

Empreza Auto-Avenida

Motivo da primeira postagem do RiÔnibusAntigo, aqui os leitores poderão encontrar alguns detalhes importantes da empresa pioneira na exploração do transporte coletivo urbano no Rio de Janeiro. Seu endereço era a Rua Camerino, nº 39 (1), Centro do Rio.

Assim o ‘Correio da Manhã’, periódico da então capital da República, noticiou em julho de 1908 o passo inicial para a implantação do transporte urbano coletivo no Rio de Janeiro, com a Empreza Auto-Avenida, há mais de um século.

Seu primeiro proprietário e razão social foi Gastão Ferreira de Almeida Dantas, e sua linha inicial foi Praça Mauá x Passeio Público, e também uma linha extraordinária, Avenida Central x Praia Vermelha, onde foi instalada a Exposição Nacional, comemorativa da abertura dos portos.

(Correio da Manhã, 04/07/1908)

Como ilustração, temos uma imagem de uma miniatura moderna de um modelo de ônibus da empresa, apenas com o erro no nome, VIAÇÂO ao invés de EMPREZA. Observem o balcão traseiro para embarque e desembarque, bem como a manivela para ativação do motor, na frente do veículo.



Neste mesmo 1908, a empresa é passada para Octávio da Rocha Miranda (2).

Tomamos conhecimento de mais um serviço prestado pela empresa para quem viajava de barcas – de Paquetá e de Governador –, e chegava à Prainha, antiga denominação do atracadouro de barcas no centro do Rio e desejava pegar bondes no Centro da cidade, provavelmente no Edifício Avenida Central.

(Correio da Manhã, 22/11/1908)

Informativo sobre a mudança de itinerário durante o Carnaval, de uma linha da empresa, conforme a matéria a seguir.

(Jornal do Brasil, 17/02/1909)

E assim o ‘Jornal do Brasil’ publicava anúncio da Empreza Auto-Avenida, ‘convidando’ a população do então Distrito Federal para o espetáculo inaugural do Theatro Municipal.

Não era uma linha extraordinária como foi a da Exposição, mas de alguma forma também era, pois presume-se que só circularia quando houvessem espetáculos no Teatro Municipal.  

(Jornal do Brasil, 14/07/1909)

Conforme balanço financeiro da empresa, aprovado em 1910, a M. Buarque & Comp., comprova ser uma empresa sadia.

(Gazeta de Notícias, 25/05/1911)

Em 26 de dezembro de 1911, é firmado o primeiro contrato com a Prefeitura do Distrito Federal, estabelecendo o serviço definitivo entre a Avenida (canto da Rua do Hospício) x Praia Vermelha.

Aqui a razão social da empresa torna-se Octávio da Rocha Miranda e Octávio Mendes de Oliveira Castro. O preço da passagem, por seções, não ultrapassaria $200 (duzentos réis), podendo ser cobradas passagens a $500 (quinhentos réis) se abrangessem três seções. Já para ida e volta, seriam $800 (oitocentos réis) (3).

Nos recortes a seguir, a empresa notifica ao público, horários, seções e itinerários das suas duas novas linhas, 1 – Mauá x Largo dos Leões e 2 – Mauá x Laranjeiras (Hotel Metrópole) e também o aumento dos preços de suas passagens. 

Informa também a futura inauguração de uma linha na Muda da Tijuca.

(Correio da Manhã, 07/07/1912)

(O Paiz, 23/03/1913)

Neste mesmo 1913, a empresa inaugura uma nova linha, conforme anunciado no recorte anterior, ligando Muda da Tijuca x Barcas. Essa linha obedeceria ao seguinte itinerário, Caes Pharoux, Assembleia, Carioca, Largo do Rocio, Constituição, Praça da República, Senador Eusébio, Av. do Mangue, Machado Coelho, Haddock Lobo, Conde de Bonfim e Muda da Tijuca. Seriam duas seções, sendo a primeira até o Estácio e a segunda até a Muda, por $200 (duzentos réis) e a direta $400 (quatrocentos réis), com horários entre 07:30 e 21:30 hs.

(O Paiz, 14/05/1913)

Como tudo que é bom e se preza tem concorrência, e inveja..., a Light, sentindo-se eminentemente arriscada a perder sua hegemonia, usa suas artimanhas para ficar no negócio e no poder. Adicionalmente causa morte a pedestres que nada têm a ver com a concorrência dela com a Auto-Avenida.

(A Noite, 22/05/1913)

Nestes próximos recortes, descobrimos a existência de uma linha que já circulava – Praça Mauá x Laranjeiras – e a inauguração de uma nova linha, Praça Mauá x Igrejinha.

Nos recortes, temos itinerário, seções e horários.

(A Imprensa, 16/08/1913)

(O Imparcial, 16/08/1913)

Começam a perceber que os ônibus também fazem vítimas fatais. Vejam o caso.

(A Imprensa, 17/10/1913)

Através do próximo recorte, que anuncia a venda de um carro, identificamos a garagem da empresa que ficava localizada na Av. da Ligação, nº 73 – atual Av. Oswaldo Cruz, no Flamengo.

(O Imparcial, 07/07/1914)

Já nessa época havia movimentos para mudança do tipo de combustível usado pelos ônibus, e a Auto-Avenida foi uma das que introduziu parcialmente esta técnica, e acreditem, usando álcool em seus ônibus. Leiam a matéria.

(A Rua, 20/02/1915)

O Museu Nacional reabriu, e a Avenida provavelmente iria solicitar pedido de concessão para uma nova linha, ligando algum ponto da Cidade à Quinta da Boa Vista.

(A Noite, 23/08/1915)

Após oito anos de atendimento à população, a empresa notifica ao público a informação a seguir, onde se subentende ter sido feito um pedido de concordata ou falência anteriormente.

(O Paiz, 05/08/1916)

A confirmação deste pedido vem através desta convocação para leilão, no qual são relacionados os itens constantes da empresa.

Foi arrematado por Dias Tavares, que iria utilizá-lo em uma nova empresa, chamada Empresa de Transporte, Comércio e Indústria (2).

(Jornal do Commercio, 08/08/1917)

Referências:

(1) – Jornal do Brasil, 05 e 06/06/1911.
(2) – Site MILBUS.
(3) – Livro da Prefeitura do Distrito Federal – 1934.

[Pesquisa de Eduardo Cunha e Claudio Falcão]

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