domingo, 8 de maio de 2016

Empresa de Auto Lotações Jacaré Ltda.

Nota do Editor: Contamos com o depoimento do historiador Mauro Albuquerque, a respeito desta empresa → “O início da Jacaré em 1952 era Jacaré x Mauá, com 8 carros Ford F5, carroceria Metropolitana de madeira e 19 lugares, 3 do Sr. Pereira e os outros 5 agregados. Surgiu um desentendimento (segundo meu pai que era amigo do Pereira), o Sr. Abílio da Mosa reclamou, eles já tinham ido para as 3 linhas do Centro, mas como a garagem deles era na Rua Viúva Cláudio, eles continuaram a fazer a linha Jacaré x Mauá, com vista vermelha (extraordinário), e só usavam a linha para não ir para a cidade batendo banco e à noite para recolher sem subir vazio. Como coincidiu de nesta época a Viação Glória mudou a linha 33, Mauá x Abolição, para Quintino x Praça 15, ele aproveitou a brecha e ia passar o ponto final para a Abolição, mas como tinha poucos carros, ficou na Rua José Bonifácio até colocar mais agregados e poder levar a linha mais longe. A numeração era só de ímpares e quando vieram mais 4 carros, eram mulas Ford a óleo também e Metropolitana. Logo a seguir, acho que um ano depois, vieram os micro-ônibus Chevrolet, eram 20, todos agregados para fazer a linha 236 – José Bonifácio x Castelo. Lotações e ônibus conviveram por algum tempo, até que os lotações foram trocados por ônibus, acabou a linha da Mauá e agora com a frota de ônibus maior a linha foi esticada para Vicente de Carvalho x Castelo, só mais tarde é que foi para Coelho Neto, sempre com o número 236”.

De junho/1953 a abril/1958 → Empresa de Auto Lotações Jacaré Ltda. – Garagem de 1953 a 1962: Rua Peçanha da Silva, nº 332, Cachambi.

A primeira notícia que encontramos em jornais sobre a Empresa de Auto Lotações Jacaré Ltda. foi em setembro de 1954, referindo-se a um despacho do Prefeito, “deferido em face do parecer”, sem maiores detalhes, como o leitor poderá verificar no recorte a seguir.

(Correio da Manhã, 30/09/1954)

Em junho de 1955, o periódico ‘Gazeta de Notícias’ publicou interessante matéria sobre a empresa, na qual menciona-se que a mesma fora fundada em agosto de 1952. Contava, por ocasião da citada reportagem, com onze veículos fazendo o percurso José Bonifácio x Mauá, num total de 30 quilômetros, com a tarifa de Cr$4,00 (quatro cruzeiros). Seus dirigentes eram Manoel da Silva Pereira, Dirceu da Silva Pereira e Carlos Paes.

(Gazeta de Notícias, 29/06/1955)


Dois exemplares de fichas da empresa

Através da notícia de um acidente ocorrido com um dos seus carros, o qual teve lugar na Rua São Francisco Xavier, confirmamos que a empresa já estava circulando com a linha 236 – Vicente de Carvalho x Castelo.

(A Noite, 04/02/1957)

Pelo recorte a seguir, de novembro de 1957, tomamos ciência de que a tarifa da linha 236 já era de Cr$7,00 (sete cruzeiros), tendo na ocasião sido “arbitrariamente” extinta a seção Méier-Pavuna de Cr$3,00 (três cruzeiros) desta linha.

(Diário de Notícias, 21/11/1957)

De abril/1958 a dezembro/1965 → com a nova razão social, Auto Viação Jacaré Ltda., registro 21.0XX, cassada, e a linha 309 substituída pela Viação Estrela do Oriente S/A. – Garagem de 1962 ao fim: Av. dos Italianos, nº 1.450-A, Coelho Neto.

Já em maio de 1959, a confirmação de que explorava a linha Coelho Neto x Castelo, pelo recorte a seguir.

(Última Hora, 21/05/1959)

Em fevereiro do ano seguinte, um ex-funcionário teria ganho uma ação de indenização trabalhista contra a empresa, e na ocasião solicitou sua falência, no que foi contestado pelo Sr. Manoel da Silva Pereira, em nome da Auto Viação Jacaré.

(Correio da Manhã, 24/02/1960)

Em junho de 1960, como pode se verificar pela pequena nota adiante, a falência da empresa foi requerida por parte de uma sua credora, a Viação Redentor Ltda. Aí foi mencionado que eram sócios da Jacaré os srs. Edwaldo, José e Manoel Antunes.

(Correio da Manhã, 16/06/1960)

Mas em setembro do mesmo ano, vemos que nove ônibus da empresa foram fretados para o transporte de assistentes e de uma banda de música para o comício do Marechal Teixeira Lott, então candidato à presidência da República.

(Diário da Noite, 28/09/1960)

Ficha já com a inscrição
Auto Viação Jacaré Ltda.

Já em março de 1962, a Auto Viação Jacaré parece ter escapado da apreensão de seus ônibus, devido a um “lamentável equívoco” dos fiscais do Departamento de Concessões, que executaram por engano a apreensão de 35 veículos de uma outra empresa, a Braso Lisboa, em seguida liberados, como podemos verificar pela pequena nota adiante.

(Última Hora, 08/03/1962)

Na imagem a seguir, vemos um ônibus da linha 236, número de ordem 21020, mergulhado no canal da Av. Maracanã.

(Diário de Notícias, 18/03/1962)

Pela época do governo Carlos Lacerda, no ano de 1964, linhas de várias empresas tiveram seus itinerários modificados, na chamada ‘Operação Zona Norte’, dentre elas a Jacaré.

(Jornal do Brasil, 28/08/1964)

A última informação que obtivemos em jornais sobre a Auto Viação Jacaré Ltda., referia-se à proposição de uma ação de indenização na 6ª Vara da Fazenda Pública, do Estado da Guanabara contra a empresa, em outubro de 1964, relativa aos prejuízos causados por um ônibus que colidiu com uma ambulância.

(Última Hora, 13/10/1964)

Linhas que a empresa operou:

- em 1952/53 – lotações (s/n) – Praça Mauá x Jacaré;
- em 1954/55 – 236 – Praça Mauá x José Bonifácio;
- em 1956/57 – 236 – Castelo x Vicente de Carvalho;
- de 1957 a 1963 – 236 – Castelo x Coelho Neto, trocou de número para 309;
- em 1964/65 – 309 – Castelo x Coelho Neto – Acari, cassada e substituída pela Viação Estrela do Oriente S/A; e
- em 1959 – uma possível linha 239, fazendo Castelo x Tomás Coelho, de curta duração.

[Pesquisa de Claudio Falcão e Eduardo Cunha]