Nota do Editor: Contamos com o depoimento do historiador Mauro Albuquerque, a
respeito desta empresa → “O início da
Jacaré em 1952 era Jacaré x Mauá, com 8 carros Ford F5, carroceria
Metropolitana de madeira e 19 lugares, 3 do Sr. Pereira e os outros 5
agregados. Surgiu um desentendimento (segundo meu pai que era amigo do
Pereira), o Sr. Abílio da Mosa reclamou, eles já tinham ido para as 3 linhas do
Centro, mas como a garagem deles era na Rua Viúva Cláudio, eles continuaram a
fazer a linha Jacaré x Mauá, com vista vermelha (extraordinário), e só usavam a
linha para não ir para a cidade batendo banco e à noite para recolher sem subir
vazio. Como coincidiu de nesta época a Viação Glória mudou a linha 33, Mauá x
Abolição, para Quintino x Praça 15, ele aproveitou a brecha e ia passar o ponto
final para a Abolição, mas como tinha poucos carros, ficou na Rua José
Bonifácio até colocar mais agregados e poder levar a linha mais longe. A
numeração era só de ímpares e quando vieram mais 4 carros, eram mulas Ford a
óleo também e Metropolitana. Logo a seguir, acho que um ano depois, vieram os
micro-ônibus Chevrolet, eram 20, todos agregados para fazer a linha 236 – José
Bonifácio x Castelo. Lotações e ônibus conviveram por algum tempo, até que os
lotações foram trocados por ônibus, acabou a linha da Mauá e agora com a frota
de ônibus maior a linha foi esticada para Vicente de Carvalho x Castelo, só
mais tarde é que foi para Coelho Neto, sempre com o número 236”.
De junho/1953 a
abril/1958 → Empresa de Auto Lotações Jacaré Ltda. – Garagem de 1953 a 1962:
Rua Peçanha da Silva, nº 332, Cachambi.
A primeira
notícia que encontramos em jornais sobre a Empresa de Auto Lotações Jacaré
Ltda. foi em setembro de 1954, referindo-se a um despacho do Prefeito,
“deferido em face do parecer”, sem maiores detalhes, como o leitor poderá
verificar no recorte a seguir.
(Correio da Manhã, 30/09/1954) |
Em junho de
1955, o periódico ‘Gazeta de Notícias’ publicou interessante matéria sobre a
empresa, na qual menciona-se que a mesma fora fundada em agosto de 1952.
Contava, por ocasião da citada reportagem, com onze veículos fazendo o percurso
José Bonifácio x Mauá, num total de 30 quilômetros, com a tarifa de Cr$4,00
(quatro cruzeiros). Seus dirigentes eram Manoel da Silva Pereira, Dirceu da
Silva Pereira e Carlos Paes.
(Gazeta de Notícias, 29/06/1955) |
Dois exemplares de fichas da empresa |
Através da
notícia de um acidente ocorrido com um dos seus carros, o qual teve lugar na
Rua São Francisco Xavier, confirmamos que a empresa já estava circulando com a
linha 236 – Vicente de Carvalho x Castelo.
(A Noite, 04/02/1957) |
Pelo recorte a
seguir, de novembro de 1957, tomamos ciência de que a tarifa da linha 236 já
era de Cr$7,00 (sete cruzeiros), tendo na ocasião sido “arbitrariamente”
extinta a seção Méier-Pavuna de Cr$3,00 (três cruzeiros) desta linha.
(Diário de Notícias, 21/11/1957) |
De abril/1958 a
dezembro/1965 → com a nova razão social, Auto Viação Jacaré Ltda., registro
21.0XX, cassada, e a linha 309 substituída pela Viação Estrela do Oriente S/A.
– Garagem de 1962 ao fim: Av. dos Italianos, nº 1.450-A, Coelho Neto.
Já em maio de
1959, a confirmação de que explorava a linha Coelho Neto x Castelo, pelo
recorte a seguir.
(Última Hora, 21/05/1959) |
Em fevereiro do
ano seguinte, um ex-funcionário teria ganho uma ação de indenização trabalhista
contra a empresa, e na ocasião solicitou sua falência, no que foi contestado
pelo Sr. Manoel da Silva Pereira, em nome da Auto Viação Jacaré.
(Correio da Manhã, 24/02/1960) |
Em junho de
1960, como pode se verificar pela pequena nota adiante, a falência da empresa
foi requerida por parte de uma sua credora, a Viação Redentor Ltda. Aí foi
mencionado que eram sócios da Jacaré os srs. Edwaldo, José e Manoel Antunes.
(Correio da Manhã, 16/06/1960) |
Mas em setembro
do mesmo ano, vemos que nove ônibus da empresa foram fretados para o transporte
de assistentes e de uma banda de música para o comício do Marechal Teixeira
Lott, então candidato à presidência da República.
(Diário da Noite, 28/09/1960) |
Ficha já com a inscrição Auto Viação Jacaré Ltda. |
Já em março de
1962, a Auto Viação Jacaré parece ter escapado da apreensão de seus ônibus,
devido a um “lamentável equívoco” dos fiscais do Departamento de Concessões,
que executaram por engano a apreensão de 35 veículos de uma outra empresa, a
Braso Lisboa, em seguida liberados, como podemos verificar pela pequena nota
adiante.
(Última Hora, 08/03/1962) |
Na imagem a
seguir, vemos um ônibus da linha 236, número de ordem 21020, mergulhado no
canal da Av. Maracanã.
(Diário de Notícias, 18/03/1962) |
Pela época do
governo Carlos Lacerda, no ano de 1964, linhas de várias empresas tiveram seus
itinerários modificados, na chamada ‘Operação Zona Norte’, dentre elas a Jacaré.
(Jornal do Brasil, 28/08/1964) |
A última
informação que obtivemos em jornais sobre a Auto Viação Jacaré Ltda.,
referia-se à proposição de uma ação de indenização na 6ª Vara da Fazenda
Pública, do Estado da Guanabara contra a empresa, em outubro de 1964, relativa
aos prejuízos causados por um ônibus que colidiu com uma ambulância.
(Última Hora, 13/10/1964) |
Linhas que a
empresa operou:
- em 1952/53 –
lotações (s/n) – Praça Mauá x Jacaré;
- em 1954/55 –
236 – Praça Mauá x José Bonifácio;
- em 1956/57 –
236 – Castelo x Vicente de Carvalho;
- de 1957 a 1963
– 236 – Castelo x Coelho Neto, trocou de número para 309;
- em 1964/65 –
309 – Castelo x Coelho Neto – Acari, cassada e substituída pela Viação Estrela
do Oriente S/A; e
- em 1959 – uma
possível linha 239, fazendo Castelo x Tomás Coelho, de curta duração.
[Pesquisa de
Claudio Falcão e Eduardo Cunha]